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A história da culinária

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A história da culinária Empty A história da culinária

Mensagem por Viriato Seg Abr 27, 2009 12:44 pm

Livros radiofónicos e um conceito de raridade

A história da culinária Radio+028


Há alguns anos atrás encontrei um livro português de culinária à venda num alfarrabista de que nunca tinha ouvido falar . O preço que me pediram pareceu-me excessivo.

Fiquei indecisa e resolvi telefonar a um amigo meu livreiro, o Luís Gomes, e perguntar-lhe o que achava do preço. A resposta dele foi rápida. «Se não o conhece, e não o tem, compre-o». Não era a resposta que eu esperava mas fez todo o sentido na minha cabeça. Na verdade já então eu tinha um bom conhecimento dos livros antigos de culinária publicados em Portugal e felizmente tenho uma biblioteca bastante completa nessa área. Aproveitei o conselho, que me tem sido útil ao longo da vida, e que passei a aplicar também aos objectos de cozinha e mesa que vou comprando.

Foi assim que comprei as colheres para absinto, de que já falei, e alguns outros objectos, que no momento da compra eu não sabia para que serviam. Ainda hoje tenho objectos que não sei para que servem, mas com o tempo vou descobrir.

A história da culinária Digitalizar0001

Esta introdução vem a propósito de um e-mail de uma leitora fiel do meu blog, a Helena Mesquita, que eu não tenho o prazer de conhecer.

A propósito de uma entrada minha sobre livros de culinária lembrou-se de um livro que uma familiar sua possuía e que a fazia sorrir.
Achava ela que eu devia conhecer estes livros, mas na realidade não conhecia.

O livro em causa, de que me enviou uma foto da capa, data de 1960, e foi publicado para ser oferecido às ouvintes de folhetins radiofónicos.

A história da culinária Radio+029


A forma de distribuição é desconhecida, mas como a Helena alvitrou, seria possivelmente oferecido às leitoras que respondessem a perguntas relacionadas com o drama radiofónico. Neste caso tratava-se de “Triunfo de Amor” .
No seu interior encontram-se receitas culinárias mas no início existe uma foto autografada da pessoa que fazia a “voz principal”. Segue-se o nome de todo o elenco que participava no folhetim e só por fim as receitas.
Lembro-me da época da minha infância, ainda sem televisão, em que em casa se ouviam estes folhetins. Recordo principalmente as aventuras de «Miguel Strogoff”, que passava à hora de almoço e que por vezes nos forçava a interromper o almoço para chorar, como quando o mesmo foi cego com um ferro quente.
O folhetim, baseado no livro com o mesmo nome, da autoria de Júlio Verne, publicado em 1876, narrava as aventuras do Correio do Czar que atravessava o império russo para entregar ao Grão Duque uma mensagem secreta. Pelo longo caminho foram-lhe acontecendo várias desventuras, resultado de encontros com os traidores do Czar, mas no final Miguel Strogoff acaba bem sucedido e transforma-se num modelo de virtudes e coragem. É possível que não tivesse sido o livro mas o filme sobre ele realizado em 1956, com Curd Jürgens, que tivesse desencadeado este entusiasmo pela personagem.

Embalagem de Tide dos anos 50
A história da culinária Tide1950


No entanto o folhetim mais ouvido, e que ficou no imaginário das pessoas daquela época, foi o folhetim «A força do Destino» apresentado como Teatro Tide e transmitido pelo Rádio Clube Português a partir de 1955.
Não me recordo nada da história e não sei se alguma vez a ouvi, mas todas as pessoas identificavam o teatro Tide com uma “desgraça” radiofónica. A vítima, uma jovem apaixonada, que andava de muletas, ficou conhecida pela “coxinha”, o que acabou por lhe ser atribuído o nome do «Teatro da coxinha», usado depois depreciativamente para se referir a um melodrama de mau gosto.
Estes programas eram uma forma de publicidade ao produto, neste caso o detergente em pó Tide, que embora muito usado nos Estados Unidos nunca teve grande sucesso em Portugal. Nem estas técnicas precursoras de marketing lhe valeram. O sabão azul e branco continuou a ser considerado melhor para a roupa, só tendo concorrência no Sonasol.


