Os "novos milionários" da Faixa de Gaza*
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Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Professor Dr e mister Mokas faz a analise do Mundo
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Os "novos milionários" da Faixa de Gaza*
Os "novos milionários" da Faixa de Gaza*
Desenho da Middle East Children's Alliance
Há anos que as forças de segurança israelitas (IDF) impõem um
bloqueio impiedoso à Faixa de Gaza, sendo este o principal factor
responsável pela deterioração das condições de vida dos palestinianos
que vivem naquele enclave.
Um bloqueio que, até ao Verão de 2010, permitia apenas a entrada de
alguns alimentos básicos e medicamentos. Nessa altura, devido à pressão
internacional no seguimento do incidente que envolveu o assalto militar
israelita à flotilha humanitária turca, o Governo hebraico aligeirou o
cerco, permitindo a entrada de uma maior variedade de bens de consumo.
Mas o controlo continuou a ser muito restrito, impedindo a entrada de
materiais essenciais para a reconstrução e recuperação de um enclave
totalmente asfixiado e parcialmente destruído, sobretudo a partir do
momento em que o conflito israelo-palestiniano voltou a aquecer com o
início da intifada de al Aqsa, em Setembro de 2000.
As três semanas de bombardeamentos israelitas no Inverno de 2008/2009
(Operação “Cast Lead”) vieram lançar ainda mais caos sobre os
principais centros urbanos: a cidade de Gaza, Khan Yunis e Rafah. Mais
de seis mil casas foram destruídas, assim como quase duzentas estufas.
Contaram-se para cima de 900 crateras em estradas e ruas provocadas pelo
impacto das bombas israelitas, 25 milhões de dólares em estragos nas
universidades, mais de 35 mil cabeças de gado e um milhão de aves
mortas. Dezassete por cento da área cultivável foi destruída.
Fonte: Relatório "Gaza in 2020: A liveable place?"/UNRWA
O Governo hebraico justificou a sua acção bélica com os mesmos
argumentos com que tem sustentado o bloqueio: os lançamentos constantes
de morteiros, por parte de militantes do Hamas, sobre zonas israelitas
contíguas ao enclave, e a incursão de terroristas suicidas no território
judaico.
É com base neste receio que o Governo israelita mantém a proibição de
entrada e saída de palestinianos de Gaza, apenas em casos específicos
ou de emergência médica. O autor destas linhas chegou a ouvir
testemunhos de palestinianos na Cisjordânia a lamentarem-se pelo facto
de já não visitarem familiares seus na Faixa de Gaza há muito tempo, por
causa de não poderem circular em Israel nem entrar no enclave.
A verdade é que nestes doze anos, desde o início da intifada de al
Aqsa, que entretanto terminou, os palestinianos de Gaza estão
praticamente entregues à sua sorte, valendo-lhes o apoio das
instituições sociais do Hamas e de algumas ONG.
Em Agosto, as Nações Unidas divulgaram um relatório importante, “Gaza
in 2020: A liveable place?”, no qual lançaram o alerta: Gaza não será
“habitável” em 2020 a não ser que se actue urgentemente em áreas como o
saneamento básico, o abastecimento de água potável, o fornecimento de
electricidade, a saúde ou o ensino.
O documento da agência da ONU de apoio aos refugiados palestinianos
(UNRWA) estima que nos próximos oito anos a população da Faixa de Gaza
chegue aos 2,1 milhões, mais 500 mil pessoas que actualmente.
Apesar da economia ter crescido nos últimos anos, os palestinianos
vivem em média pior do que nos anos 90, onde o rendimento per capita era
superior ao do ano passado.
Esta aparente contradição explica-se pelo facto desse crescimento
estar focado na construção, como foi aliás abordado no primeiro texto
desta série, e não em sectores produtivos e sustentáveis da economia.
E uma vez que não é a população em geral a ganhar os dividendos do
crescimento (pelo contrário), alguém há de estar a fazer dinheiro na
Faixa de Gaza. Ou melhor dizendo, alguns homens bastante ricos, próximos
do Hamas.
Citado pela BBC News, Omar Shabban, economista do think thank Palthink,
baseado em Gaza, refere que devem existir actualmente entre 100 a 200
“novos milionários” que juntaram muito dinheiro em pouco tempo e que
devem fazer 2 milhões de dólares de dois em dois meses.
Estes homens têm usufruído do “boom” da construção e de toda uma
economia paralela que é alimentada pelas centenas de túneis que existem
entre a Faixa de Gaza e o Egipto, pelos quais é contrabandeado todo o
tipo de materiais provenientes do território egípcio. Um tema a ser
analisado no terceiro e último texto desta série.
*Este é o segundo de três textos sobre a Faixa de Gaza
O sonho perdido de Arafat (1)
tags: faixa de gaza, hamas, médio oriente
Publicado por Alexandre Guerra às 20:21
link do post | comentar
Desenho da Middle East Children's Alliance
Há anos que as forças de segurança israelitas (IDF) impõem um
bloqueio impiedoso à Faixa de Gaza, sendo este o principal factor
responsável pela deterioração das condições de vida dos palestinianos
que vivem naquele enclave.
