A salicórnia ou cachelro
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A salicórnia ou cachelro
A salicórnia ou cachelro
Numa visita às salinas da Figueira do Foz e ao Núcleo Museológico do Sal, que recomendo, tomei conhecimento com uma planta designada salicórnia e que naquela região tem também a designação de cachelro.
É uma planta anual que cresce nas salinas mas também nos sapais, e nas arribas temporariamente encharcadas por água salgada ou salobra ou que sofrem o efeito da maresia. É uma planta carnuda, um pouco semelhante aos espargos selvagens, razão porque também é conhecida por espargos do mar.
Deve ser colhida no fim da Primavera ou início do Verão, porque depois se torna mais fibrosa. Sempre me fascinaram as plantas que se adaptam a habitats difíceis e esta é uma delas. Tem a grande vantagem de ser comestível, apresentando fresca um sabor salgado, dispensando por isso o uso do sal.
Com o aquecimento global e a carência de água doce a cultura de plantas halófitas (isto é que crescem em solo salgado), como a salicórnia, para uso como fonte alimentar é extremamente atractiva e há já nalguns países campos de cultura desta planta. Para além de fonte alimentar pode também ser convertida em “biofuel”.
Do ponto de vista ecológico a sua produção em campos ajuda a diminuir as quantidades de dióxido de carbono e a ajustar o nível dos mares, que têm vindo progressivamente a subir.
Portanto, apesar de ser uma planta antiga, tem agora possibilidades futuras de desenvolvimento.
Vejamos o seu uso como alimento: Do ponto de vista calórico 75g (1/2 chávena) têm 100 calorias, 70 g de sódio (cerca de 3% da nossa ingestão diária), hidratos de carbono 2,5 g e 10 g de proteínas. É portanto uma planta rica em proteínas. Pode ser comida crua, cortada em pedaços e misturada em saladas, por exemplo com tomate, ou outros legumes. Temperar como habitualmente, mas omitir o sal. Pode também ser cozida e nesse caso utiliza-se sobretudo em pratos de peixe ou por exemplo com mexilhões. Pode cozer-se ao vapor, no microndas ou alourar-se em manteiga ou azeite para acompanhar salmão ou outro peixe. Usa-se também para quiches ou pratos de ovos. Ainda se pode adicionar em molhos como o molho tártaro ou molhos de iogurte.
Ainda só a experimentei crua mas logo vou fazer uma omelete. E como consegui uma quantidade razoável vou experimentar fazer pickles. Andei à procura de receitas de pickles de salicórnia. Encontrei poucas mas todas diferentes. Uns deixam a salicórnia com sal durante 24 horas e cozem-na depois. No final adicionam o vinagre. Outros cozem-na no vinagre.
Já me decidi e não vou usar nenhuma das receitas. Vou fazer como faço com alguns legumes, como a couve-roxa. Costumo deixá-los macerar em sal, passo que vou saltar dado o seu teor elevado em sal. Fervo o vinagre com açúcar e especiarias e quando estiver pronto (cerca de 10 minutos), deito-o, ainda quente, nos frascos onde já introduzi a salicórnia. Daqui a umas 3-4 semanas vou poder dizer se esta receita é boa.
Pickles de salicórnia
Ficaram prontos os pickles de salicórnia. Agora há que esperar que se impregnem de vinagre e fiquem saborosos.
Pela foto pode ver-se como o vinagre aquecido lhe mudou a cor, passando de um verde vibrante para um verde escuro, que lhes dá agora um aspecto de algas.
Quando estava a fazer os pickles pensei: quantas pessoas no mundo estarão a fazer pickles de salicórnia?.
Quando nasce uma criança ou morre uma pessoa acontece, ao mesmo tempo, o mesmo a milhões de pessoas em todo o mundo.
Mas a fazer pickles de salicórnia nesse preciso momento serão seguramente poucas.
Este pensamento deu-me uma sensação de isolamento estranha.
Publicada por Ana Marques Pereira
Numa visita às salinas da Figueira do Foz e ao Núcleo Museológico do Sal, que recomendo, tomei conhecimento com uma planta designada salicórnia e que naquela região tem também a designação de cachelro.
