afinal Luisa de Gusmão era a mao de ferro enquanto o rei....
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afinal Luisa de Gusmão era a mao de ferro enquanto o rei....
MARTIN PAGE A PRIMEIRA ALDEIA GLOBAL
Filipe III de Portugal e IV de Espanha. Nunca pôs os pés em Portugal e considerava uma aberração que fossem permitidos aos portugueses privilégios que eram negados a outras nações que tinham ficado sob o domínio da coroa espanhola. A Andaluzia e a Catalunha, por exemplo, eram governadas a partir de Castela, e de forma autoritária, pelo seu primeiro-ministro, o duque de Olivares.
Este estilo de monarquia conduziu a uma opressão generalizada em toda a Península Ibérica. Os catalães foram os primeiros a rebelarem-se, levantando-se contra a coroa espanhola com armas fornecidas pelo cardeal Richelieu. O rei D. Filipe ordenou aos portugueses que reunissem um exército de 1000 homens, para irem à Catalunha ajudar a dominar a insurreição. Quase logo a seguir, o cardeal Richelieu enviou um agente secreto a Lisboa, oferecendo armas para serem utilizadas numa insurreição contra os espanhóis. Um grupo de nobres visitou o duque de Bragança, o qual, sendo descendente de um ramo ilegítimo da Casa de Avis, seria por nascimento o riais plausível pretendente ao trono de um Portugal novamente independente. Só que não era um líder nato. Vivia num agradável palácio rural, em Vila Viçosa, no Norte do Alentejo. Dedicava-se à caça do javali e tinha uma enorme coutada murada por detrás do palácio. Era também um apaixonado e talentoso compositor amador de música sacra. O Adeste Fidelis é-lhe atribuído, ainda que haja quem diga que ele foi plagiado de um compositor inglês.
Quando os nobres consideraram que era chegada a hora da revolta
contra o domínio espanhol, sobretudo porque não tinham tropas de
reserva, o duque recusou-se a aderir. Foi, então, que a mulher, Luísa
de Gusmão, uma aristocrata andaluza, ao saber do conluio, terá decla-
rado: «Mais vale ser rainha por um dia do que duquesa toda a vida.»
Às nove da manhã do dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo
de aristocratas armados, juntamente com os seus criados, também
armados, reuniram-se no Terreiro do Paço e irromperam pelas esca-
das do palácio. Miguel de Vasconcelos, a mais alta entidade portu-
guesa, considerado pelos revoltosos como o principal traidor à pátria,
foi assassinado quase imediatamente e o seu corpo atirado pela janela.
A duquesa de Mântua, regente do reino, pediu ajuda, que não che-
gou. Detida e levada para um convento, no campo, aí foi mantida em
reclusão. Vários altos dignitários pró-espanhóis foram também deti-
O arcebispo de Braga, apodado de colaborador dos espanhóis, morreu na prisão. O inquisidor-mor foi feito prisioneiro com fundamento
• em idêntica acusação, mas veio a ser libertado, como resultado da pressão de Roma. Todos estes acontecimentos foram ocultados ao duque de Bragança, por receio da sua total falta de ambição. Contudo, o golpe teve êxito e 15 dias mais tarde, numa plataforma erigida ao ar livre, no Terreiro do Paço, o duque foi aclamado rei, com o nome de D. João IV
Entre os tributos prestados ao novo rei encontrava-se um livro
F :; da autoria do irmão Bernardo de Brito, intitulado Monarquia Lusitana. Visto assim, à distância, o seu servilismo parece próximo do sacrilégio. No contexto da época, no entanto, não era de todo assim. Para Bernardo, Deus tinha concebido Portugal mesmo antes de ter
r .. tido a ideia de criar a Terra. O rei D. João tinha sido ungido por Deus. O seu destino era tornar-se imperador do novo Reino de Deus na
Terra.
