O Português
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O Português
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Em Grenoble e em Lyon concluiu-se nos últimos dois dias, um périplo que o embaixador português em França tem vindo a fazer por todas as Secções Internacionais Portuguesas em liceus franceses, onde se ensina a língua, a cultura, a história e a geografia. Trata-se de núcleos existentes (infelizmente apenas) em algumas instituições de ensino secundário francês, que contam com a colaboração do nosso Instituto Camões e com o empenhamento dos Reitores das respetivas academias.
No diálogo estabelecido com os responsáveis dessas instituições, ficou-me patente a preocupação oficial francesa em garantir um tratamento à diversidade linguística e cultural existente neste país - pelo que, ao lado do português, encontramos o árabe, o espanhol, o italiano, o alemão, etc. Com toda a simpatia que a excelente cultura anglo-saxónica nos deve merecer, creio ser evidente o interesse, comummente partilhado por Portugal e pela França, de apostar no aprofundamento da diversidade linguística à escala europeia e global, de modo a que o inglês se não converta no "template" único, dominante de forma esmagadora na formação das novas gerações.
No simpático acolhimento que um grupo de estudantes fez, em Grenoble, ao embaixador português, assisti a uma "viagem" pela sua leitura da memória dos descobrimentos, pela nossa música e literatura, para além de uma forte atenção às questões ambientais (onde o embaixador português falhou, com garbo, a dois testes a que foi sujeito...)
Em Lyon, a poesia portuguesa esteve no centro da cuidada apresentação feita pelos alunos, com uma diversidade de escolha muito interessante de poetas. Não deixei de assinalar que alguns dos autores escolhidos, como Ruy Cinnati e Reinaldo Ferreira, eram, eles próprios tributários de "viagens" de vida que haviam feito, no caso, respetivamente, por Timor e Moçambique. Também assisti - e colaborei brevemente - numa análise ao papel de Portugal no mundo contemporâneo, com os impactos da adesão à União Europeia em debate.
Ao encontrar, em todas as Secções Internacionais Portuguesas que tenho visitado, alunos de origens diversas - da Guiné ao Brasil, de Angola a Cabo Verde - cada vez mais me convenço de que é muito importante começar a trabalhar numa perspetiva lusófona alargada, aliando os autores de língua portuguesa de diversas origens, que reflitam as várias culturas que nela se exprimem. Qualquer "patrioteirismo" a que alguns possam ser tentados, pode ser que sossegue consciências, mas será apenas um mero adiar do futuro - repetindo, em triste registo, aquilo que, no passado, representou a "negação" lusa da realidade colonial. E, neste contexto, goste-se ou não, a utilização de uma matriz de expressão escrita tendencialmente comum - como a que decorre do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa - vai acabar por ser um instrumento indispensável a esta nova forma de olharmos um mundo que nos é comum.
Postado por Francisco Seixas da Costa
Em Grenoble e em Lyon concluiu-se nos últimos dois dias, um périplo que o embaixador português em França tem vindo a fazer por todas as Secções Internacionais Portuguesas em liceus franceses, onde se ensina a língua, a cultura, a história e a geografia. Trata-se de núcleos existentes (infelizmente apenas) em algumas instituições de ensino secundário francês, que contam com a colaboração do nosso Instituto Camões e com o empenhamento dos Reitores das respetivas academias.
No diálogo estabelecido com os responsáveis dessas instituições, ficou-me patente a preocupação oficial francesa em garantir um tratamento à diversidade linguística e cultural existente neste país - pelo que, ao lado do português, encontramos o árabe, o espanhol, o italiano, o alemão, etc. Com toda a simpatia que a excelente cultura anglo-saxónica nos deve merecer, creio ser evidente o interesse, comummente partilhado por Portugal e pela França, de apostar no aprofundamento da diversidade linguística à escala europeia e global, de modo a que o inglês se não converta no "template" único, dominante de forma esmagadora na formação das novas gerações.
No simpático acolhimento que um grupo de estudantes fez, em Grenoble, ao embaixador português, assisti a uma "viagem" pela sua leitura da memória dos descobrimentos, pela nossa música e literatura, para além de uma forte atenção às questões ambientais (onde o embaixador português falhou, com garbo, a dois testes a que foi sujeito...)
