Craveiro Lopes
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Craveiro Lopes
Craveiro Lopes
O nome, agora conhecido, do próximo candidado presidencial do Partido Comunista Português, Francisco Lopes, leva a recordar que o nosso país já teve um presidente com um nome similar: Francisco Higino Craveiro Lopes.
Craveiro Lopes, um general da Força Aérea, surgiu na ribalta por virtude da morte súbita do presidente Óscar Fragoso Carmona, em 1951.
"Eleito" sob ditadura, em 1928, Carmona havia sido a resultante final dos golpes e contragolpes no seio das forças que fizeram o "28 de Maio", em 1926. O seu mandato, discretamente renovado em 1935 e 1942, viria a ser contestado, em 1949, pelo general oposicionista Norton de Matos, que desistiu antes do sufrágio. Ao que se sabe, as relações de Carmona com Salazar já não seriam as melhores, nos últimos anos de presidência, mas o velho general nunca se sentiu impelido a pôr em causa o aval que os militares, por seu intermédio, sempre deram formalmente ao Estado Novo. É que outro tipo de aval, complementar deste, e provavelmente mais eficaz na prática, era concedido ao ditador por Santos Costa, um hábil manobrador da corporação militar, que Salazar alcandorara à pasta da Defesa.
A morte de Carmona induziu no regime um tempo político muito interessante, com os monárquicos a vislumbrarem, na conjuntura, uma oportunidade para colocarem, como "rei", Duarte Nuno. Este último era um "herdeiro da coroa", oriundo da linha miguelista, ungido como candidato ao trono pelo facto do último rei efetivo, dom Manuel de Bragança, exilado desde a implantação da República, não ter deixado descendentes. Salazar, ao que parece, não nutria especial apreço pela figura de Duarte Nuno, quanto mais não fosse pelo facto de este falar um português sofrível e por ser muito duvidoso que um "estrangeirado" desconhecido pudesse vir a criar uma relação afetiva com o país, numa "restauração" realista que poderia mesmo abalar alguns equilíbrios internos do regime. Há quem entenda que Salazar, ao levar o partido único, União Nacional, a não acolher a ideia de uma reimplantação da Monarquia, optando por voltar a escolher um novo presidente, terá quebrado definitivamente o laço que, praticamente desde 1926, vinha a manter com setores da linha monárquica, numa hábil ambiguidade que havia permitido o esmagador apoio desta corrente à ditadura. Seja isto verdade ou não, o facto é que, a partir desse momento, alguns monárquicos passaram a contestar publicamente Salazar e a alinhar, com alguma regularidade, com a oposição contra o regime.
Para a "eleição" em que Craveiro Lopes foi escolhido - que decorreu já sob a égide da Guerra Fria, sem que a ditadura, recém-admitida na NATO, sofresse grande pressão internacional para a democratização - o regime considerou inelegível um oposicionista mais radical, o professor Rui Luis Gomes, e criou condições repressivas que forçaram a desistência de um general moderado, Quintão Meireles. O general da "situação" acabaria por ser, assim, o candidato único.
Francisco Craveiro Lopes revelou-se, de início, um presidente dócil, mostrando mesmo uma grande reverência face a Salazar. Tinha uma boa presença protocolar e a memória fotográfica portuguesa recorda um tempo recheado de visitas de Estado que protagonizou pelo lado português, desde a raínha Isabel II ao imperador etíope Hailé Sélassié, passando pelos presidentes brasileiros Café Filho e Juscelino Kubitschek. As suas deslocações a África ou ao Brasil (35 dias!) ficaram no imaginário de quem, por essa época, lia a "Flama" ou "O Século Ilustrado". Sinais há, porém, de que, a exemplo da distância criada com Carmona, também Craveiro Lopes, nos últimos anos do seu mandato, pode ter dado a Salazar razões políticas que aconselharam a sua não reeleição. Fala-se, em particular, do progressivo agravamento das relações do presidente com o ministro da Defesa, Santos Costa, com o primeiro a dar crescente expressão política junto de Salazar do desagrado de setores castrenses contra o segundo. Talvez por isso, em 1958, Salazar levou a União Nacional a prescindir de Craveiro Lopes e optou pelo contra-almirante Américo Tomás, que, depois de uma "eleição" contra o general oposicionista Humberto Delgado (ver aqui e aqui), haveria de ficar na chefia formal do Estado até ao 25 de Abril.