A minha surpresa foi a descoberta de um livro de culinária associado a estes folhetins e que, provavelmente, não será caso único.

A história da culinária Tide02

Banda desenhada publicitária ao Tide e à Máquina de Lavar Whirlpool

A história da culinária Tide03

A história da culinária Tide04

Publicada por Ana Marques Pereira em Garfadas
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Mensagem por Vitor mango Seg Abr 27, 2009 1:22 pm

MUITO INTERESSANTE
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Seg Abr 27, 2009 1:28 pm

Claro QUE SE FOSSE O Ron, ISTO IA PARA A SECCAO culinaria!!!
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Mensagem por Vitor mango Seg Abr 27, 2009 1:58 pm

RONALDO ALMEIDA escreveu:Claro QUE SE FOSSE O Ron, ISTO IA PARA A SECCAO culinaria!!!

Como é ARTE considerei que estava ok
Porque a cozinha é arte


ora veja

A história da culinária Alexandre%20Pudim%20de%20Castanha
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Mensagem por Viriato Ter Abr 28, 2009 4:24 am

A gastronomia (do grego antigo γαστρονομία; γαστρός ["estômago"] e νομία ["lei"/"conhecimento"]) é um ramo que abrange a culinária, as bebidas, os materiais usados na alimentação e, em geral, todos os aspectos culturais a ela associados. Um gastrônomo (gourmet, em francês) pode ser um(a) cozinheiro(a), mas pode igualmente ser uma pessoa que se preocupa com o refinamento da alimentação, incluindo não só a forma como os alimentos são preparados, mas também como são apresentados, por exemplo, o vestuário e a música ou dança que acompanham as refeições.

Por essas razões, a gastronomia tem um foro mais alargado que a culinária, que se ocupa mais especificamente das técnicas de confecção dos alimentos. Um provador de vinhos é um gastrônomo especializado naquelas bebidas (e, muitas vezes, é também um gastrônomo no sentido mais amplo do termo).

O prazer proporcionado pela comida é um dos factores mais importantes da vida depois da alimentação de sobrevivência. A gastronomia nasceu desse prazer e constituiu-se como a arte de cozinhar e associar os alimentos para deles retirar o máximo benefício. Cultura muito antiga, a gastronomia esteve na origem de grandes transformações sociais e políticas. A alimentação passou por várias etapas ao longo do desenvolvimento humano, evoluindo do nômade caçador ao homem sedentário, quando este descobriu a importância da agricultura e da domesticação dos animais.

A fixação à terra trouxe uma maior abundância de comida, o que provocou um aumento demográfico que por sua vez levou a um esgotamento dos recursos e à consequente migração para novos locais a explorar. Houve apenas duas importantes excepções na história antiga: o Egipto e a Mesopotâmia, devido à fertilidade trazida pelas águas dos rios Nilo, Tigre e Eufrates que se mantiveram constantes ao longo dos anos.

A riqueza proporcionada pela abundância trouxe a curiosidade pela novidade e pelo exotismo. O homem teve então necessidade de complementar a sua dieta com alimentos que localmente não tinha, dando origem ao comércio levado a cabo por alguns homens que continuaram nómadas para que muitos outros se pudessem fixar à terra. O homem que viajava, o comerciante, não só levava aquilo que faltava como introduzia novos alimentos, criando necessidades imprescindíveis ao desenvolvimento do seu negócio. O transporte de alimentos provocou a necessidade de aditivos: por exemplo, o aroma da resina de alguns actuais vinhos gregos foi induzido pelo facto de se utilizar a resina em tempos remotos para tratar os odres de cabra que continham o vinho.

A humanidade cedo se apercebeu das virtudes da associação de certas plantas aromáticas aos alimentos para lhes exaltar o sabor, contribuir para a sua conservação e permitir uma melhor e mais saudável assimilação por parte do corpo. Muitas guerras se fizeram pela apropriação de recursos alimentares que de uma forma geral são escassos e que determinam o poder para quem domina a gestão desses recursos. A título de exemplo, a busca das especiarias foi um dos factores que contribuíram para a queda do Império Romano e quando a Europa parte para os Descobrimentos Marítimos tem como móbil o controlo da rota das especiarias que implicou a colonização e o esclavagismo renascentistas.

