Tântalo
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Noticias observadas DAS GALAXIAS SOBRE O PLANETA TERRA
Página 1 de 1
Tântalo
Tântalo
Cada vez mais barões sucumbem ao suplício de Tântalo. Desejosos de aceder ao banquete do poder, atiçados pela fome prolongada de cargos e prebendas, dispõem-se a todas as ginásticas, dizendo à tarde o contrário do que disseram de manhã.
Mais uma semana tantalisante terminou com a frustração de, afinal, o homem continuar a resistir à intervenção externa e pior para eles, continuar a ter apoio lá fora.
Olhos a brilharem de cobiça, boca seca à espera do néctar e da ambrósia, multiplicam-se em declarações de impaciência. Começa a ser trivial. Primeiro o crescendo de esperança até ao primeiro leilão do ano, agora, o desejo bem explícito de que Ângela desejasse um outro vizinho a seu lado na mesa europeia. Arrefecidos os ânimos com mais uma frustração, a cena irá repetir-se no final do mês. Admito até que façam figas para que a sua parente política perca as eleições de Baden-Wurtenberg para, de uma vez para sempre, se recolher às posições duras e pouco europeias que o seu eleitorado tanto acarinha e imponha a Portugal o castigo dos insubmissos.
Este comportamento contrasta com o dos mais astutos: reclamar o poder já, mesmo com todas as culpas assacadas ao PS, pode ser uma saída do espeto para entrada na caçoila. Perante o crescendo de problemas e a escassez de soluções, o noivado político seria breve, tal como se passou no Reino Unido. Errando entre dois caminhos, a alternativa perde-se, desforrando-se os barões mais esfomeados em urros atroadores. Por quanto tempo mais resistirão como Tântalo, à água que se esvai e aos frutos abundantes que o vento afasta de cada vez que a sede e fome apertam, é uma questão sem resposta. Neste percurso binário entre a impaciência e a astúcia começam a vir a público os que, pregando contenção, antevêem já a oportunidade para baldear dirigentes em que nunca acreditaram.
O resultado de tudo isto é a descrença progressiva na alternativa. E o regresso do olhar intranquilo dos Portugueses àqueles que já conhece e que sabe que o servem sem ambição mesquinha, certamente com erros e angústias, mas sem lhe apresentarem um caminho inçado de desigualdades e de negocismo.
A confiança no olhar só se reafirma se as políticas austeras continuarem, na linha da rudeza socialmente temperada, cortando na gordura para deixar o músculo liberto. Convém pois, que as medidas anunciadas, sejam elas vinte, cinquenta ou cem, dêem mostras de estarem a ser acompanhadas. Falaremos então de outras coisas, que estas nos prendem demais.
____
António Correia de Campos, Deputado do PS ao Parlamento Europeu
Cada vez mais barões sucumbem ao suplício de Tântalo. Desejosos de aceder ao banquete do poder, atiçados pela fome prolongada de cargos e prebendas, dispõem-se a todas as ginásticas, dizendo à tarde o contrário do que disseram de manhã.
Mais uma semana tantalisante terminou com a frustração de, afinal, o homem continuar a resistir à intervenção externa e pior para eles, continuar a ter apoio lá fora.
Olhos a brilharem de cobiça, boca seca à espera do néctar e da ambrósia, multiplicam-se em declarações de impaciência. Começa a ser trivial. Primeiro o crescendo de esperança até ao primeiro leilão do ano, agora, o desejo bem explícito de que Ângela desejasse um outro vizinho a seu lado na mesa europeia. Arrefecidos os ânimos com mais uma frustração, a cena irá repetir-se no final do mês. Admito até que façam figas para que a sua parente política perca as eleições de Baden-Wurtenberg para, de uma vez para sempre, se recolher às posições duras e pouco europeias que o seu eleitorado tanto acarinha e imponha a Portugal o castigo dos insubmissos.
Este comportamento contrasta com o dos mais astutos: reclamar o poder já, mesmo com todas as culpas assacadas ao PS, pode ser uma saída do espeto para entrada na caçoila. Perante o crescendo de problemas e a escassez de soluções, o noivado político seria breve, tal como se passou no Reino Unido. Errando entre dois caminhos, a alternativa perde-se, desforrando-se os barões mais esfomeados em urros atroadores. Por quanto tempo mais resistirão como Tântalo, à água que se esvai e aos frutos abundantes que o vento afasta de cada vez que a sede e fome apertam, é uma questão sem resposta. Neste percurso binário entre a impaciência e a astúcia começam a vir a público os que, pregando contenção, antevêem já a oportunidade para baldear dirigentes em que nunca acreditaram.
O resultado de tudo isto é a descrença progressiva na alternativa. E o regresso do olhar intranquilo dos Portugueses àqueles que já conhece e que sabe que o servem sem ambição mesquinha, certamente com erros e angústias, mas sem lhe apresentarem um caminho inçado de desigualdades e de negocismo.
A confiança no olhar só se reafirma se as políticas austeras continuarem, na linha da rudeza socialmente temperada, cortando na gordura para deixar o músculo liberto. Convém pois, que as medidas anunciadas, sejam elas vinte, cinquenta ou cem, dêem mostras de estarem a ser acompanhadas. Falaremos então de outras coisas, que estas nos prendem demais.
____
António Correia de Campos, Deputado do PS ao Parlamento Europeu
Viriato- Pontos : 16657
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Noticias observadas DAS GALAXIAS SOBRE O PLANETA TERRA
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos