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História desconhecida dos portugueses na Ásia: os portugueses que dominaram Hong Kong

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História desconhecida dos portugueses na Ásia: os portugueses que dominaram Hong Kong Empty História desconhecida dos portugueses na Ásia: os portugueses que dominaram Hong Kong

Mensagem por Vitor mango Sex Abr 30, 2010 6:28 am


História
desconhecida dos portugueses na Ásia: os portugueses que dominaram Hong
Kong






História desconhecida dos portugueses na Ásia: os portugueses que dominaram Hong Kong HONGKONG

Clerk's of Councils, ou seja,
Secretários Gerais da Colónia, José Maria de
Almada e Castro e seu irmão Leonardo de Almada e Castro ocuparam
durante décadas a terceira posição na hierarquia administrativa de Hong
Kong e foram decisivos para a moldagem institucional da mais importante
colónia da coroa britânica no extremo-Oriente. Conselheiros de John
Bowring, governador de Hong Kong e embaixador incumbido de negociar o
primeiro "tratado desigual" com o Sião em 1859, mantiveram-se como
influentes figuras e, depois, o clã Castro ocupou relevantes posições
até vésperas da Segunda Guerra Mundial. Não se tratou de caso isolado.
Já antes da ascensão dos Castro, outro português, Alexandre Grande-Pré,
ocupara as funções de Secretário da Colónia nos conturbados anos 40, ou
seja, imediatamente após a cedência de Hong Kong ao Reino Unido, no
desfecho da Primeira Guerra do Ópio. Grande-Pré foi depois comandante
geral da polícia.
Os britânicos, tal como acontecera em Penangue em
finais do século XVIII e em Singapura no primeiro quartel do século XIX,
tentaram compreender o funcionamento e aplicar o modelo português, tido
por mais experiente e alicerçado num profundo conhecimento dos modos e
práticas asiáticos.
Hong Kong fazia parte, em 1848, do
"império-sombra" português na Ásia. Ali funcionavam três escolas
católicas - uma para rapazes europeus, leccionando em português e
inglês; outra para raparigas e outra para chineses - e o ensino aí
praticado era considerado modelar, pois desenvolvido por "scholars" (1).
Em finais do século XIX, entre 10.000 britânicos e estrangeiros vivendo
na cidade, 1.263 eram portugueses; ou seja, 12% de elite da colónia,
pois que a massa dos quase 200.000 chineses ocupava funções modestas e
detinha acesso limitado à engrenagem do poder.
Não deixa de ser
sintomático o facto de Portugal abrir o primeiro consulado em Hong Kong
antes de quaisquer outras potências europeias presentes na Ásia e,
também, o facto do Sião ter aberto consulado em Macau anos antes de
nomear um representante em Hong Kong. No trabalho que realizo detecto
outra curiosidade: a chegada ao Sião, nas décadas de 60, 70 e 80 de
muitos portugueses de Macau, fez-se através de Hong Kong; ou seja, Hong
Kong era utilizado como agente difusor da rede informal de poder que os
portugueses possuíam há muito. Positivamente, os portugueses viviam
dentro do aparelho britânico, dominavam-lhe as fragilidades e tiravam
partido da força britânica para se candidatarem a concursos para lugares
de conselheiros junto da corte siamesa.
A defesa de Hong Kong foi,
também, desde os primeiros momentos da colonização britânica, entregue a
portugueses. Ao criar-se o Corpo de Voluntários, em 1854 -
sintomaticamente durante a governação de Bowring - com a incumbência de
proteger a cidade e manter a ordem pública, o número de portugueses
fardados e armados atingia 15% dos efectivos. Os Voluntários Portugueses
mantiveram-se como força relevante do dispositivo militar da colónia
até à invasão japonesa de Dezembro de 1941 e muitos pagaram com a vida a
defesa da sua terra, caso muito similar ao dos luso-descendentes na
Malaia Britânica (actual Malásia), que foram notados pela bravura que
demonstraram ao longo dos anos de guerrilha anti-nipónica (1942-45).
Igualmente em Xangai se constituiu um Corpo de Voluntários Portugueses,
que executava tarefas de vigilância e manutenção da ordem dentro do
perímetro da Concessão Internacional.
Para todos quantos cultivam o
miserabilismo como princípio para a análise da presença recente
portuguesa nesta paragens, estes curtos apontamentos surgem como uma
provocação. O propósito não é, evidentemente, provocar, mas contrariar
lugares-comuns e essa tremenda inibição que tem feito de nós e da nossa
historiografia um caso perdido e digno de piedade no triunfalismo
historiográfico que domina a visão anglo-saxónica. Há muito que fazer e
investigar, mas este é, creio, o caminho certo.
(1) ENDACOTT, G.B. A history of Hong Kong.
London: Oxford Press, 1964





Publicada por
Combustões


em
17:07






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