A arte do prazer da comida motivou génios como Leonardo da Vinci, inventor de vários acessórios de cozinha, como o célebre "Leonardo" para esmagar alho, regras de etiqueta à mesa, para além de novas receitas. Percursor da nouvelle cuisine, Da Vinci fundou com outro sócio o restaurante "A Marca das Três Rãs" em Florença. A gastronomia despertou curiosas sensibilidades em músicos como Rossini e em escritores portugueses e estrangeiros. Camilo Castelo Branco era avesso a descrições mas não resistiu a descrever um saboroso caldo verde, enquanto que Eça de Queirós tem inúmeras menções a restaurantes nas suas obras. O culto dos prazeres da mesa chegou ao ponto de fazer com que os aficcionados se juntassem em associações gastronómicas como a belga "Ordre des Agathopédes" em 1585, a francesa "Confrérie de la Jubilation" ou o português "Clube dos Makavenkos" em 1884, para além de exemplos mais recentes como o Slow Food, que em reacção ao Fast Food tem como símbolo um caracol.

O primeiro tratado sobre gastronomia foi escrito por Jean Anthelme Brillat-Savarin, um gastrônomo francês que, em 1825, publicou a “Fisiologia do Paladar”, cujo título completo em francês é Physiologie du Goût, ou Méditations de Gastronomie Transcendante; ouvrage théorique, historique et à l'ordre du jour, dédié aux Gastronomes parisiens, par un Professeur, membre de plusieurs sociétés littéraires et savantes. Por este título que, em português poderia ser traduzido como "Fisiologia do Paladar ou Meditações sobre a Gastronomia Transcendental, obra teórica, histórica e actual, dedicada aos Gastrônomos parisienses, por um Professor, membro de várias sociedades literárias e científicas", pode considerar-se a gastronomia como uma ciência ou uma arte.

No entanto, não se deve confundir esta ciência com a nutrição ou a dietética, que estudam os alimentos do ponto de vista da saúde e da medicina, uma vez que a gastronomia é estritamente relacionada ao aspecto comercial (no que diz respeito à preparação de comida em restaurantes) e cultural (no que diz respeito ao estudo desta ciência).
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Mensagem por Viriato Ter Abr 28, 2009 4:41 am

As Confrarias

As Confrarias Gastronómicas são património nacional, é a cultura viva, é o povo que a transporta ao longo dos tempos. Quem não se recorda de receitas dadas a conhecer pelos nossos avós, e já recebidas por estes, dos seus antepassados.
Muitas delas, ainda são aplicáveis e feitas nos dias de hoje. É a cultura passada de geração para geração, esperando vivamente que a cadeia não quebre.
Presentemente e muito bem, já estão a ser recolhidas e compiladas.

As Confrarias Gastronómicas são as sentinelas do enorme e rico património cultural. É a elas que compete zelar pela sua divulgação e preservação.

Existem em Portugal, actualmente as seguintes confrarias:

01 - Confraria da Broa de Avintes
02 - Confraria Madeirense de Carnes
03 - Confraria do Capão
04 - Confraria da Chanfana
05 - Confraria da Fogaça da Feira
06 - Confraria da Gastronomia do Ribatejo
07 - Confraria Gastronómica do Alentejo
08 - Confraria Gastronómica do Bacalhau
09 - Confraria Gastronómica do Dão
10 - Confraria Gastronómica do Mar
11 - Confraria Gastronómica da Panela ao Lume
12 - Confraria Gastronómica de S. Gonçalo
13 - Confraria dos Gastrónomos do Distrito de Beja
14 - Confraria dos Gastrónomos e Enófilos de Trás-os-Montes e Alto Douro
15 - Confraria dos Gastrónomos de Lafões
16 - Confraria dos Gastrónomos do Minho
17 - Confraria o Moliceiro
18 - Confraria do Queijo de S. Jorge
19 - Confraria do Queijo da Serra da Estrela
20 - Confraria das Tripas
21 - Confraria dos Gastrónomos do Algarve
22 - Confraria dos Nabos e Companhia

Organizadas na Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas

Ontem, por acaso, no noticiário da noite de um dos canais, anunciavam uma nova confraria. Da urtiga. Existem zonas deste país onde a urtiga é matéria prima em sopas, saladas e sobremesas. Com uma qualidade e riqueza de ingredientes notável.