Em Lyon, a poesia portuguesa esteve no centro da cuidada apresentação feita pelos alunos, com uma diversidade de escolha muito interessante de poetas. Não deixei de assinalar que alguns dos autores escolhidos, como Ruy Cinnati e Reinaldo Ferreira, eram, eles próprios tributários de "viagens" de vida que haviam feito, no caso, respetivamente, por Timor e Moçambique. Também assisti - e colaborei brevemente - numa análise ao papel de Portugal no mundo contemporâneo, com os impactos da adesão à União Europeia em debate.
Ao encontrar, em todas as Secções Internacionais Portuguesas que tenho visitado, alunos de origens diversas - da Guiné ao Brasil, de Angola a Cabo Verde - cada vez mais me convenço de que é muito importante começar a trabalhar numa perspetiva lusófona alargada, aliando os autores de língua portuguesa de diversas origens, que reflitam as várias culturas que nela se exprimem. Qualquer "patrioteirismo" a que alguns possam ser tentados, pode ser que sossegue consciências, mas será apenas um mero adiar do futuro - repetindo, em triste registo, aquilo que, no passado, representou a "negação" lusa da realidade colonial. E, neste contexto, goste-se ou não, a utilização de uma matriz de expressão escrita tendencialmente comum - como a que decorre do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa - vai acabar por ser um instrumento indispensável a esta nova forma de olharmos um mundo que nos é comum.
Postado por Francisco Seixas da Costa
Viriato- Pontos : 16657
Re: O Português
Desculpe lá muito bastante o senhor embaixador, mas não me consta que o inglês genuíno (de Inglaterra) se tenha prestado a denegrir-se com acordos ortográficos e não morreu por isso. Nem o francês de França.
Por aqui é que há sempre uma tendência, a meu ver extremamente estúpida, de negarmos e abdicarmos dos símbolos, que nos identificam como nação milenar, que trouxe novos mundos ao mundo. A modernidade não justifica ferir de morte o orgulho de um povo, aduza-se lá o que se aduza para o justificar...
Por aqui é que há sempre uma tendência, a meu ver extremamente estúpida, de negarmos e abdicarmos dos símbolos, que nos identificam como nação milenar, que trouxe novos mundos ao mundo. A modernidade não justifica ferir de morte o orgulho de um povo, aduza-se lá o que se aduza para o justificar...
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Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: O Português
Estou em completo desacordo, neste tema. O português não tem a força do inglês no mundo, para se impor na chmada lusofonia. O inglês tornou-se numa língua universal. A não haver acordos, em breve, pasará a haver o português, o brasileiro, o angolano, etc, etc. Acompanho com muita regularidade a produção literária dos PALOP's (alguns de muita qualidade). E note a diferenciação crescente,tanto na fonética como na construção das frases.
Viriato- Pontos : 16657
Re: O Português
O que se fala no mundo também não é o inglês de Inglaterra nem o Francês da França, mas as suas variantes espalhadas pelo mundo e que não notamos, porque não andam sempre como nós, nessa de (des)acordos ortográficos.
Depois queixam-se dos erros de palmatória, que os jovens portugueses cometem...
Alguns exemplos:
Ainda ontem foi ao Continente...
Hoje intervi na feitura da lei
Isto é dificl ou dificel
De fato ele é bom nisto(será fato completo ou vestido?)
Deve de se dizer
e outros mimos bem piores, nos quais me não revejo, nem a tiro!
Depois queixam-se dos erros de palmatória, que os jovens portugueses cometem...
Alguns exemplos:
Ainda ontem foi ao Continente...
Hoje intervi na feitura da lei
Isto é dificl ou dificel
De fato ele é bom nisto(será fato completo ou vestido?)
Deve de se dizer
e outros mimos bem piores, nos quais me não revejo, nem a tiro!
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: O Português
Está a confundir ignorância e/ou má formação com a necessidade de alguma elascticidade para absorver novos termos que já existem na língua falada mas não estão encorporados no nosso vocabulário ou tolerados na nossa gramática. Termos como bué, escanar, deletar etc, são usados vulgarmente. A não adopcção dos mesmos tornaria o português, a médio praso, numa língua morta. O mesmo se passa com tempos e sujeitos dos verbos. A segunda pessoa do plural deixou há muito de ser usado. E creio que ainda não foi retirado. Para não falar já em consoantes mortas na dicção das palavras.
Viriato- Pontos : 16657
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