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O Leopardo

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Mensagem por Vitor mango Dom Dez 09, 2012 7:48 am








O Leopardo Area_transparent





















O Leopardo F1


O Leopardo

Título original: Il Gattopardo /The Leopard
Realização: Luchino Visconti
Intérpretes: Burt Lancaster, Claudia Cardinale, Alain Delon, Paolo
Stoppa, Rina Morelli, Romolo Valli, Terence Hill, Pierre Clémenti
Itália/França, 1963
Reposição: 2 de Fevereiro de 2006


O Leopardo Film_com_class





Eurico
de Barros
João
Lopes
Média dos
Espectadores
O Leopardo 5starO Leopardo 5starO Leopardo 4star
O Leopardo Pic_c1
O Leopardo Pic2


























O Leopardo Esp_critic


Em
1860, Garibaldi inicia o movimento de unificação da Itália. D. Fabrício
(Burt Lancaster) é um aristocrata que tenta manter o antigo modo de
vida, apesar dos tempos de mudança. Para ele, a ascensão da burguesia é
uma ameaça. Mas, numa manobra astuta, combina o casamento do seu
sobrinho Tancredo (Alain Delon) com Angélica (Claudia Cardinali), filha
de um rico e influente administrador de propriedades. Fiel aos seus
valores, este aristocrata consegue assim manter acesa a chama do antigo
regime.


****


Reposição no Cinema Nimas em Lisboa em cópia nova (versão italiana de três horas).









O Leopardo Esp_critic
João Lopes

O Leopardo 5star
Na genealogia europeia do cinema moderno, «O Leopardo»
(1963) é um filme central e um dos momentos chave da obra de Luchino
Visconti (1906-1976). Nele se revisita o clima convulsivo da Itália de
meados do século XIX para observar os valores (e também as perdas) de
uma nova identidade nacional. No papel central, Burt Lancaster tem uma
das suas mais notáveis composições. Reposição em cópia nova, em
italiano, fiel ao conceito original de Visconti. (Nota publicada no «Diário de Notícias»)


*****


O texto que se segue — sobre a edição em DVD de «O Leopardo» — foi publicado na edição nº 14 da revista Op, com o título `Lições que permanecem, imagens que se transformam`.


Na memória mítica do filme "O leopardo" (1963), de Luchino Visconti
(1906-1976), há uma frase que emerge sempre como símbolo de uma postura
moral que se transfigura em táctica ideológica, por sua vez decorrente
de uma estratégia política. Surge logo numa das primeiras cenas, é
proferida por Tancredi Falconeri (Alain Delon), num diálogo com a
personagem central, o seu tio Príncipe de Salina (Burt Lancaster), e
condensa a atitude da aristocracia italiana de meados do século XIX face
à ascenção das classes médias. Diz Tancredi: "Para que as coisas
permaneçam iguais, é preciso que tudo mude." Aliás, numa sequência
posterior, pelo meio do filme, será o Príncipe a repetir as palavras do
sobrinho.


No romance que o filme adapta, escrito por Giuseppe Tomasi di
Lampedusa e publicado em 1958 (um ano depois da morte do autor), a
atitude do Príncipe decorre mais de uma vontade de adaptação às
convulsões da história do que de um mero programa cínico para manutenção
do poder. Tal como se insere no filme de Visconti, a frase adquire uma
lógica muito mais crua e, ontem como hoje, não pode deixar de ser lida
como reflexo do olhar eminentemente crítico do cineasta sobre a própria
Itália em que se inseria o seu trabalho.


Esta pluralidade interior da narrativa de "O leopardo" é bem
reveladora do persistente fascínio deste clássico absoluto. De facto,
estamos perante um filme que, passadas mais de quatro décadas sobre a
sua revelação ao mundo, no Festival de Cannes (onde arrebatou a Palma de
Ouro), permanece como uma superior lição sobre a vontade de o cinema se
assumir como reflexo, pensamento e reinvenção da complexidade interior
da história.


Daí que seja duplamente feliz a circunstância de a prestigiada
Criterion Collection ter lançado "O leopardo" numa esplendorosa edição
em DVD: por um lado, esta é a possibilidade de reencontro com uma
referência incontornável na tradição cinéfila (sensível mesmo para
muitos dos que nunca tiveram possibilidade de ver o filme); por outro
lado, as características específicas da edição confirmam que, hoje em
dia, o conhecimento do continente cinematográfico se faz tanto de
imagens que se repetem como de imagens que se transformam, numa dinâmica
que está a gerar novas relações entre o passado e o presente dos
filmes.


Assim, a caixa editada pela Criterion contém nada mais nada menos
que três discos. O primeiro devolve-nos aquilo que, para todos os
efeitos, se tinha tornado uma raridade: a própria versão viscontiana de
"O leopardo", ou seja, o filme com diálogos em italiano e a duração
original de 185 minutos; o segundo é totalmente dedicado aos extras e,
além de um documentário "making of" (incluindo depoimentos de Claudia
Cardinale, da argumentista Suso Cecchi D`Amico e do director de
fotografia Giuseppe Rotunno), apresenta uma entrevista com Millicent
Marcus, professora da Universidade de Pensilvânia, sobre o contexto
histórico do "Risorgimento" italiano; finalmente, o terceiro disco
traz-nos a chamada "versão internacional" do filme, aquela que circulou
na maior parte dos mercados, com 161 minutos e diálogos em inglês.


É caso para dizer que esta desmultiplicação "esquizofrénica" de "O
leopardo" talvez pudesse satisfazer o gosto perverso de Visconti pelas
ambivalências de que se faz a história. Isto porque ele sempre foi um
cineasta fascinado pelas acções contraditórias, pelos contextos em que a
decadência de umas classes abre caminho à afirmação de outras. De
"Senso" (1954) ao filme final "O Intruso" (1976), passando por essa
espécie de testamento simbólico que é "Morte em Veneza" (1971), Visconti
foi o retratista obsessivo de crises, individuais e colectivas, capazes
de relativizar todas as certezas do devir histórico. Ver ou rever "O
leopardo" nesta duplicidade que o DVD permite é também compreender que
os filmes tendem a existir, cada vez mais, num estado de permanente
reconversão, favorecido e, de alguma maneira, consagrado pela evolução
dos respectivos suportes e tecnologias.


Cenas como a chegada do Príncipe à povoação de Donnafugata, já
convertida à nova ordem política (com o célebre plano, no interior da
igreja, dos membros da família Salina cheios de pó), ou ainda o baile
aberto pela dança do Príncipe e Angelica (Claudia Cardinale), são
momentos de cinema que transcenderam a sua própria condição narrativa.
Existem como símbolos de uma atitude criativa que Visconti simbolizou
como poucos: o entendimento do cinema como arte de sínteses e decisivo
elemento transformador do século XX, ao mesmo tempo que descendente
legítimo de sensibilidades do século XIX, a começar pelo artifício
paradoxal da ópera. Que tudo isso nos reapareça através dos desígnios do
digital, eis a derradeira e saborosa ironia.


"THE LEOPARD"

("Il Gattopardo")

Real.: Luchino Visconti

Int.: Burt Lancaster, Claudia Cardinale, Alain Delon

The Criterion Collection, 1963/2004

_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Vitor mango
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