Com o seu aspecto folclórico de indumentária, sem as confrarias muito do que melhor se come já se tinha perdido nas memórias do tempo.


Confraria báquica

A história da culinária Confrarias%20Portugal%20028

Uma confraria regional (Samora Correia)

A história da culinária Confraria

Confraria do verdelho

A história da culinária II+Simp%C3%B3sio+de+Confrarias+B%C3%A1quicas+e+Gastron%C3%B3micas++A%C3%A7ores+103




Talvez um dia valerá a pena criar a Confraria do Palácio?? Oh Mango, vá estudando a indumentária... mas cuidado com os confrades. Alguns podem azedar o vinho...
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Mensagem por Viriato Ter Abr 28, 2009 5:06 am

E por falar na nova confraria da urtiga....


Receitas com urtigas

Já falámos sobre várias vantagens das urtigas mas neste artigo valorizamos a sua utilização em culinária, isto é, a sua utilização na alimentação. Para além de permitirem fazer pratos deliciosos temos que reconhecer que numa época de crise até constituem uma mais valia.

Para fazer «sopa de urtigas» escolha apenas as folhas, de preferência as mais novas. Depois de lavadas põem-se numa panela com um fio de azeite e deixam-se cozer. Juntar depois batatas cruas cortadas aos bocados e alhos cortados às fatias. Deixar cozer bem. Quando estiver cozido desfaz-se tudo com a varinha mágica. Juntar sal. Antes de servir decorar com um ovo cozido picado ou com pão frito aos quadradinhos.

Outra forma de comer as urtigas é em “frittata”. Primeiro tenho que explicar o que é uma “frittata”. Trata-se de um prato muito antigo, já citado por Mestre Martino, no século XVI, na sua obra Libro de arte coquinaria. É uma espécie de omeleta italiana a que se juntam ervas, queijo ou carnes. Tal como a omeleta é feita com ovos batidos, mas ao contrário desta não é apresentada enrolada, mas aberta como se fosse uma tortilha. Isto deve-se a que apenas é cozinhada lentamente na fase inicial na frigideira, mas depois vai ao forno e acaba de cozer sob o calor do grelhador.


Quando eu era pequena existia em minha casa um dicionário de francês-italiano, intitulado «L’Italien Sain Peine» que tinha desenhos humorísticos. De todos, aquele a eu e o meu irmão achávamos mais graça, era ao desenho de uma rapariga que caía com um cesto de ovos. Um observador da cena comentava “ Oh bella! Una frittata”. Era o tipo de desenho a que as crianças não resistiam. O que resistiu foi o livro para eu lhes mostrar a gravura. Eu não podia imaginar na altura que algum dia iria escrever sobre o assunto.

Mas passemos à receita da Frittata de Urtigas. Numa frigideira alouram-se ligeiramente em azeite, alhos picados. Juntam-se as urtigas. Se necessário junta-se um pouco de água. Quando estão cozidas tiram-se da frigideira e picam-se finamente numa tábua. Põem-se numa taça os ovos batidos com sal, pimenta e um pouco de nós-moscada. Juntam-se as urtigas picadas e depois de bem incorporadas, juntam-se natas espessas e bate-se novamente. Numa frigideira deita-se mais azeite e espalha-se a mistura dos ovos. Com uma espátula de madeira soltam-se os ovos. Quando estão cozidos por baixo leva-se a frigideira ao forno durante 10-12 minutos. Os ovos alouram sem queimar. Quando pronta pode servir-se num prato às fatias. Apenas uma nota: ao contrário da omeleta, que para ficar boa não deve levar mais de 3 ovos, esta receita deve ser feita com pelo menos 6 ovos.

