Shô doctor se eu não comesse o raio da comida da comunicação, que mal padecia???

Caso Isaltino


Isaltino Morais. Quem ainda dá a cara pelo autarca condenado

por Kátia Catulo, Publicado em 05 de Agosto de 2009


Isaltino Morais pede a justiça do povo, contra a sentença do tribunal. Oeirenses como Eunice Muñoz ou Otelo dizem sim ao autarca




Isaltino Morais só aceita a justiça dos eleitores. Resta ver quem vai votar no candidato independente à presidência da Câmara de Oeiras, apesar de ter sido condenado a sete anos por corrupção passiva, abuso de poder e fraude fiscal. A avaliar pela opinião de alguns ilustres oeirenses, contactados pelo i, há quem esteja disposto a isso. A justiça dos tribunais nada tem a ver com a sua opção. Isaltino Morais é "o melhor autarca" para
todos eles - e isso basta.

As actrizes Eunice Muñoz e Rita Salema, o apresentador de televisão José Figueiras e o capitão de Abril Otelo Saraiva de Carvalho não duvidam, nem por um segundo, que vão votar no actual presidente da Câmara de Oeiras. Rita Salema sempre votou em Isaltino Morais e assim continuará até "prova contrária". A actriz ainda tem esperança que o autarca de Oeiras consiga demonstrar a sua inocência e que os juízes se tenham "enganado" na sentença: "Quero acreditar que a justiça falhou e continuar a viver num concelho com espaços verdes limpos, edifícios bem conservados, ou estradas sem buracos."

José Figueiras assume publicamente: "Isaltino é um dinossauro camarário e se ele se candidatar, vou apoiá-lo e votar nele, não tenho problemas em dizer isto para toda a gente ouvir. O melhor que Oeiras tem deve-se a ele. É a verdade." Otelo Saraiva de Carvalho, residente em Oeiras há 36 anos, também não hesita: "Enquanto homem desconheço. Enquanto autarca, Isaltino Morais tem o meu voto sempre. Aliás, já tive oportunidade de lhe dizer isso: voto nele enquanto se candidatar porque é o melhor presidente da Câmara que conheço." O fim das barracas, os parques empresariais, a inovação, a tecnologia, os espaços verdes - do Passeio Marítimo ao Parque dos Poetas - são obras que levam o capitão de Abril a votar no autarca "perfeito".

Oeiras também é um concelho de música, festivais, teatros e galerias de arte. Eunice Muñoz - que deu o nome a um teatro da cidade - é a primeira a invocar a cultura como marca do autarca. A actriz, que já apoiou Santana Lopes, põe a política à frente da justiça e apoia a candidatura de Isaltino: "A enorme obra em que ele transformou este concelho diz tudo sobre a sua capacidade como presidente. Já o apoiei antes e continuo a dizer que, se ele se candidatar, voto nele."

Modelo Que Oeiras é um dos melhores concelhos para residir, todos concordam. Não é por acaso que é a 13.a melhor cidade portuguesa, segundo o índice concelhio de Qualidade de Vida elaborado em 2007 pela Universidade da Beira Interior. Ou que tem o mais elevado rendimento médio mensal do país (1425,60 euros) de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística. Ou, ainda, que concentra o maior número de trabalhadores qualificados - 7% dos licenciados do país trabalham no município.

Todos reconhecem que o actual presidente de câmara é o responsável por colocar Oeiras nos concelhos mais cobiçados. Mas nem todos estão convencidos de que isso chega para elegê-lo outra vez. A artista plástica Joana Vasconcelos defende que a justiça "é para respeitar" e, como tal, já não vai votar em Isaltino Morais. O basquetebolista internacional Carlos Seixas avisa que só voltará a apoiar o autarca no dia em a "sua inocência ficar provada em tribunal" e o DJ Tó Ricciardi tem por regra "nunca votar em quem a Justiça condenou". Já o director dos canais temáticos da SIC, Pedro Boucherie Mendes, diz "preferir um candidato menos competente, mas com uma folha limpa".

Seja qual for o veredicto dos eleitores, certo é que, após uma semana de descanso, os advogados Rui Elói Ferreira e Carlos Pinto de Abreu começam segunda-feira a preparar o recurso da decisão que condenou Isaltino Morais. "Há muita matéria de direito a analisar e temos de estudar muito bem a argumentação", explica Rui Ferreira. Será reunida uma equipa para estudar o acórdão em que o colectivo de juízes do Tribunal de Sintra não esconde o que pensa do autarca: "O arguido não denotou possuir consciência crítica do desvalor da sua conduta, antes desresponsabilizando-se da mesma e escudando-se na "filosofia" de que "não paguei porque ninguém paga". As férias judiciais jogam a favor da defesa do autarca, já que apenas a 1 de Setembro começa a contar o prazo de 30 dias para apresentação de recurso, que pode ser prorrogado até 60.

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