Um bloqueio que, até ao Verão de 2010, permitia apenas a entrada de
alguns alimentos básicos e medicamentos. Nessa altura, devido à pressão
internacional no seguimento do incidente que envolveu o assalto militar
israelita à flotilha humanitária turca, o Governo hebraico aligeirou o
cerco, permitindo a entrada de uma maior variedade de bens de consumo.
Mas o controlo continuou a ser muito restrito, impedindo a entrada de
materiais essenciais para a reconstrução e recuperação de um enclave
totalmente asfixiado e parcialmente destruído, sobretudo a partir do
momento em que o conflito israelo-palestiniano voltou a aquecer com o
início da intifada de al Aqsa, em Setembro de 2000.
As três semanas de bombardeamentos israelitas no Inverno de 2008/2009
(Operação “Cast Lead”) vieram lançar ainda mais caos sobre os
principais centros urbanos: a cidade de Gaza, Khan Yunis e Rafah. Mais
de seis mil casas foram destruídas, assim como quase duzentas estufas.
Contaram-se para cima de 900 crateras em estradas e ruas provocadas pelo
impacto das bombas israelitas, 25 milhões de dólares em estragos nas
universidades, mais de 35 mil cabeças de gado e um milhão de aves
mortas. Dezassete por cento da área cultivável foi destruída.
Fonte: Relatório "Gaza in 2020: A liveable place?"/UNRWA
O Governo hebraico justificou a sua acção bélica com os mesmos
argumentos com que tem sustentado o bloqueio: os lançamentos constantes
de morteiros, por parte de militantes do Hamas, sobre zonas israelitas
contíguas ao enclave, e a incursão de terroristas suicidas no território
judaico.
É com base neste receio que o Governo israelita mantém a proibição de
entrada e saída de palestinianos de Gaza, apenas em casos específicos
ou de emergência médica. O autor destas linhas chegou a ouvir
testemunhos de palestinianos na Cisjordânia a lamentarem-se pelo facto
de já não visitarem familiares seus na Faixa de Gaza há muito tempo, por
causa de não poderem circular em Israel nem entrar no enclave.
A verdade é que nestes doze anos, desde o início da intifada de al
Aqsa, que entretanto terminou, os palestinianos de Gaza estão
praticamente entregues à sua sorte, valendo-lhes o apoio das
instituições sociais do Hamas e de algumas ONG.
Em Agosto, as Nações Unidas divulgaram um relatório importante, “Gaza
in 2020: A liveable place?”, no qual lançaram o alerta: Gaza não será
“habitável” em 2020 a não ser que se actue urgentemente em áreas como o
saneamento básico, o abastecimento de água potável, o fornecimento de
electricidade, a saúde ou o ensino.
O documento da agência da ONU de apoio aos refugiados palestinianos
(UNRWA) estima que nos próximos oito anos a população da Faixa de Gaza
chegue aos 2,1 milhões, mais 500 mil pessoas que actualmente.
Apesar da economia ter crescido nos últimos anos, os palestinianos
vivem em média pior do que nos anos 90, onde o rendimento per capita era
superior ao do ano passado.
Esta aparente contradição explica-se pelo facto desse crescimento
estar focado na construção, como foi aliás abordado no primeiro texto
desta série, e não em sectores produtivos e sustentáveis da economia.
E uma vez que não é a população em geral a ganhar os dividendos do
crescimento (pelo contrário), alguém há de estar a fazer dinheiro na
Faixa de Gaza. Ou melhor dizendo, alguns homens bastante ricos, próximos
do Hamas.
Citado pela BBC News, Omar Shabban, economista do think thank Palthink,
baseado em Gaza, refere que devem existir actualmente entre 100 a 200
“novos milionários” que juntaram muito dinheiro em pouco tempo e que
devem fazer 2 milhões de dólares de dois em dois meses.
Estes homens têm usufruído do “boom” da construção e de toda uma
economia paralela que é alimentada pelas centenas de túneis que existem
entre a Faixa de Gaza e o Egipto, pelos quais é contrabandeado todo o
tipo de materiais provenientes do território egípcio. Um tema a ser
analisado no terceiro e último texto desta série.
*Este é o segundo de três textos sobre a Faixa de Gaza
O sonho perdido de Arafat (1)
tags: faixa de gaza, hamas, médio oriente
Publicado por Alexandre Guerra às 20:21
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117472
Re: Os "novos milionários" da Faixa de Gaza*
.
E esta, hein, Mango? Não é suposto os cifrões só do lado dos judeus e o nacionalismo desinteressado da parte desses lutadores de causas, tipo Hamas, Hezbollah, ayatollahdas, etc,?
E uma vez que não é a população em geral a ganhar os dividendos do
crescimento (pelo contrário), alguém há de estar a fazer dinheiro na
Faixa de Gaza. Ou melhor dizendo, alguns homens bastante ricos, próximos
do Hamas.
E esta, hein, Mango? Não é suposto os cifrões só do lado dos judeus e o nacionalismo desinteressado da parte desses lutadores de causas, tipo Hamas, Hezbollah, ayatollahdas, etc,?
_________________
Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
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