Craveiro Lopes terá ficado agastado com o seu afastamento e, após este, viria a tomar duas atitudes públicas com algum significado político. A primeira foi o seu inesperado prefácio ao livro do advogado Manuel José Homem de Melo, "Portugal, o Ultramar e o Futuro", em que subscreveu aquela que foi considerada uma proposta muito heterodoxa de nova política para as possessões africanas. A segunda atitude foi o seu aberto apoio à chamada "abrilada de 1961", a tentativa de golpe de Estado liderada pelo general Botelho Moniz, gorada por ingénuos formalismos dos seus promotores. É histórica, embora de certo modo caricata, a cena de Craveiro Lopes a entrar no Palácio da Cova da Moura, em 13 de Março de 1961, com uma mala na mão, na qual traria a sua farda de Marechal, com que tencionava reassumir as funções de chefe de Estado, após o esperado êxito do "pronunciamento".
Há uns anos, autorizei que fosse filmado no meu antigo gabinete de secretário de Estado - lugar exato onde a reunião final da conspiração de 1961 se realizou - o que julgo ter sido um "remake" desse patético momento. O último em que alguns generais das Forças Armadas portuguesas tiveram oportunidade de dar um novo rumo à política colonial, poupando o país a 13 anos de tragédia. Não o fizeram e tiveram de ser os capitães a intervir...
Postado por Francisco Seixas da Costa
O nome, agora conhecido, do próximo candidado presidencial do Partido Comunista Português, Francisco Lopes, leva a recordar que o nosso país já teve um presidente com um nome similar: Francisco Higino Craveiro Lopes.
Craveiro Lopes, um general da Força Aérea, surgiu na ribalta por virtude da morte súbita do presidente Óscar Fragoso Carmona, em 1951.
"Eleito" sob ditadura, em 1928, Carmona havia sido a resultante final dos golpes e contragolpes no seio das forças que fizeram o "28 de Maio", em 1926. O seu mandato, discretamente renovado em 1935 e 1942, viria a ser contestado, em 1949, pelo general oposicionista Norton de Matos, que desistiu antes do sufrágio. Ao que se sabe, as relações de Carmona com Salazar já não seriam as melhores, nos últimos anos de presidência, mas o velho general nunca se sentiu impelido a pôr em causa o aval que os militares, por seu intermédio, sempre deram formalmente ao Estado Novo. É que outro tipo de aval, complementar deste, e provavelmente mais eficaz na prática, era concedido ao ditador por Santos Costa, um hábil manobrador da corporação militar, que Salazar alcandorara à pasta da Defesa.
A morte de Carmona induziu no regime um tempo político muito interessante, com os monárquicos a vislumbrarem, na conjuntura, uma oportunidade para colocarem, como "rei", Duarte Nuno. Este último era um "herdeiro da coroa", oriundo da linha miguelista, ungido como candidato ao trono pelo facto do último rei efetivo, dom Manuel de Bragança, exilado desde a implantação da República, não ter deixado descendentes. Salazar, ao que parece, não nutria especial apreço pela figura de Duarte Nuno, quanto mais não fosse pelo facto de este falar um português sofrível e por ser muito duvidoso que um "estrangeirado" desconhecido pudesse vir a criar uma relação afetiva com o país, numa "restauração" realista que poderia mesmo abalar alguns equilíbrios internos do regime. Há quem entenda que Salazar, ao levar o partido único, União Nacional, a não acolher a ideia de uma reimplantação da Monarquia, optando por voltar a escolher um novo presidente, terá quebrado definitivamente o laço que, praticamente desde 1926, vinha a manter com setores da linha monárquica, numa hábil ambiguidade que havia permitido o esmagador apoio desta corrente à ditadura. Seja isto verdade ou não, o facto é que, a partir desse momento, alguns monárquicos passaram a contestar publicamente Salazar e a alinhar, com alguma regularidade, com a oposição contra o regime.
Para a "eleição" em que Craveiro Lopes foi escolhido - que decorreu já sob a égide da Guerra Fria, sem que a ditadura, recém-admitida na NATO, sofresse grande pressão internacional para a democratização - o regime considerou inelegível um oposicionista mais radical, o professor Rui Luis Gomes, e criou condições repressivas que forçaram a desistência de um general moderado, Quintão Meireles. O general da "situação" acabaria por ser, assim, o candidato único.