.., Não foi tanto o governo de D. João, mas o da sua mulher, D. Luísa, que, após 15 anos de poder ao lado do trono, se tornou, em 1656, regente do reino. E assim se manteve, mesmo quando o filho, Afonso VI, se tornou rei, já que ele sofria de uma deficiência mental: comia no chão, tinha ataques de mau génio, frequentava as
•tavernas de Lisboa, onde se embebedava e se envolvia em rixas, tendo, ocasionalmente, ao que consta, matado algumas pessoas em brigas, com impunidade. Foi obrigado a renunciar ao trono e exilado, em
• Sintra, primeiro, e, depois, nos Açores.
Foram grandes os desafios que D. Luísa teve de enfrentar. Portugal não tinha efectivamente exército e a marinha fora destruída, aquando da Armada Invencível. O Tesouro estava quase vazio. O facto é que os franceses não enviaram qualquer auxílio, a não ser uma princesa menor de idade, que casou, primeiro com D. Afonso, e, depois, com o irmão mais novo e sucessor, D. Pedro II. Os holandeses, a quem tinha sido pedida ajuda, optaram, antes, por atacar os barcos mercantes portugueses e apoderarem-se de Malaca.
Sob pressão espanhola, o Papa Urbano VII limitou-se a reconhecer
Portugal como uma província de Espanha. Os embaixadores por- que foram enviados a Roma, tiveram de optar por um
Filipe III de Portugal e IV de Espanha. Nunca pôs os pés em Portugal e considerava uma aberração que fossem permitidos aos portugueses privilégios que eram negados a outras nações que tinham ficado sob o domínio da coroa espanhola. A Andaluzia e a Catalunha, por exemplo, eram governadas a partir de Castela, e de forma autoritária, pelo seu primeiro-ministro, o duque de Olivares.
Este estilo de monarquia conduziu a uma opressão generalizada em toda a Península Ibérica. Os catalães foram os primeiros a rebelarem-se, levantando-se contra a coroa espanhola com armas fornecidas pelo cardeal Richelieu. O rei D. Filipe ordenou aos portugueses que reunissem um exército de 1000 homens, para irem à Catalunha ajudar a dominar a insurreição. Quase logo a seguir, o cardeal Richelieu enviou um agente secreto a Lisboa, oferecendo armas para serem utilizadas numa insurreição contra os espanhóis. Um grupo de nobres visitou o duque de Bragança, o qual, sendo descendente de um ramo ilegítimo da Casa de Avis, seria por nascimento o riais plausível pretendente ao trono de um Portugal novamente independente. Só que não era um líder nato. Vivia num agradável palácio rural, em Vila Viçosa, no Norte do Alentejo. Dedicava-se à caça do javali e tinha uma enorme coutada murada por detrás do palácio. Era também um apaixonado e talentoso compositor amador de música sacra. O Adeste Fidelis é-lhe atribuído, ainda que haja quem diga que ele foi plagiado de um compositor inglês.
Quando os nobres consideraram que era chegada a hora da revolta
contra o domínio espanhol, sobretudo porque não tinham tropas de
reserva, o duque recusou-se a aderir. Foi, então, que a mulher, Luísa
de Gusmão, uma aristocrata andaluza, ao saber do conluio, terá decla-
rado: «Mais vale ser rainha por um dia do que duquesa toda a vida.»
Às nove da manhã do dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo
de aristocratas armados, juntamente com os seus criados, também
armados, reuniram-se no Terreiro do Paço e irromperam pelas esca-
das do palácio. Miguel de Vasconcelos, a mais alta entidade portu-
guesa, considerado pelos revoltosos como o principal traidor à pátria,
foi assassinado quase imediatamente e o seu corpo atirado pela janela.
A duquesa de Mântua, regente do reino, pediu ajuda, que não che-
gou. Detida e levada para um convento, no campo, aí foi mantida em
reclusão. Vários altos dignitários pró-espanhóis foram também deti-
O arcebispo de Braga, apodado de colaborador dos espanhóis, morreu na prisão. O inquisidor-mor foi feito prisioneiro com fundamento
• em idêntica acusação, mas veio a ser libertado, como resultado da pressão de Roma. Todos estes acontecimentos foram ocultados ao duque de Bragança, por receio da sua total falta de ambição. Contudo, o golpe teve êxito e 15 dias mais tarde, numa plataforma erigida ao ar livre, no Terreiro do Paço, o duque foi aclamado rei, com o nome de D. João IV
Entre os tributos prestados ao novo rei encontrava-se um livro
F :; da autoria do irmão Bernardo de Brito, intitulado Monarquia Lusitana. Visto assim, à distância, o seu servilismo parece próximo do sacrilégio. No contexto da época, no entanto, não era de todo assim. Para Bernardo, Deus tinha concebido Portugal mesmo antes de ter
r .. tido a ideia de criar a Terra. O rei D. João tinha sido ungido por Deus. O seu destino era tornar-se imperador do novo Reino de Deus na
Terra.