Outra receita mais simples é a das Urtigas Salteadas. Procede-se com anteriormente alourando o alho e juntando-as as folhas. Tempera-se com sal e pimenta. Quando fritas retiram-se e servem-se com rodelas de limão. As urtigas não têm água como os espinafres, portanto se não gostar delas estaladiças tem que juntar um pouco de água. Outra opção é juntar um pouco de natas ou um pouco de farinha e leite e fazer uma espécie de esparregado. Nesse caso pode substituir o limão por vinagre.

São apenas três exemplos, mas de um modo geral pode dizer-se que todas as receitas que existem para os espinafres podem ser utilizadas para as urtigas. Quem vive no campo tem a possibilidade de ter acesso a plantas selvagens, que não existem no supermercado. As urtigas, tal com as baldroegas são disso exemplo. Utilizem-nas mesmo fora da época, uma vez que, depois de escaldadas, podem ser congeladas. Vão ver que não se arrependem.

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Mensagem por Admin Ter Abr 28, 2009 6:31 am

Ontem, por acaso, no noticiário da noite de um dos canais, anunciavam uma nova confraria. Da urtiga. Existem zonas deste país onde a urtiga é matéria prima em sopas, saladas e sobremesas. Com uma qualidade e riqueza de ingredientes notável.

Tentei vai para anos fazer um festival de sopas exoticas como urtiga silvas e derivados
O pessoal sorriu pela ideia
Era avançada demais
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Mensagem por Viriato Qua Abr 29, 2009 3:46 am

“Sabores Judaicos”

A história da culinária BlogNov-9

Hoje em dia já compro poucos livros exclusivamente de receitas. Refiro-me a livros novos, é claro, porque dos antigos, continuo a não resistir.
O número de livros de receitas que sai em todo o mundo é elevadíssimo. Em 1994 Shapiro já referia que saíam nos Estados Unidos mais de 1000 títulos por ano. Em França, só em 2002, foram publicados 750 novos títulos, enquanto na Suécia, no mesmo ano, para 8,8 milhões de habitantes, eram publicados 300 novos títulos.
Estes números são contudo baixos quando comparados com Inglaterra onde os concursos culinários e os programas com chefes de culinária levaram a um aumento do número de vendas deste tipo de livros. Só Delia Smith, que tinha um programa de televisão chamado «How to cook», vendeu dezassete milhões de livros.

De resto o Reino Unido é citado como sendo o país onde são publicados mais livros per capita por ano. A última lista publicada pela Unesco mostra que, neste país, em 2005, foram publicados 206.000 novos livros, seguido pelos Estados Unidos com 172.000. O número e o tipo de livros publicados por ano e por país é monitorizado pela Unesco como um índice importante para avaliar o nível de vida e de educação de um país. Dessa lista fazem parte, pelo menos 77 países, incluindo Angola e Burkina Faso, mas não consegui encontrar Portugal.

Toda esta conversa vem a propósito do último livro de culinária que comprei.


Trata-se do livro de Graça Sá-Fernandes e Naomi Calvão, publicado este ano pela Assírio & Alvim e intitulado «Sabores Judaicos. Trás-os-Montes». O livro apresenta-se ilustrado com belas fotografias de Valter Vinagre, que se tem especializado neste tema.

A história da culinária BlogNov-08+006

Mas este é mais do que um livro de receitas. Na introdução as autoras explicam que pretenderam homenagear os cripto-judeus daquela região e recuperar a tradição, no que se refere aos costumes alimentares, que foram passando nas famílias de forma oral, ao longo dos séculos. Assim incluem uma primeira parte em que explicam as principais festas religiosas judaicas e os alimentos característicos de cada uma delas. Na segunda parte apresentam-se as receitas mencionadas por temas.

Porque a alimentação transmontana é extraordinariamente rica e mantém ainda características ancestrais é importante registá-la , antes que se vá adulterando ou perdendo.

A nossa história alimentar sofreu várias influências religiosas e pagãs e hoje somos o resultado de todas elas.
Não temos estudada a influência árabe na nossa alimentação, ao contrário dos espanhóis que já o fizeram, embora tenhamos a atenuante de uma menor influência. A comida judia, de que possuo alguns livros publicados nos Estados Unidos, nunca tinha sido abordada no nosso país sob este ponto de vista.
Foi por isso que adquiri este livro. Preenche uma lacuna na nossa história e a mim, pessoalmente, entusiasma-me ver a cozinha transmontana, uma das melhores do nosso país, assim enaltecida.

