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"Reacção à Grécia foi lenta"

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Mensagem por Vitor mango Dom maio 09, 2010 1:08 am

"Reacção à Grécia foi lenta"
00h58m
PEDRO ARAÚJO

László Andor (44 anos) é um dos 26 titulares liderados pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. De origem húngara e economista de formação, o comissário europeu do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão passou por Portugal e transmitiu ao JN a sua perspectiva sobre a actual crise económica e financeira, com óbvios reflexos sociais.

Podemos deduzir das previsões da Primavera da Comissão Europeia que Portugal não conseguirá travar o desemprego nos próximos anos. Com um crescimento ténue da riqueza, qual é saída para o nosso país?

Para nós é claro que a queda do PIB português ao longo dos últimos três anos se situou abaixo da média europeia e o desemprego não destoa muito das taxas de outros países da União Europeia (UE). Não podemos, portanto, dizer que Portugal sofreu excessivamente com a actual crise económica e financeira. Na maioria dos Estados-membros da UE, o PIB crescerá um pouco já este ano. No entanto, há um efeito desfasado no tempo que afectará o crescimento do emprego, embora este indicador deva já ser positivo, para alguns países da UE, no próximo ano. Poderão ocorrer algumas excepções se a incerteza e a especulação contra o euro prosseguirem.

A situação da Grécia teve um efeito de contágio imprevisível?

Embora inesperada para muitos, a situação grega não era totalmente imprevisível, A crise de liquidez surgiu quando foi revelado que o Governo grego não estava a ser inteiramente verdadeiro quanto às contas públicas.

Considera que tem havido uma especulação injustificada nos mercados da dívida e bolsista em torno da Grécia e de Portugal?

Não podemos comparar a actual situação com o que aconteceu na Europa de Leste 18 meses antes. Quando o gigante da banca norte-americana Lehman Brothers faliu, houve vários países atacados pelos mercados financeiros, e a Hungria foi o primeiro. A diferença é que a intervenção da UE e do FMI nesses países do Leste europeu demorou só duas ou três semanas.

Mas com a Grécia, as reacções foram mais lentas…

Exacto. Depois do último ano e meio, podemos dizer que uma intervenção muito mais rápida na Grécia poderia ter evitado o efeito de contágio na Europa. Mas o importante é que agora já há um compromisso político para resolver não só a situação grega como também reforçar a união económica e monetária. Foi pedido ao presidente do Conselho Europeu que apresentasse propostas que reforcem os mecanismos de controlo na Zona Euro.

Como economista, não acha que as regras do Pacto de Estabilidade estão a ir contra o princípio teórico segundo o qual o défice não é um problema em tempos de crise?O país empobrece com as medidas mais duras do Governo e não podemos mexer no câmbio, parecendo que a deflação (baixa dos preços em contexto de baixa actividade económica) é a única saída.

Não é uma questão a que possa responder de forma completa. É verdade que, no papel, o Pacto de Estabilidade é muito rígido. Mas a realidade é que durante os últimos 10 anos, a adaptação do Pacto sempre teve em conta a realidade económica e social em concreto. O problema é que antes do euro, os câmbios eram parte das políticas macroeconómicas dos Estados, mas com adesão à Zona Euro os países membros abdicaram da valorização ou depreciação da moeda. O meu colega Olli Rehn, responsável pelos Assuntos Económicos e Monetários, sugeriu recentemente instrumentos como a vigilância apertada das contas públicas e o mecanismo de resposta à crise.

O objectivo é flexibilizar o Pacto de Estabilidade?

Pode parecer uma contradição. Mas quanto mais forte for a governação económica, mais flexível será a sua aplicação e mais fácil a adaptação ao caso concreto de cada país. Mas, de facto, não está respondido como é que os Estados-membros da Zona Euro podem evitar a deflação, uma vez que a valorização ou desvalorização da moeda deixou de ser um instrumento de política macroeconómica.

Como avalia as actuais políticas de emprego em Portugal?

A Comissão tem uma informação actualizada sobre as políticas implementadas em Portugal. As decisões que são necessárias no actual contexto têm dois aspectos: o fiscal e o da justiça social. O primeiro liga-se com a necessidade de diminuir gradualmente o défice. O segundo aspecto tem a ver com o facto de o fardo deste exercício ter de ser carregado por todos e seria injusto esperar um maior contributo por parte dos mais pobres, sobretudo dos desempregados. Mas os incentivos à procura mais activa de emprego também são necessários.

Como avalia o Fundo Europeu de Globalização (FEG) que também tem apoiado desempregados em Portugal?

O FEG balanço do FEG é muito positivo. As multinacionais retiram-se da Europa, causando a perda de centenas ou milhares de empregos. Como resultado da crise, as condições de acesso ao FEG passaram a ser mais fáceis. Estive agora na Suécia, onde o FEG foi usado para apoiar ex-trabalhadores de uma empresa automóvel que se deslocalizou. Estão a receber apoio financeiro e formação. Temos de reconhecer que o FEG continuará a ser necessário nos próximos anos.
Vitor mango
Vitor mango

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