Afinal, quem era "reaccionário" ?
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Afinal, quem era "reaccionário" ?
Afinal,
quem era "reaccionário" ?
No tempo do "absolutismo", os
concelhos no reino e no Ultramar eram unidades políticas representativas
e autónomas, gozavam de privilégios, foros e liberdades, eram
governados pelas elites locais e possuiam riqueza, força negocial,
produção legislativa e autodeterminação. A simples visita de um
aristocrata, de um prelado, um juíz de fora, um cobrador de impostos, a
passagem de uma coluna militar ou a visita do Rei ou de um seu
representante careciam de autorização do corpo representativo. Quando
Lisboa se lhes impôs, passaram a ser governados do Terreiro do Paço,
foram submetidos à tributação fiscal, perderam isenções, privilégios e
liberdades, viram a representação usurpada por políticos profissionais e
por governadores. No tempo do "absolutismo", eram cidadãos de concelho
todos os homens livres maiores de idade. Quando isso acabou, o corpo
eleitoral passou a ser censitário e fixado nos limites dos beati
possidenti, dele se excluindo todos quantos não fizessem prova de posse
de propriedade e riqueza. A cidadania plasmada pela Consituição
Histórica e pela indiferenciação dos súbditos perante o Rei foi
substituída por uma abstracção de "cidadania" que ainda hoje se contenta
em enunciar direitos desligados da capacidade interventiva das pessoas.
concelhos no reino e no Ultramar eram unidades políticas representativas
e autónomas, gozavam de privilégios, foros e liberdades, eram
governados pelas elites locais e possuiam riqueza, força negocial,
produção legislativa e autodeterminação. A simples visita de um
aristocrata, de um prelado, um juíz de fora, um cobrador de impostos, a
passagem de uma coluna militar ou a visita do Rei ou de um seu
representante careciam de autorização do corpo representativo. Quando
Lisboa se lhes impôs, passaram a ser governados do Terreiro do Paço,
foram submetidos à tributação fiscal, perderam isenções, privilégios e
liberdades, viram a representação usurpada por políticos profissionais e
por governadores. No tempo do "absolutismo", eram cidadãos de concelho
todos os homens livres maiores de idade. Quando isso acabou, o corpo
eleitoral passou a ser censitário e fixado nos limites dos beati
possidenti, dele se excluindo todos quantos não fizessem prova de posse
de propriedade e riqueza. A cidadania plasmada pela Consituição
Histórica e pela indiferenciação dos súbditos perante o Rei foi
substituída por uma abstracção de "cidadania" que ainda hoje se contenta
em enunciar direitos desligados da capacidade interventiva das pessoas.
No tempo do
"absolutismo", eram portugueses de direito todos os cristãos que
vivessem nos concelhos do Reino ou do Ultramar e aceitassem os
princípios da monarquia orgânica de poder indirecto. Da costa de África
aos confins do Oriente, as comunidades auto-governavam-se, não havia
distinção de origem étnica, a posse do património público era
fiscalizado, as instituições matriciais da unidade social - o concelho e
a misericóridia - regiam-se por regimentos próprios. Quando tudo isso
foi proscrito, os naturais passaram a súbditos, logo depois colonizados e
a ideia de "português" foi varrida pelo preconceito racial. De longe
chegaram em catadupa leis, regulamentos, avisos e burocratas estranhos
ao meio e a propriedade pública e das missões foi usurpada por
administradores nomeados pelo centro do poder distante e cego.
"absolutismo", eram portugueses de direito todos os cristãos que
vivessem nos concelhos do Reino ou do Ultramar e aceitassem os
princípios da monarquia orgânica de poder indirecto. Da costa de África
aos confins do Oriente, as comunidades auto-governavam-se, não havia
distinção de origem étnica, a posse do património público era
fiscalizado, as instituições matriciais da unidade social - o concelho e
a misericóridia - regiam-se por regimentos próprios. Quando tudo isso
foi proscrito, os naturais passaram a súbditos, logo depois colonizados e
a ideia de "português" foi varrida pelo preconceito racial. De longe
chegaram em catadupa leis, regulamentos, avisos e burocratas estranhos
ao meio e a propriedade pública e das missões foi usurpada por
administradores nomeados pelo centro do poder distante e cego.
No tempo do
"absolutismo", sobretudo na sua fase final, governantes notáveis houve
que propugnaram a via da industrialização (José Acúrcio das Neves) e da
revitalização global do comércio português (Miguel de Arriaga) no quadro
da parceria luso-britânica. Portugal, através do ainda polémico tratado
de Comércio e Navegação Luso-Britânico de 1810, passou a ser, de facto,
uma economia liberal e capitalista, mercê da aplicação do alvará com
força de lei de 4 de Fevereiro de 1811, que procurou organizar o livre
comércio entre as diversas partes do império. Depois, tudo caiu nas mãos
de banqueiros, prestamistas e usurários.
"absolutismo", sobretudo na sua fase final, governantes notáveis houve
que propugnaram a via da industrialização (José Acúrcio das Neves) e da
revitalização global do comércio português (Miguel de Arriaga) no quadro
da parceria luso-britânica. Portugal, através do ainda polémico tratado
de Comércio e Navegação Luso-Britânico de 1810, passou a ser, de facto,
uma economia liberal e capitalista, mercê da aplicação do alvará com
força de lei de 4 de Fevereiro de 1811, que procurou organizar o livre
comércio entre as diversas partes do império. Depois, tudo caiu nas mãos
de banqueiros, prestamistas e usurários.
Publicada por
Combustões
em
4.7.10
1 comentários
Vitor mango- Pontos : 117360
Re: Afinal, quem era "reaccionário" ?
Quando tudo isso
foi proscrito, os naturais passaram a súbditos,
logo depois colonizados e
a ideia de "português" foi varrida pelo
preconceito racial. De longe
chegaram em catadupa leis,
regulamentos, avisos e burocratas estranhos
ao meio e a propriedade
pública e das missões foi usurpada por
administradores nomeados pelo
centro do poder distante e cego.
Vitor mango- Pontos : 117360
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