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Mensagem por Viriato Qua Abr 29, 2009 5:26 am

Concursos, Feiras, Festivais, Mercados, Mostras, Provas...!

Todos temos conhecimento da grande quantidade e diversidade de eventos relacionados com a Gastronomia, que proliferam neste País. Ficamos muitas vezes confusos com a designação do evento pois não são claras, nem idênticas, verificando as suas prestações, as designações habituais: concursos, feiras, festivais, mercados, mostras e provas.

Durante a curta existência da Comissão Nacional de Gastronomia ainda se elaborou um regulamento tipo para Concursos, tendo-se realizado um a nível nacional, sem grande sucesso especialmente por falta de meios da Comissão. A sua realização foi possível por generoso, e bem intencionado, voluntariado de muitos.

Muito se tem falado e escrito sobre a gastronomia enquanto elemento diferenciador da imagem turística de Portugal. No entanto é neste âmbito que existe a maior confusão, e logo pela utilização do termo gastronomia que muitas vezes deveria ser substituído por culinária, não havendo uma entidade reguladora que evite esta profusão de linguagem mal utilizada. Seria importante que o grande público entendesse o significado desta terminologia. Para cada evento deveriam estar definidos os seus objectivos e a designação encaixar com as regras estabelecidas pelo Turismo de Portugal, que só as apoiaria quando cumprissem o estabelecido.

Ousadamente proponho algumas definições na esperança que sirvam, pelo menos, para uma discussão sobre o assunto.

Concursos – eventos destinados a por à prova, para classificação, produtos, e ou confecções culinárias, e ou estabelecimentos de Restauração e Bebidas com divulgação dos resultados.

Feiras – eventos, associados a actos económicos, de venda de produtos e ou confecções culinárias, geralmente temáticos, obrigatoriamente efectuados por agentes económicos legalizados.

Festivais – eventos cujo objectivo principal será a apresentação de produtos e ou confecções culinárias, cujo objectivo principal seja a divulgação, ao qual deverão estar associados agentes económicos legalizados, se houver venda de produtos e ou serviços.

Mercados – eventos de cariz essencialmente económico, mesmo quando produzem reconstituições históricas. Envolvem exclusivamente agentes económicos.

Mostras – eventos destinados a dar a conhecer e promover produtos e ou confecções culinárias sem qualquer acto económico envolvido, e geralmente associados a degustações.

Provas – eventos cujo objectivo é a apresentação, e ou divulgação e promoção, consumo/degustação de produtos e confecções culinárias, no local. Estando associados à venda dos mesmos, é obrigatória a exclusiva competência de agentes económicos legalizados.

Quando se escreve culinária deve entende-se cozinha e pastelaria/doçaria. Todos estes eventos devem acautelar a não concorrência aos estabelecimentos locais, legais. Este conceito de Mercados, é para acções pontuais e não se devem confundir com mercados de calendário fixo. Em todos os eventos serão obrigatórios os licenciamentos previstos na Lei para garantir as boas práticas, e a qualidade, de higiene e segurança alimentar.

Para mim, Gastronomia é cada vez mais um fórum rigoroso, simples e significativo que revela a expressão de sociabilidade, que transforma a satisfação de uma necessidade de consumo, num acto de convivialidade.

Como já referi a Gastronomia pode ser um elemento diferenciador de um destino turístico, e portanto da sua identificação. Gastronomia tem o risco de ser uma arte efémera que apela a vários sentidos, dependendo do humor individual, e da respectiva educação do gosto, e é também função das expectativas.

Gastronomia é uma referência cultural e identificada nos aspectos geográficos, religiosos, económicos, artísticos e patrimoniais. É também através das Artes culinárias que se pode conhecer um local e o seu povo.

