CARÇÃO
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CARÇÃO
CARÇÃO
A sociedade dividia-se em dois grandes grupos: os Cabrões e os Judeus. Os primeiros eram tradicionalmente agricultores e viviam sobretudo no centro da aldeia, concentrados à volta da Igreja. Os Judeus constituíam um grupo heterogéneo que incluía comerciantes e prestadores de outros serviços (sapateiros, taberneiros, ferradores, barbeiros, etc). O nome era apenas um eco distante do passado, de quando os Judeus perseguidos se refugiaram pelas aldeias recônditas porque não se mantinha nenhuma tradição relacionada com a religião judaica. De qualquer modo, cada grupo considerava uma ofensa pertencer ao outro e disparava o insulto, acrescido de vernáculos floreados, sempre que a ocasião se proporcionava.Nós éramos, por tradição, “Judeus”. O meu avô era um sapateiro-taberneiro pobre. O ofício de sapateiro era uma arte de família, passada de geração em geração, que ele também tentou transmitir aos filhos. O tio Albino em Santulhão e o meu pai na aldeia exerciam a profissão, remendando sapatos ou fazendo botas, sapatos e sandálias.
A mesa do ofício era uma banca tosca repleta de ferramentas, moldes de couro, pregos, brochas de diversos tamanhos, pez, graxa, sobelas, atilhos, linha espessa e encerada. A linha vinha em novelos com uma figurinha sobre um fundo vermelho num dos lados à qual o meu pai chamava a “Santica do Codilho” e que servia de paga para as mais variadas tarefas. Quando ele precisava de alguma coisa dizia, vai lá chamar sicrano que eu guardo-te a santica do codilho. Não sei qual a importância da figurinha, porque era tão essencial obtê-la ou mesmo para que a usava. Talvez o facto de o meu pai ser o único sapateiro e consequentemente eu a única a poder obter tão precioso bem. Guardava religiosamente as santicas e exibia-as perante os outros com satisfação e orgulho antes de se perderem nos bolsos das calças na lavagem seguinte.
À volta da mesa distribuíam-se os moldes de madeira em variados tamanhos e os diversos materiais, solas de borracha já prontas a ser usadas ou couro rijo e espesso onde se colocava o molde e cortava o tamanho adequado da planta do pé, cabedal curtido, mais fino para a parte superior, em preto ou castanho para responder aos gostos dos fregueses.
A taberna, que eu já nao conheci, não passava de um rés-do-chão mal iluminado, com chão de terra batida e uma arca velha a servir de balcão. Os clientes bebiam o vinho ou a aguardente pelos poucos copos disponíveis que eram depois enxaguados na água dum recipiente espanhol.
MARRANOS
Jornal Haaretz – 24 de março de 2005 / 13 de Adar II 5765
http://www.haaretz.com/hasen/spages/556543.html
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117438
Re: CARÇÃO
.
Já que fala em Carção (distrito de Bragança), sabe que os seus naturais são conhecidos como "perros"?
Tente saber por quê!
Já que fala em Carção (distrito de Bragança), sabe que os seus naturais são conhecidos como "perros"?
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: CARÇÃO
Joao Ruiz escreveu:.
Já que fala em Carção (distrito de Bragança), sabe que os seus naturais são conhecidos como "perros"?
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Vitor mango- Pontos : 117438
Re: CARÇÃO
fiquei a saber que "Patrão"significava agricultor e perros na minha bagagem significa cão
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Vitor mango- Pontos : 117438
Re: CARÇÃO
per.ro
- pertinaz
- teimoso
- mau
- emperrado
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Vitor mango- Pontos : 117438
Re: CARÇÃO
O documentário sobre a comunidade judaica de Carção pôde ser visto hoje (13 de Julho), pelas 9h, na RTP 2, no programa “Caminhos”. O documentário faz referência a cinco importantes comunidades trasmontanas (Vila Flor, Vilarinho dos Galegos, Rebordelo, Argozelo e Carção), durante cerca de 25 minutos.
Carção é aparece entre o minuto 10 e o minuto 20, onde é feito referencia a factos interessantes, a exemplo: os roubos dos sambenitos da Igreja Matriz; a fundação da capela de Santo Estêvão com o propósito de funcionar como “sinagoga”, à noite; o grande massacre ocorrido nos finais do século XVII e inícios do século XVIII; à ligação da comunidade de Carção com a comunidade da cidade de Livorno (Itália); à existência de pelo menos um livro pertencente ao Rabi Domingos de Oliveira (o barbeiro da Praça), trazido de Livorno; e sobretudo aos testemunhos ainda presentes na memória dos nossos anciãos, relembrando a rotura total entre as duas etnias da aldeia até meados do século passado “os Perros da Praça e os que viviam nos arrabais” e às diferencas sociais.
