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Fotos: Renato Weil/EM/D.A Press
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Xavier Franco cozinha legumes desidratados e frango em uma grande frigideira e serve a iguaria a alunos da Escola Infantil Educar |
O sabor da cozinha espanhola ganhou ares mineiros na manhã de terça-feira. Pitadas de solidariedade com boas doses de carinho foram os principais ingredientes do chefe catalão Xavier Franco, que preparou um prato especial para comemorar os 11 milhões de refeições gratuitas oferecidas pelo programa VitaVida, coordenado pelo Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas). A iniciativa existe desde 2003 e distribui alimentos para mais de 600 creches e asilos de Minas Gerais.
O VitaVida tem como objetivo combater a fome e o desperdício de alimentos e, para isso, conta com o apoio fundamental de produtores e comerciantes de legumes, frutas e cereais: produtos excedentes são doados ao programa, que os processa e distribui a entidades assistenciais. O evento ocorreu na fábrica do VitaVida, no terreno das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa-MG), em Contagem, na Grande BH.
Para celebrar os milhares de refeições servidas a crianças e idosos, o chefe foi um convidado especial e preparou um prato famoso que vai compor o novo livro de receitas do VitaVida: uma paella valenciana, com frango e legumes desidratados do programa. “Estou feliz por participar de uma iniciativa como essa. Nas minhas viagens pelo mundo percebo que há muito desperdício de alimentos e, portanto, esta ação é louvável. Escolhi a paella porque, além de ser um prato emblemático de meu país, o arroz é o principal ingrediente e é comum no Brasil. Isso torna a receita acessível e fácil de ser preparada nas instituições”, diz o chefe internacional. Crianças de 4 e 5 anos da Escola Infantil Educar saborearam a iguaria.
O coordenador do VitaVida, Marcelo Lana Franco, explica que, no início, os vegetais descartados pelos comerciantes eram transformados em sopa, que era distribuída em potes de 4 quilos. Mas desde 2006 os legumes passam por um processo de desidratação em escala industrial. “Com a nova técnica, conseguimos otimizar a produção e facilitar o transporte dos alimentos. Picamos batatas, cebola, cenoura e mandioca em fatias finas e, em seguida, retiramos a água, o que não altera o valor nutricional nem o sabor.”
Ele diz que depois dessa etapa basta embalar o alimento e distribuir para as instituições. Somente na unidade do VitaVida na Ceasa-MG são processados 10 toneladas de legumes, frutas e cereais por mês. Há ainda três fábricas do programa em Janaúba e Montes Claros, no Norte de Minas, e Uberaba, no Triângulo Mineiro.
Com os produtos desidratados, cozinheiras das creches e asilos podem preparar também bolos, tortas e purês. “Basta acrescentar água para hidratar os alimentos. O processo é simples e bem prático”, conclui Franco. Em todas as unidades são preparadas 80 mil refeições por mês. Para a presidente do Servas, Andrea Neves, o programa é uma rede de solidariedade. “Além de reduzir o desperdício, conseguimos saciar a fome de milhares de pessoas, mantendo o valor nutricional dos alimentos”, afirma.
Paella
Na Roma antiga, os camponeses usavam uma espécie de bandeja (patella) para fazer suas oferendas aos deuses, com o objetivo de obter boas colheitas. Em espanhol, a palavra derivou para paellera, um tipo de frigideira de ferro, rasa e grande, usada na culinária de Valência e que permite um cozimento por igual. É nessa vasilha que, desde o século 16, é preparada a paella, quando os valencianos partiam para o campo e lá cozinhavam suas refeições à base de arroz, azeite, sal e alguma caça. A iguaria ganhou fama, muitas variações e chegou às mesas mais sofisticadas. No Brasil, carne de frango, frutos do mar, tomate e açafrão são alguns
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