Direcção do PS demarca-se de manifesto de Soares a pedir a demissão do governo

Direcção do PS demarca-se de manifesto de Soares a pedir a demissão do governo

Por Luís Claro, publicado em 30 Nov 2012 - 15:20 | Actualizado há 1 hora 25 minutos
Mais de uma dezena de socialistas assinam carta a pedir queda do governo se Passos não mudar de política. Ferro Rodrigues apoia

• 
  
  
  

O PS demarca-se de Mário Soares e não pede a demissão do
primeiro-ministro. “Os governos são de legislatura. Se eventualmente não
tiver capacidade para a cumprir, isso será da exclusiva
responsabilidade do primeiro-ministro”, diz ao i o
vice-presidente da bancada do PS, José Junqueiro, numa reacção à carta
aberta enviada ao primeiro-ministro por um grupo liderado por Mário
Soares.

O manifesto é assinado por mais de uma dezena de socialistas, entre os
quais o ex-líder do partido Eduardo Ferro Rodrigues, os deputados Duarte
Cordeiro e Pedro Nuno Santos e o histórico António Arnaut. E termina a
exigir ao primeiro-ministro que altere, urgentemente, as acções
políticas”, sob pena de “ser seu dever” apresentar “a demissão ao
Presidente da República”.

Os socialistas reagiram com cautela e Carlos Zorrinho fez questão de lembrar que “as demissões dos governos têm regras”.

O líder da bancada socialista congratulou-se, porém, com as críticas
feitas ao governo na carta aberta a Passos, já que está em linha com o
que o PS tem dito, ou seja, que “com estas políticas Portugal não vai a
lado nenhum”.

Na carta, o grupo de Soares acusa o governo de estar a levar o país
para “o abismo” e de ter “intencionalmente defraudado” os eleitorado.
“Há uma contradição, nunca antes vista, entre o que foi prometido e o
que está a ser levado à prática”, lê-se na carta, que conta com o apoio
de personalidades como o ensaísta Eduardo Lourenço, o economista João
Ferreira do Amaral, o teólogo Frei Bento Domingues ou o pintor Júlio
Pomar.

A intenção deste grupo - que deu conhecimento da iniciativa ao
Presidente da República - é avançar, no futuro, com outras acções contra
a política do executivo. “Vamos estar atentos para ver se o governo
altera ou não as suas posições. Se não o fizer teremos novas posições
mais adequadas à situação”, diz ao i Vítor Ramalho, um dos
promotores da iniciativa. Ramalho defende, por exemplo, que se o
“Orçamento do Estado for declarado inconstitucional obrigará o governo a
demitir-se”.

O ex-deputado do PS sustenta que o país já vive uma crise política e,
se o primeiro-ministro se demitir, não terá obrigatoriamente de haver
eleições. “Depende da habilidade do Presidente da República. Foi para
isso que ele foi eleito. Não foi para deixar andar os acontecimentos a
seu bel-prazer”, diz Ramalho, lembrando que o chefe de Estado pode
nomear outro primeiro-ministro com “ a mesma base de apoio” ou até
escolher uma “personalidade com condições para constituir um novo
governo”, como aconteceu em Itália.

Antes de tornar pública a carta aberta ao primeiro-ministro, Soares deu
conhecimento da iniciativa a algumas personalidades próximas do PSD e
do CDS, como o conselheiro de Estado Bagão Félix, o ex-líder dos
centristas Adriano Moreira e o ex- secretário-geral do PSD António
Capucho. Apesar de não assinar a carta, o bispo das Forças Armadas,
Januário Torgal Ferreira, garantiu que subscreve o que classificou como
um “grito de alma”.

.
Eu não acredito na sinceridade desta posição do PS. Acredito muito mais, que não queira retomar o poder, num lamaçal destes mas, se tiver de ser, prefere que todo o odioso recaia sobre o PR, PSD e CDS.

Que ninguém pense, que os políticos (todos) não sabem do real estado do país e do timing para que as acções a empreender resultem. Ou alguém prefere, por exemplo, ter a ingenuidade de acreditar, que Passos Coelho descobriu "o desvio colossal", só quando alcançou o pote, "sem pressa", mas com a maior vontade de nele beber?

Eu não acredito na sinceridade desta posição do PS. Acredito muito mais,
que não queira retomar o poder, num lamaçal destes mas, se tiver de
ser, prefere que todo o odioso recaia sobre o PR, PSD e CDS.

subscrevo