O Muro a Moral e o Mural e a Rosa

" A Rosa vai bem contra a parede "

COMO CULTIVAR: Rosas Trepadeiras

Rosas trepadeiras adicionam um elemento vertical maravilhoso ao jardim, e ficam ótimas escalando uma cerca ou muro. As rosas trepadeiras Don Juan são favoritas entre jardineiros, ostentando flores vermelhas profundas durante todo o verão e um perfume forte de damasco. 

Folhas de cor verde-escuro brilhante decoram esse arbusto que sobe entre 2,5 a três metros. Para garantir que a rosa Don Juan tenha um bom começo no seu jardim, forneça as condições de cultivo adequadas e plante-a com cuidado, conforme o passo a passo abaixo.

Fernanada Cancio

Obrigada, Trump





Donald Trump, que espero passe no dia 8 pela mais humilhante das derrotas, já teve algum préstimo. Não me lembro de uma tão global discussão sobre a forma como as mulheres são objetificadas e alvo de remoques e contactos sexuais indesejados como a desencadeada pelo vídeo em que se gaba de agarrar desconhecidas "pelo sexo".
Mas Trump, sendo um labrego repulsivo e compulsivo, tem alguma razão em queixar-se de que está a ser perseguido por "uma coisa normal". O machismo e a violência sexual sobre as mulheres são de facto "coisas normais"; é só por vivermos imersos neles que alguém como Trump se sentiu à vontade para ter aquela conversa, e com um micro ligado. Trump não se vê como agressor sexual porque, como qualquer miúdo que acha que pode apalpar uma colega no recreio, foi habituado a pensar nas mulheres como seres de segunda, disponíveis para todas as humilhações e agressões.
Cá está a exagerada a querer usar Trump para provar que todos os homens são umas bestas machistas? É que, lamento, a maioria dos homens (como das mulheres, hélas) são bestas machistas - o input que receberam e continuam a receber é nesse sentido. Mas algo está a mudar, mesmo devagar (oh tão devagar): finalmente fala-se do problema a sério. E não só por causa de Trump. Nesta semana, por exemplo, a Organização Internacional dos Parlamentos publicou um relatório sobre "Sexismo, assédio e violência contra deputadas". A partir de um inquérito efetuado junto de 55 parlamentares de 39 países, diz-nos que a maioria (65,5%) reconheceu ter sido alvo de remoques sexuais ou sexistas humilhantes - na maior parte dos casos, vindos dos colegas; mais de um quarto (27,3%) viram imagens suas ou comentários de conotação sexual ou humilhantes nos media tradicionais, subindo a percentagem para 41,8% no caso das redes sociais; 21,8% afirmaram ter sido alvo de um ou mais atos de violência sexual.
"As inquiridas dizem que têm de estar sempre a confrontar-se com opiniões sobre a sua aparência, a maneira como se comportam e exprimem e o que se pensa que deve ser o seu papel. De um modo geral, a sua atitude demasiado ou não suficientemente feminina é regularmente exposta, comentada, atacada e usada contra elas, assim como o seu estatuto conjugal e a sua vida afetiva, sexual e familiar suposta ou real", reza o relatório. Porquê? 61,5% acham que para as dissuadir, como mulheres, de estar na política. "Eles falam do nosso corpo como para nos colocarem no nosso lugar, para nos provarem que não nos levam a sério", diz uma parlamentar dos EUA; uma congénere europeia comenta: "Se uma mulher fala mais alto no Parlamento, dizem-lhe "chiu", com um dedo à frente da boca, como se faz às crianças. Nunca se faz isso a um homem que levanta a voz." Porque a voz é dos homens, claro. E o espaço público, e o poder, e não querem dividi-los. Trump é só a caricatura disso - abençoado seja, porque há quem precise de desenhos.