A população de Carção, agradece a todos os outros envolvidos que tão bem dignificaram a povoação: Fernanda Guimarães, António J. Andrade, Marcolino Fernandes (Pres. da J.F.Carção), Serafim João e António Santos.
Carção agradece o excelente documentário à jornalista Ana de Frias e ao programa "Caminhos", RTP2.
Resta-nos esperar pelo livro “Carção, a capital do marranismo” no início de Agosto
In almocreve.blogs
Carção é aparece entre o minuto 10 e o minuto 20, onde é feito referencia a factos interessantes, a exemplo: os roubos dos sambenitos da Igreja Matriz; a fundação da capela de Santo Estêvão com o propósito de funcionar como “sinagoga”, à noite; o grande massacre ocorrido nos finais do século XVII e inícios do século XVIII; à ligação da comunidade de Carção com a comunidade da cidade de Livorno (Itália); à existência de pelo menos um livro pertencente ao Rabi Domingos de Oliveira (o barbeiro da Praça), trazido de Livorno; e sobretudo aos testemunhos ainda presentes na memória dos nossos anciãos, relembrando a rotura total entre as duas etnias da aldeia até meados do século passado “os Perros da Praça e os que viviam nos arrabais” e às diferencas sociais.
A população de Carção, agradece a todos os outros envolvidos que tão bem dignificaram a povoação: Fernanda Guimarães, António J. Andrade, Marcolino Fernandes (Pres. da J.F.Carção), Serafim João e António Santos.
Carção agradece o excelente documentário à jornalista Ana de Frias e ao programa "Caminhos", RTP2.
Resta-nos esperar pelo livro “Carção, a capital do marranismo” no início de Agosto
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: CARÇÃO
tive pena de nao ter visto
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Vitor mango- Pontos : 117438
Re: CARÇÃO
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A começar na língua mirandesa, passando por usos, costumes, tradições e a acabar nos regionalismos (de que os não naturais não percebem patavina), o distrito de Bragança é um manancial de cultura inesgotável.
Sabe o que são narros, para as gentes de Bragança e Mirandela?
A começar na língua mirandesa, passando por usos, costumes, tradições e a acabar nos regionalismos (de que os não naturais não percebem patavina), o distrito de Bragança é um manancial de cultura inesgotável.
Sabe o que são narros, para as gentes de Bragança e Mirandela?
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: CARÇÃO
Acredito que sim ...só que deixe-me puxar o carapau á minha brasa ér aqui neste vale de Aljubarrota que seguramente tudo o que de invasões se dirigem a Lisboa ...e como alinha com a fe judaica sabe certamente que existiam em Leiria a maior concentração de Judeus ...a primeira tipografia e o astrolábio (SEO) inventado por um judeu
Não gosto dos termos Judeus e jesuíta que na minha santa terra teem conexões ligados ao poder temporal ...tudo fruto dee um passado pombalino que esmagou o poder JESUITA - forte e feio
Interessante é que descobri no Brasil que Jesuita é um sinal de eficiência
Não gosto dos termos Judeus e jesuíta que na minha santa terra teem conexões ligados ao poder temporal ...tudo fruto dee um passado pombalino que esmagou o poder JESUITA - forte e feio
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Vitor mango- Pontos : 117438
Re: CARÇÃO
Como sabe, os judeus também se refugiaram, em larga escala, pelas aldeias mais recônditas de Trás-os Montes, fugindo das perseguições e sendo designados de "Marranos". É, portanto, muito natural, que o mesmo tenha acontecido noutras regiões do país, já que, de norte a sul, o termo judeu tem sentido pejorativo, quando dirigido a alguém.
Como o Mango não respondeu à minha pergunta sobre narros, devo dizer-lhe que se trata de um "mimo" depreciativo, que brigantinos e mirandelenses atiram uns aos outros, quando se zangam, ou "brincam" em amena cavaqueira, porque
Narros é um município da Espanha na província de Sória, comunidade autónoma de Castela e Leão, de área 13,22 km² com população de 48 habitantes e densidade populacional de 3,81 hab/km²
e de Espanha, "nem bom vento, nem bom casamento"!
Como o Mango não respondeu à minha pergunta sobre narros, devo dizer-lhe que se trata de um "mimo" depreciativo, que brigantinos e mirandelenses atiram uns aos outros, quando se zangam, ou "brincam" em amena cavaqueira, porque
Narros é um município da Espanha na província de Sória, comunidade autónoma de Castela e Leão, de área 13,22 km² com população de 48 habitantes e densidade populacional de 3,81 hab/km²
e de Espanha, "nem bom vento, nem bom casamento"!
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Vitor mango- Pontos : 117438
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