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Agricultura mundial: compreender para mudar

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Mensagem por Viriato Sáb Jul 12, 2008 2:29 pm

Agricultura mundial: compreender para mudar

Entre 1800 e 2000, a população mundial aumentou seis vezes para 6 biliões de pessoas e a produção de bens alimentares e matérias-primas agrícolas aumentou 10 vezes. Existem ainda cerca de 800 milhões de pessoas subalimentadas, mas esse número diminuiu de um quarto desde 1970. Tudo isto foi conseguido com menos gente a trabalhar a terra, que se mudou para viver melhor nas cidades, e deixando melhores condições aos que ficaram para trás. Esta verdadeira revolução verde, que não pode passar despercebida, é contada de forma clara e concisa no livro de Giovanni Federico, Feeding the World. An Economic History of Agriculture, 1800-2000, Princeton, 2005.

Para melhor compreender a transformação da agricultura mundial, este livro fornece a mais exaustiva recolha de dados sobre a evolução da produção, da produtividade do trabalho e da terra, e descreve a evolução do uso de técnicas agrícolas, adubos e maquinaria, assim como das transformações institucionais e da política económica. Trata-se de um trabalho que está na esteira de outros excelentes estudos sobre a agricultura mundial mas que pela primeira vez nos faz recuar ao tempo do início das industrializações europeias. O livro trata de uma história de sucesso, a qual se deveu ao génio de milhões de pessoas laborando arduamente para se libertarem das grilhetas da subnutrição e do trabalho pesado. Grande parte do que foi conseguido, foi conseguido pelos mercados, evidentemente. Os Estados também tiveram o seu papel, garantindo, por vezes em ocasiões importantes, a "segurança alimentar" das populações, e promovendo algum desenvolvimento institucional.

Mas os Estados também usaram a agricultura como arma política a nível nacional e internacional e uma das coisas que mais carece de mudança actualmente é, precisamente, a alteração do tipo de intervenção de alguns estados na agricultura. Federico nota neste seu livro que os níveis de protecção à agricultura são historicamente maiores nos países mais desenvolvidos - ao contrário do que acontece com a protecção à indústria (p. 215). É isso que se passa com a União Europeia, os Estados Unidos e o Japão. A protecção agrícola dos países mais ricos afecta negativamente o resto do Mundo e é cada vez maior a pressão para acabar com ela. Não é todavia uma tarefa fácil, pois há muitos milhares de eleitores que se podem virar contra governos reformistas. Para além disso, a simples liberalização dos mercados agrícolas dos países ricos não é panaceia para resolver os problemas da agricultura mundial.

O livro é particularmente pertinente para compreender um dos principais problemas da actual economia internacional e há uma coisa que ele mostra, na sua perspectiva histórica: se as deixarem trabalhar e se lhes derem condições mínimas, não há razão para que as gentes que ainda estão nas terras não façam o mesmo que os seus antepassados, produzindo o que é necessário para alimentar aqueles que vivem de outras ocupações.



Não é difícil ler este trabalho. Mesmo para quem não domine perfeitamente o inglês, como é o meu caso, compreende-se perfeitamente. Os livros técnicos têm essa vantagem. São universais. Essencial para quem quiser compreender os fenómenos de fome do nosso mundo.
Viriato
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