Depois temos naturalmente a dúvida: como garantir impacto com o produto gastronomia? Naturalmente com um diagnóstico da realidade. Primeiro deve começar-se pela formação e depois atacar com a promoção. Para isso é de bom senso apresentar com simplicidade, garantir a genuinidade ou a autenticidade, qualidade (e será sempre possível fazer a sua definição) entender as diferenças e transformar o produto num elemento inconfundível.

O que fazer? Exaltar o essencial, garantir todos os detalhes visuais e gustativos, dirigir o produto, e usar uma linguagem simples.

A promoção da Gastronomia é de carácter delicado pela necessidade de garantir que os agentes que prestam o serviço entendam a necessidade do rigor da sua execução. Nada pior que uma publicidade enganadora.

BOM APETITE!

©️ Virgílio Gomes
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Mensagem por Viriato Qua Abr 29, 2009 5:39 am

Soufflé

Era num desses países onde a tradição manda que o dono da casa, no início dos jantares formais, diga sempre umas palavras sobre cada um dos convidados, sem nenhuma excepção. O exercício parece fácil mas, para um embaixador estrangeiro, para quem muitas das pessoas presentes eram conhecimentos recentes, alguns com nomes bizarros, a tarefa era sempre algo complicada. O recurso a uma "cábula", discretamente colocada em frente do anfitrião, costumava ser a solução tradicional.

Mas o nosso embaixador - porque é de um embaixador português que falamos - rapidamente perdeu a paciência para seguir, nos seus jantares, o protocolo local e decidiu-se por um expediente, que considerou ser uma imbatível trouvaille. Um dia, levantou-se ainda antes do início da refeição, e disse: "Eu teria muito gosto de falar sobre cada um dos convidados, como mandam as regras locais, mas acabo de saber de um impedimento que, julgo, todos compreenderão: há um soufflé a sair! Ora um soufflé, como é sabido, não pode esperar e afirmam-me da cozinha que está pronto a ser servido. Assim considerem-se todos cumprimentados... e bom apetite!"

Os convidados entenderam a pressa do embaixador e o jantar decorreu da melhor forma. Tudo estaria muito bem se o embaixador não tivesse decidido enveredar, nos jantares seguintes, e quase sistematicamente, pela repetição do "truque" que lhe permitia evitar o discurso. Só que não se dava conta que alguns dos convidados eram, por vezes, os mesmos e, por isso, já tinham ouvido a estafada história do soufflé. Que se tornou famosa no corpo diplomático local...

Há uns anos, regressei a essa cidade e jantei com um desses convivas, que logo me perguntou: "Que é feito daquele simpático embaixador português que, durante anos, para evitar fazer discursos, dava sempre soufflé como entrada?"

Postado por Francisco Seixas da Costa
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Mensagem por Admin Seg maio 04, 2009 1:38 pm

o tema é interessante
LIMPEI varios POSTS par nao tirar a qualidade ao exposto
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Mensagem por Viriato Seg maio 04, 2009 3:34 pm

História da Culinária


Há muitos Séculos atrás o Homem inventou formas de provocar o Fogo.



(Não vamos exagerar, atribuindo a descoberta do fogo à Culinária, pois o homem já conseguia subsistir comendo alimentos crus; certamente descobriu que os fogos que se acendiam espontaneamente (por efeito de trovoadas, etc.) geravam calor, e procurou recriar esse quentinho dentro das cavernas onde se abrigava; certo dia, alguém deve ter deixado cair um bocado de alimento numa dessas fogueiras e descobriu que, a comida assim, sabia muito melhor (foi o Inventor da Culinária). A partir de então, não pararam de criar novos pratos : em seguida, devem ter descoberto que, os alimentos pendurados sobre o fumo se conservavam muito mais tempo, e logo inventaram os fumeiros. Quando começaram a fabricar vasilhas (de barro, de cobre, de ferro, etc. - consoante as Idades), devem ter experimentado colocá-las sobre o lume para aquecerem água e, alguém deve ter deixado cair algum alimento para dentro da água a ferver (nessa altura, à falta de laboratórios, as descobertas eram sempre acidentais),e virem a descobrir a cozedura. Quando, mais tarde, inventaram os fornos, primeiro para derreterem minérios ou fazerem carvão e, mais tarde, para cozerem pão, alguém se lembrou de meter também alimentos lá dentro, e logo inventou os assados.