.., Não foi tanto o governo de D. João, mas o da sua mulher, D. Luísa, que, após 15 anos de poder ao lado do trono, se tornou, em 1656, regente do reino. E assim se manteve, mesmo quando o filho, Afonso VI, se tornou rei, já que ele sofria de uma deficiência mental: comia no chão, tinha ataques de mau génio, frequentava as
•tavernas de Lisboa, onde se embebedava e se envolvia em rixas, tendo, ocasionalmente, ao que consta, matado algumas pessoas em brigas, com impunidade. Foi obrigado a renunciar ao trono e exilado, em
• Sintra, primeiro, e, depois, nos Açores.
Foram grandes os desafios que D. Luísa teve de enfrentar. Portugal não tinha efectivamente exército e a marinha fora destruída, aquando da Armada Invencível. O Tesouro estava quase vazio. O facto é que os franceses não enviaram qualquer auxílio, a não ser uma princesa menor de idade, que casou, primeiro com D. Afonso, e, depois, com o irmão mais novo e sucessor, D. Pedro II. Os holandeses, a quem tinha sido pedida ajuda, optaram, antes, por atacar os barcos mercantes portugueses e apoderarem-se de Malaca.
Sob pressão espanhola, o Papa Urbano VII limitou-se a reconhecer
Portugal como uma província de Espanha. Os embaixadores por- que foram enviados a Roma, tiveram de optar por um
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Re: afinal Luisa de Gusmão era a mao de ferro enquanto o rei....
O rei D. Filipe ordenou aos portugueses que reunissem um exército de 1000 homens, para irem à Catalunha ajudar a dominar a insurreição. Quase logo a seguir, o cardeal Richelieu enviou um agente secreto a Lisboa, oferecendo armas para serem utilizadas numa insurreição contra os espanhóis. Um grupo de nobres visitou o duque de Bragança, o qual, sendo descendente de um ramo ilegítimo da Casa de Avis, seria por nascimento o riais plausível pretendente ao trono de um Portugal novamente independente. Só que não era um líder nato
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Re: afinal Luisa de Gusmão era a mao de ferro enquanto o rei....
Foi, então, que a mulher, Luísa
de Gusmão, uma aristocrata andaluza, ao saber do conluio, terá decla-
rado: «Mais vale ser rainha por um dia do que duquesa toda a vida.»
Às nove da manhã do dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo
de aristocratas armados, juntamente com os seus criados, também
armados, reuniram-se no Terreiro do Paço e irromperam pelas esca-
das do palácio. Miguel de Vasconcelos, a mais alta entidade portu-
guesa, considerado pelos revoltosos como o principal traidor à pátria,
afinal a madame era da Andaluzia
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Re: afinal Luisa de Gusmão era a mao de ferro enquanto o rei....
, Não foi tanto o governo de D. João, mas o da sua mulher, D. Luísa, que, após 15 anos de poder ao lado do trono, se tornou, em 1656, regente do reino. E assim se manteve, mesmo quando o filho, Afonso VI, se tornou rei, já que ele sofria de uma deficiência mental: comia no chão, tinha ataques de mau génio, frequentava as
•tavernas de Lisboa, onde se embebedava e se envolvia em rixas, tendo, ocasionalmente, ao que consta, matado algumas pessoas em brigas, com impunidade. Foi obrigado a renunciar ao trono e exilado, em
• Sintra, primeiro, e, depois, nos Açores.
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Re: afinal Luisa de Gusmão era a mao de ferro enquanto o rei....
amen
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