Porta-voz da Igreja espanhola volta atrás e condena camisinha

Porta-voz da Igreja espanhola volta atrás e condena camisinha


Madri, 19 jan (EFE).- O secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola, principal órgão da Igreja católica na Espanha, Juan Antonio Martínez Camino, retificou nesta quarta-feira suas próprias declarações da véspera e afirmou que o uso do preservativo é "contrário à moral".

Numa nota de imprensa assinada pelo Gabinete de Informação da CEE, Camino afirma que sua declaração da véspera aos jornalistas "tem de ser entendida no sentido da doutrina católica que sustenta que o uso do preservativo implica numa conduta sexual imoral".

O porta-voz da CEE tinha afirmado na terça-feira - ao fim de uma reunião com a ministra de Saúde, Elena Salgado -, que é a favor do uso dos preservativos ao afirmar que eles "têm seu contexto numa prevenção integral e global da Aids".

Na retificação de hoje, Martínez Camino acrescenta que "diferentemente do que foi afirmado, não é certo que a doutrina da Igreja sobre o preservativo tenha mudado".

O porta-voz dos bispos reitera que a prevenção da Aids "é um assunto que preocupa muito a Igreja, os católicos e as instituições eclesiásticas que trabalham, de modo destacado, na Espanha e no mundo todo, na atenção social e sanitária aos afetados por esta doença".

A nota acrescenta que, durante a reunião da véspera, "foi explicado" à ministra Salgado "que não são certas as afirmações que asseguram que a Igreja, quando promove o uso correto da sexualidade humana, canalizada pela virtude da castidade, se posiciona contra as recomendações científicas sobre a prevenção da Aids".

Pelo contrário, acrescenta a nota, "a abstenção de relações sexuais indevidas e a fidelidade mútua entre os cônjuges constituem a única conduta segura contra o perigo da Aids. As recomendações dos especialistas em saúde pública concordam nisto com a doutrina moral da Igreja".

Por isso, diz a nota de imprensa, a Igreja "colabora eficaz e racionalmente na prevenção da Aids promovendo a educação das pessoas para o amor conjugal fiel e aberto à vida, tratando de evitar deste modo as relações indevidas e promíscuas, que dão lugar às chamadas situações de risco de saúde".

Martínez Camino afirma que "de acordo com estes princípios não é possível aconselhar o uso do preservativ, por contrapor-se à moral humana. O único verdadeiramente aconselhável é o exercício responsável da sexualidade, de acordo com a norma moral".

E conclui que "a diferença do que foi publicado, não é certo que a doutrina da Igreja sobre o preservativo tenha mudado".

Pouco após a divulgação da retificação, a porta-voz socialista para os temas de Saúde no Congresso dos Deputados, Isabel Pozuelo, criticou a "volta à intolerância" da Igreja.

Pozuelo disse à EFE que "parece que (o porta-voz da Conferência Episcopal) recebeu instruções para desmentir o que era o sentido comum".

A deputada lembrou que o preservativo é o método mais confiável e eficaz para a prevenção da Aids. EFE.


http://sistemas.aids.gov.br/imprensa/Noticias.asp?NOTCod=62517
ministerio saude brasil