Francisco Craveiro Lopes revelou-se, de início, um presidente dócil, mostrando mesmo uma grande reverência face a Salazar. Tinha uma boa presença protocolar e a memória fotográfica portuguesa recorda um tempo recheado de visitas de Estado que protagonizou pelo lado português, desde a raínha Isabel II ao imperador etíope Hailé Sélassié, passando pelos presidentes brasileiros Café Filho e Juscelino Kubitschek. As suas deslocações a África ou ao Brasil (35 dias!) ficaram no imaginário de quem, por essa época, lia a "Flama" ou "O Século Ilustrado". Sinais há, porém, de que, a exemplo da distância criada com Carmona, também Craveiro Lopes, nos últimos anos do seu mandato, pode ter dado a Salazar razões políticas que aconselharam a sua não reeleição. Fala-se, em particular, do progressivo agravamento das relações do presidente com o ministro da Defesa, Santos Costa, com o primeiro a dar crescente expressão política junto de Salazar do desagrado de setores castrenses contra o segundo. Talvez por isso, em 1958, Salazar levou a União Nacional a prescindir de Craveiro Lopes e optou pelo contra-almirante Américo Tomás, que, depois de uma "eleição" contra o general oposicionista Humberto Delgado (ver aqui e aqui), haveria de ficar na chefia formal do Estado até ao 25 de Abril.
Craveiro Lopes terá ficado agastado com o seu afastamento e, após este, viria a tomar duas atitudes públicas com algum significado político. A primeira foi o seu inesperado prefácio ao livro do advogado Manuel José Homem de Melo, "Portugal, o Ultramar e o Futuro", em que subscreveu aquela que foi considerada uma proposta muito heterodoxa de nova política para as possessões africanas. A segunda atitude foi o seu aberto apoio à chamada "abrilada de 1961", a tentativa de golpe de Estado liderada pelo general Botelho Moniz, gorada por ingénuos formalismos dos seus promotores. É histórica, embora de certo modo caricata, a cena de Craveiro Lopes a entrar no Palácio da Cova da Moura, em 13 de Março de 1961, com uma mala na mão, na qual traria a sua farda de Marechal, com que tencionava reassumir as funções de chefe de Estado, após o esperado êxito do "pronunciamento".
Há uns anos, autorizei que fosse filmado no meu antigo gabinete de secretário de Estado - lugar exato onde a reunião final da conspiração de 1961 se realizou - o que julgo ter sido um "remake" desse patético momento. O último em que alguns generais das Forças Armadas portuguesas tiveram oportunidade de dar um novo rumo à política colonial, poupando o país a 13 anos de tragédia. Não o fizeram e tiveram de ser os capitães a intervir...
Postado por Francisco Seixas da Costa
Viriato- Pontos : 16657
Re: Craveiro Lopes
nao era este gajo que tinha as pernas curtas e os pes nao chegavam ao chao ?
Vitor mango- Pontos : 117360
Re: Craveiro Lopes
Vitor mango escreveu:nao era este gajo que tinha as pernas curtas e os pes nao chegavam ao chao ?
Santos Costa é que era pequenote.
Se chegava com os pés ao chão, ignoro, mas tengo a certeza de que este, José Augusto Seabra, não chegava mesmo!!!
http://cvc.instituto-camoes.pt/figuras/jaseabra.html
_________________
Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: Craveiro Lopes
João Ruiz escreveu:Vitor mango escreveu:nao era este gajo que tinha as pernas curtas e os pes nao chegavam ao chao ?
Santos Costa é que era pequenote.
Se chegava com os pés ao chão, ignoro, mas tengo a certeza de que este, José Augusto Seabra, não chegava mesmo!!!
http://cvc.instituto-camoes.pt/figuras/jaseabra.html
o Santos costa nao era o chefe dos militares ?
O tal que garantia ao povo Portugues
As eleiçoes vao ser livres mas se o zalazar perder ka esta o exercito para meter a Ordem na Ordem
Vitor mango- Pontos : 117360
Re: Craveiro Lopes
Santos Costa foi Ministro da Guerra, depois de ter sido Subsecretário de Estado da Guerra.
Foi um dos mais estreitos colaboradores do então Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, permanecendo 22 anos no cargo.
Morreu em 1982.
Foi um dos mais estreitos colaboradores do então Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, permanecendo 22 anos no cargo.
Morreu em 1982.
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: Craveiro Lopes
João Ruiz escreveu:Santos Costa foi Ministro da Guerra, depois de ter sido Subsecretário de Estado da Guerra.
Foi um dos mais estreitos colaboradores do então Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, permanecendo 22 anos no cargo.
Morreu em 1982.
era brutus que nem umas PORtas ( sdalvo o Paulo )
Vitor mango- Pontos : 117360
Re: Craveiro Lopes
Vitor mango escreveu:João Ruiz escreveu:Santos Costa foi Ministro da Guerra, depois de ter sido Subsecretário de Estado da Guerra.