É uma planta anual que cresce nas salinas mas também nos sapais, e nas arribas temporariamente encharcadas por água salgada ou salobra ou que sofrem o efeito da maresia. É uma planta carnuda, um pouco semelhante aos espargos selvagens, razão porque também é conhecida por espargos do mar.
Deve ser colhida no fim da Primavera ou início do Verão, porque depois se torna mais fibrosa. Sempre me fascinaram as plantas que se adaptam a habitats difíceis e esta é uma delas. Tem a grande vantagem de ser comestível, apresentando fresca um sabor salgado, dispensando por isso o uso do sal.
Com o aquecimento global e a carência de água doce a cultura de plantas halófitas (isto é que crescem em solo salgado), como a salicórnia, para uso como fonte alimentar é extremamente atractiva e há já nalguns países campos de cultura desta planta. Para além de fonte alimentar pode também ser convertida em “biofuel”.
Do ponto de vista ecológico a sua produção em campos ajuda a diminuir as quantidades de dióxido de carbono e a ajustar o nível dos mares, que têm vindo progressivamente a subir.
Portanto, apesar de ser uma planta antiga, tem agora possibilidades futuras de desenvolvimento.
Vejamos o seu uso como alimento: Do ponto de vista calórico 75g (1/2 chávena) têm 100 calorias, 70 g de sódio (cerca de 3% da nossa ingestão diária), hidratos de carbono 2,5 g e 10 g de proteínas. É portanto uma planta rica em proteínas. Pode ser comida crua, cortada em pedaços e misturada em saladas, por exemplo com tomate, ou outros legumes. Temperar como habitualmente, mas omitir o sal. Pode também ser cozida e nesse caso utiliza-se sobretudo em pratos de peixe ou por exemplo com mexilhões. Pode cozer-se ao vapor, no microndas ou alourar-se em manteiga ou azeite para acompanhar salmão ou outro peixe. Usa-se também para quiches ou pratos de ovos. Ainda se pode adicionar em molhos como o molho tártaro ou molhos de iogurte.
Ainda só a experimentei crua mas logo vou fazer uma omelete. E como consegui uma quantidade razoável vou experimentar fazer pickles. Andei à procura de receitas de pickles de salicórnia. Encontrei poucas mas todas diferentes. Uns deixam a salicórnia com sal durante 24 horas e cozem-na depois. No final adicionam o vinagre. Outros cozem-na no vinagre.
Já me decidi e não vou usar nenhuma das receitas. Vou fazer como faço com alguns legumes, como a couve-roxa. Costumo deixá-los macerar em sal, passo que vou saltar dado o seu teor elevado em sal. Fervo o vinagre com açúcar e especiarias e quando estiver pronto (cerca de 10 minutos), deito-o, ainda quente, nos frascos onde já introduzi a salicórnia. Daqui a umas 3-4 semanas vou poder dizer se esta receita é boa.
Pickles de salicórnia
Ficaram prontos os pickles de salicórnia. Agora há que esperar que se impregnem de vinagre e fiquem saborosos.
Pela foto pode ver-se como o vinagre aquecido lhe mudou a cor, passando de um verde vibrante para um verde escuro, que lhes dá agora um aspecto de algas.
Quando estava a fazer os pickles pensei: quantas pessoas no mundo estarão a fazer pickles de salicórnia?.
Quando nasce uma criança ou morre uma pessoa acontece, ao mesmo tempo, o mesmo a milhões de pessoas em todo o mundo.
Mas a fazer pickles de salicórnia nesse preciso momento serão seguramente poucas.
Este pensamento deu-me uma sensação de isolamento estranha.
Publicada por Ana Marques Pereira
Viriato- Pontos : 16657
Re: A salicórnia ou cachelro
amen
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117360
Re: A salicórnia ou cachelro
Já provei esses pickles salicórnia num restaurante da Figueira.
Realmente tem um sabor diferente, mas não passam de pickles.
Realmente tem um sabor diferente, mas não passam de pickles.
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"O mal de muita gente não é a falta de ideias, mas um excesso de confiança nas poucas que tem"
QaaQenymin- Pontos : 2287
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