Na busca de novos alimentos, muitos devem ter adoecido ou, até, morrido envenenados.

Outros descobriram a fermentação das uvas, da cevada, etc. e, posteriormente, a destilação

de várias bagas (e, a partir daí, nunca mais deixaram de andar "de ladecos").

Posteriormente, a Culinária foi evoluindo até se chegar ao requinte dos Banquetes Palaci-

anos da Renascença, ou da Doçaria-Conventual.

Grandes Chefs foram surgindo e criando novas Receitas, novas Ementas, novas formas de combinar sabores, odores e texturas, novas apresentações e decorações dos empratamen -tos, etc., e são hoje tão famosos como as grandes Personalidades.

Criaram-se, entretanto, Especialidades como Chefe de Mesa, Escanção, Barman, etc.

E, depois de todos estes Milénios de experimentação e aperfeiçoamento desta Arte, já há quem prefira regressar ao comer à mão, de pé, de qualquer maneira e em qualquer lugar.


http://bocasfoleiras.blogs.sapo.pt/

E, depois de todos estes Milénios de experimentação e aperfeiçoamento desta Arte, já há quem prefira regressar ao comer à mão, de pé, de qualquer maneira e em qualquer lugar.

É o chamado regresso ás origens.....
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Mensagem por Viriato Ter maio 26, 2009 2:45 am

Peso

Há umas semanas, na qualidade de embaixador de Portugal em França, fui simpaticamente convidado a integrar uma prestigiada confraria gastronómica francesa, a "Académie des Psychologues du Goût", instituição de reuniões aperiódicas, cuja fundação data de 1923, e que integra essa sumidade nacional das coisas da mesa que é José Bento dos Santos - sendo nós dois, aliás, os únicos estrangeiros "em exercício".

No final de semana passado, e como reconhecimento pelo facto de terem sido os judeus portugueses, perseguidos pela Inquisição, a trazerem para França a tradição do chocolate, Portugal foi o país convidado de honra das "Jornadas do Chocolate" de Bayonne e o embaixador de Portugal foi então entronizado como novo membro da Academia do Chocolate, função cujo conteúdo operacional terá ainda que ser aquilatado.

Também por estas razões, começo a entender melhor que este posto de Paris constitui uma responsabilidade de peso...

Postado por Francisco Seixas da Costa
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Mensagem por Viriato Ter maio 26, 2009 3:29 am

NÃO À PISCIPEDOFILIA

«O nosso maior erro gastrocultural é tabu mas aqui vai: é uma enormidade comermos sardinhas na Primavera e no Verão. Elas só ficam boas lá para Setembro. Mas nós, apanhados pelo remoinho de ganância, saudade e folclore que afoga a alma portuguesa, desatamos a comê--las em Abril, mal as desgraçadas petingam, numa orgia pedofilíaca que já nos garantiu uma sentença colectiva de morte no tribunal de Neptuno.

Quando as sardinhas atingem o apogeu, já nós estamos fartos delas. Vão direitinhas para as latas. É por isso que as conservas portuguesas são tão apreciadas por esse mundo fora: são os estrangeiros que comem as sardinhas crescidas que conseguiram escapar à nossa impaciente chacina de jovens inocentes. É por isso, também, que estranhamos o facto de as sardinhas congeladas serem muitas vezes melhores do que as frescas: porque foram congeladas quando estavam perfeitas (em Setembro e Outubro), muito depois de as termos comido frescas mas subdesenvolvidas (de Abril a Julho).

Os Santos Populares que tenham paciência. Troquem-se bulímicos carapaus pelas sardinhas anoréticas. Deixemos crescer as bichas. Deixem-nas comer à vontade, para ficarem rabudas e boas. E complexadas de estarem tão gordas, que é para se atirarem para as redes em vertigem suicida. Não continuemos a ser piscívoros adolescentes. Aprendamos a dominar a nossa ansiedade sardínea: é o equivalente gastronómico da ejaculação precoce. Não é mau de todo, mas podia ser muito melhor. »

Por Miguel Esteves Cardoso
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