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Oriente Médio: confusão total entre EUA e aliados

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Oriente Médio: confusão total entre EUA e aliados Empty Oriente Médio: confusão total entre EUA e aliados

Mensagem por Vitor mango Sex Jun 24, 2011 4:43 am

Oriente Médio: confusão total entre EUA e aliados







Parece que quase ninguém concorda com os Estados Unidos nem segue sua linha.


Publicada: 25/04/2011 - 01h04m|Fonte: Carta Maior|Oriente Médio: confusão total entre EUA e aliados Int_print_2Versão para impressão|Oriente Médio: confusão total entre EUA e aliados Com_ico_20 comentário(s)



  • Oriente Médio: confusão total entre EUA e aliados 2825.MM
  • Immanuel Wallerstein



Nos últimos 50 anos, a política dos EUA no Oriente Médio foi
construída a partir de estreitos laços com três países: Israel, Arábia
Saudita e Paquistão.


Em 2011, essa política apresenta diferenças significativas com esses
três países. Além disso, tem divergências públicas também com
Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, China e Brasil acerca de suas
atuais políticas na região. Parece que quase ninguém concorda com os
Estados Unidos nem segue sua linha.



Nos últimos 50 anos, a política dos Estados Unidos no Oriente Médio
foi construída a partir de estreitos laços com três países: Israel,
Arábia Saudita e Paquistão. Em 2011, essa política apresenta diferenças
significativas com esses três países.



Além disso, tem divergências públicas com Inglaterra, França,
Alemanha, Rússia, China e Brasil acerca de suas atuais políticas na
região. Parece que quase ninguém concorda com os Estados Unidos nem
segue sua linha. É possível ouvir a frustração do presidente dos EUA, do
Departamento de Estado, do Pentágono e da CIA, que percebem que a
situação está fugindo do seu controle.



Por que os EUA criaram essa aliança tão estreita com Israel é
um assunto de muito debate. Mas é visível que nos últimos anos essa
relação vem se tornando cada vez mais tensa. Israel conta com a

ajuda
financeira e militar dos EUA e com seu veto sempre fiel no Conselho de
Segurança da ONU. O que ocorreu agora é que tanto os políticos
israelenses como sua base de apoio nos EUA se moveram de forma constante
para a direita. Israel se mantem firme em duas coisas: as eternas
demoras para estabelecer negociações sérias com a Palestina e a
esperança de que alguém bombardeie os iranianos. Obama tem se movido na
direção oposta, pelo menos até onde permite a política interna
estadunidense.


As tensões são fortes e Netanyahu está rezando, se é que reza, para
que haja uma vitória republicana em 2012. No entanto, o momento da crise
pode vir antes disso, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas votar
pelo reconhecimento da Palestina como estado membro. Os EUA se
encontrarão em uma posição perdedora, ao lutarem contra isso.



A Arábia Saudita vem tendo uma confortável relação com Washington
desde que o presidente Franklin Delano Roosevelt se reuniu com o rei
Abdul Aziz em 1945. Eles foram capazes de controlar a política
petroleira em todo o mundo. Colaboraram em assuntos militares e os
Estados Unidos contaram com os sauditas para manter sob controle os
regimes árabes. Mas agora o regime saudita sente-se bastante ameaçado
pela segunda revolta árabe. Ficou muito contrariado pela aprovação da
derrubada de Mubarak e pelas críticas estadunidenses – por mais leves
que tenham sido – à intervenção saudita no Bahrein. As prioridades dos
dois países são agora bastante diferentes.





Na
era da Guerra Fria, quando Washington considerava que a Índia estava
muito próxima da União Soviética, o Paquistão obteve o respaldo pleno
dos EUA (e da China), sem importar que regime estivesse no poder.
Trabalharam juntos para apoiar os mujahedins no Afeganistão e forçaram a
retirada das tropas soviéticas. É de se supor que trabalharam juntos
para impulsionar o crescimento da Al-Qaeda. Duas coisas mudaram. Na era
pós-Guerra Fria, os EUA desenvolveram relações muito mais cordiais com a
Índia, para frustração do Paquistão. Além disso, Paquistão e EUA estão
em forte desacordo acerca de como manejar a sempre crescente força da
Al-Qaeda e dos talibãs no Paquistão e no Afeganistão.


Um dos principais objetivos da política externa dos EUA desde o
colapso da União Soviética tem sido evitar que os países europeus
desenvolvam políticas autônomas. Mas agora os três principais países
europeus – Inglaterra, França e Alemanha – estão desenvolvendo suas
próprias políticas. Nem a linha dura de George W. Bush nem a diplomacia
mais suave de Barack Obama parecem ter diminuído o ritmo desta
tendência. O fato de que França e Inglaterra peçam agora aos EUA para
assumir uma liderança mais ativa na luta contra Kadafi e o fato de a
Alemanha dizer mais ou menos o oposto é menos importante que o fato de
que os três estão dizendo estas coisas em voz alta e forte.



Rússia, China e Brasil jogam todas suas cartas em termos de
suas relações com os EUA. Nos dias que correm, esses três países se
opõem a quase todas as posições estadunidenses. Podem não ir às últimas
consequências (não fazem uso de seu veto no Conselho de

Segurança,
no caso dos dois primeiros) porque os EUA ainda têm garras que pode
utilizar. Mas certamente não estão cooperando. O fiasco da recente
viagem de Obama ao Brasil, onde pensou que podia iniciar um novo enfoque
com a presidenta Dilma Rousseff – e não conseguiu – mostra a pouca
influência que os EUA têm na atualidade.


Por fim, a política interna dos EUA também mudou. A política
externa bipartidária converteu-se em memória histórica. Agora, quando
Washington vai à guerra com a Líbia, as pesquisas de

opinião
mostram apenas 50% de respaldo por parte da população. E os políticos
de ambos partidos atacam Obama por ser demasiado “falcão” ou demasiado
“pomba”. Todos tentam tirar algum proveito com essas críticas. Isso pode
fazer com que o presidente Obama se veja forçado a aumentar o
envolvimento estadunidense em toda a região, exacerbando as reações
negativas de todos os que, alguma vez, foram aliados.


É bem conhecido que Madeleine Albright disse que os Estados Unidos
eram a nação indispensável. Segue sendo ainda o gigante do cenário
mundial. Mas é um gigante torpe, inseguro sobre onde vai e como faz para
ir. A medida da decadência estadunidense é o grau no qual seus antigos
aliados mais próximos estão prontos para desafiar seus desejos e dizê-lo
de forma pública. A medida da decadência estadunidense é expressa
também pelo grau no qual não se sente capaz de expressar em público o
que está fazendo e insistir que, na verdade, tudo está sob controle. O
fato é, por exemplo, que os EUA tiveram que aportar uma grande soma em
dinheiro para tirar da prisão um agente da CIA no Paquistão.



As consequências disso tudo? Muito mais anarquia global. Quem se
beneficia desse quadro? Até o momento, essa é uma questão que permanece
muito aberta.




O artigo é de Immanuel Wallerstein - La Jornada


Tradução: Katarina Peixoto

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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Vitor mango
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