Coisas do Circo

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E agora?

Felizmente a comissão de inquérito é presidida por um senador de enorme dignidade e respeito.


Do alto da sua sabedoria, experiência e bom senso, Mário Soares veio dizer que o primeiro-ministro não devia responder às questões da Comissão de Inquérito ao negócio PT-TVI porque a resposta tem apenas a intenção de descredibilizar o cargo de primeiro-ministro e diminuir o peso e a importância de quem dirige as tarefas da governação. Palavras sábias as de Mário Soares, que continua a assistir, como nós, a um cortejo persecutório que abala as instituições, que afecta a honra e a dignidade do primeiro-ministro numa altura em que o País devia ser preservado deste desgaste para travar o combate difícil pela recuperação da economia, que agora se agravou com os ataques que vêm de fora e que visam fragilizar ainda mais a nossa caminhada.

Não se percebe como é possível que os partidos da oposição prossigam estas acções que criam tantas dificuldades a Portugal. Não se entende o alinhamento entre os de dentro e os de fora de Portugal para agravar a situação, adicionando obstáculos aos obstáculos já existentes. Perdeu-se o sentido do interesse nacional e prefere-se a estratégia do quanto pior, melhor. Foi anunciado que Sócrates foi ilibado no chamado caso Freeport.

E agora? Fica-se apenas pelo anúncio de que está inocente? Os milhares de textos escritos nos jornais, as múltiplas declarações nas rádios e nas televisões, as interpelações feitas com ar acusatório por centenas de pessoas, entre as quais deputados, dirigentes partidários, jornalistas, intelectuais de pacotilha, etc. com acusações e insinuações humilhantes, repetidas durante anos, ficam sem castigo? Não há desculpas a pedir? Não há responsabilidades a apurar nessa acção de ofensa e descredibilização? Como se apaga essa campanha ‘ad hominem’, essa injustiça praticada com raiva contra José Sócrates? A campanha de tentativa de aniquilamento de quem nos governa entrou noutra etapa. Acabado o Freeport vem agora a Comissão de Inquérito PT-TVI, que tem vindo a transformar-se num espectáculo indecoroso na sua sanha persecutória. Andam à procura de uma coisa que não existe e zangam-se com os depoentes quando não dizem o que lhes dá jeito ou ameaçam os que se defendem, como é o caso de Rui Pedro Soares.

A ideia peregrina de requerer as escutas do processo ‘Face Oculta’, o desejo de chamar a depor o controverso magistrado do Ministério Público de Aveiro, envolver matérias de uma nova investigação sobre o Taguspark, misturando questões de justiça com questões de política, é de bradar aos céus. Felizmente a comissão é presidida por um senador de enorme dignidade e respeito, Mota Amaral. Talvez ele consiga travar este desvario.


Emídio Rangel, Jornalista