Foi um dos mais estreitos colaboradores do então Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, permanecendo 22 anos no cargo.
Morreu em 1982.
era brutus que nem umas PORtas ( sdalvo o Paulo )
Ó senhor Administrador!
Aprenda lá a escrever no que é seu, que eu não disse nada disso do senhor ministro, que era um "anjo de candura", daqueles que só vão à martelada!!!
_________________
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: Craveiro Lopes
kem citou foi o sistema nao o mangoJoão Ruiz escreveu:Vitor mango escreveu:João Ruiz escreveu:Santos Costa foi Ministro da Guerra, depois de ter sido Subsecretário de Estado da Guerra.
Foi um dos mais estreitos colaboradores do então Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, permanecendo 22 anos no cargo.
Morreu em 1982.
era brutus que nem umas PORtas ( sdalvo o Paulo )
Ó senhor Administrador!
Aprenda lá a escrever no que é seu, que eu não disse nada disso do senhor ministro, que era um "anjo de candura", daqueles que só vão à martelada!!!
Vitor mango- Pontos : 117360
Re: Craveiro Lopes
Vitor mango escreveu:kem citou foi o sistema nao o mangoJoão Ruiz escreveu:Vitor mango escreveu:João Ruiz escreveu:Santos Costa foi Ministro da Guerra, depois de ter sido Subsecretário de Estado da Guerra.
Foi um dos mais estreitos colaboradores do então Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, permanecendo 22 anos no cargo.
Morreu em 1982.
era brutus que nem umas PORtas ( sdalvo o Paulo )
Ó senhor Administrador!
Aprenda lá a escrever no que é seu, que eu não disse nada disso do senhor ministro, que era um "anjo de candura", daqueles que só vão à martelada!!!
Mas não citou, com a sua frase lá dentro, pois não?!
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: Craveiro Lopes
Nao me chamem administrador carago
DSou e sempre fui de opiniao que um administrador nao deve meter aqui paleio noticiosos ou de opiniao porque ele o administrador deve ser santo isento e teso ( pobrezinho ) como mandam os camonis para nao ser influenciado pelos Lobbys ( gays incluidos )
~Igualmente o mister mango assume-se e assume os nicks expostos pelo que a tentativa da Zab ter incluido em cima do mango um nome verdadeiro é nao sabr jogar o jogo expostos
Um nick é uma aposta nuam +ersonagem que criamos so e apenas para
E essa personagem pega ou nao pega
Se pega pegou senao fabricamos outra
O " carvalho negro " é um nick primeiros do Expresso online que tem, um blog chamado Carvalhadas
Troquei com ele varios emails
O blog esta cheio de link que como sabem ajusta os valores da page rank ( coisa que nao faço ) porque estou muito mais interessado saber quem e quantos visitam o forum e onde assentam el ku em frente do paleio
em boa verdade vos digo se este forum tivesse milhares de entradas todo o paleio teria que ser outro e a sao convivio de troca de galhardetes era bombardeados com lobbys e gente frustada a tentar atingir a canela
O oposto ...escrever para as moscas bye bye tambem nao serve os interesses da Naçom
amen
DSou e sempre fui de opiniao que um administrador nao deve meter aqui paleio noticiosos ou de opiniao porque ele o administrador deve ser santo isento e teso ( pobrezinho ) como mandam os camonis para nao ser influenciado pelos Lobbys ( gays incluidos )
~Igualmente o mister mango assume-se e assume os nicks expostos pelo que a tentativa da Zab ter incluido em cima do mango um nome verdadeiro é nao sabr jogar o jogo expostos
Um nick é uma aposta nuam +ersonagem que criamos so e apenas para
E essa personagem pega ou nao pega
Se pega pegou senao fabricamos outra
O " carvalho negro " é um nick primeiros do Expresso online que tem, um blog chamado Carvalhadas
Troquei com ele varios emails
O blog esta cheio de link que como sabem ajusta os valores da page rank ( coisa que nao faço ) porque estou muito mais interessado saber quem e quantos visitam o forum e onde assentam el ku em frente do paleio
em boa verdade vos digo se este forum tivesse milhares de entradas todo o paleio teria que ser outro e a sao convivio de troca de galhardetes era bombardeados com lobbys e gente frustada a tentar atingir a canela
O oposto ...escrever para as moscas bye bye tambem nao serve os interesses da Naçom
amen
Vitor mango- Pontos : 117360
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