O erro lógico de Henrique Monteiro
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O erro lógico de Henrique Monteiro
O erro lógico de Henrique Monteiro
Ricardo Costa
9:06 Quinta, 5 de Dezembro de 2013 Última atualização há 31 minutos
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Ontem, o meu colega e amigo Henrique Monteiro voltou à carga sobre o fim do feriado do Primeiro de Dezembro, relevando dois pontos em defesa da sua tese: em primeiro lugar, o feriado acabou porque algum tinha que acabar e as outras datas seriam ainda mais difíceis de suspender; em segundo lugar, o Primeiro de Dezembro nunca foi um feriado consensual em Portugal, partindo de uma série de mistificações históricas e acabando ao colo de nacionalistas extremados, mais interessados em verter lágrimas pelo Quinto Império do que em celebrar a restauração da independência nacional.
Henrique Monteiro consegue ter uma certa razão nos dois pontos, mas apenas porque os coloca como abstrações puras, afastando-os das suas raízes históricas e definitivamente deslocados de qualquer plano social ou cultural.
No primeiro ponto, o do "mal menor" em relação aos feriados a suspender, isso é absolutamente evidente. Não há uma única razão séria que coloque uma data "artificial" como o 10 de Junho em vantagem sobre o Primeiro de Dezembro. Há, é certo, duas razões práticas inultrapassáveis: por um lado dá bastante mais jeito ir à praia em Junho do que em Dezembro, por outro o nosso protocolo de Estado está bem treinado a fazer comendadores no verão.
Mas é no segundo ponto que o Henrique comete o seu erro lógico. Ao tentar relativizar o fim do Primeiro de Dezembro, submete a data a um teste de pureza química a que não resistiriam muitas datas históricas, nossas ou de outras nações. É claro que a data decorre muito mais de uma construção posterior e é ainda mais claro que há outras datas apropriadas a celebrar a nossa história. Por exemplo, um leitor lembrou-me ontem a sua tese bem fundamentada a favor de celebrar Nuno Álvares Pereira, uma data que tem várias vantagens sobre o Primeiro de Dezembro, mas tem a enorme desvantagem de não existir como feriado tradicional.
E é este o ponto em que Henrique Monteiro comete o seu erro lógico. A questão não assenta em descobrir qual a data melhor para celebrar a identidade nacional ou sequer no seu significado ao longo das últimas décadas. A questão assenta apenas nas datas já existentes como feriado e no significado que podem ter para a identidade nacional.
Como o Henrique bem sabe, eu tenho um profundo desprezo pelo Estado Novo, horror aos nacionalismos radicais e muito pouca simpatia pela causa monárquica. Mas acontece que tenho ainda mais medo de um país que despreza a sua história e brinca com a sua identidade, sobretudo quando o faz em tempos de crise extrema ou de absoluta falta de esperança. Um país sem história é um país sem futuro.
Como jornalista da SIC, fiz anos a fio a cobertura das cerimónias do Primeiro de Dezembro, com meia dúzia de gatos pingados na Praça dos Restauradores, em Lisboa, e uns skinheads à espreita do outro lado do passeio. Testemunhei a irrelevância da celebração e o saudosismo de alguns participantes. Mas isso nunca me impediu de achar que a data era das mais relevantes da nossa história nem de ficar chocado com a facilidade com que o Governo "cedeu" a data ao primeiro pedido da troika.
O meu ponto é só este: não faz sentido acabar com uma data que os portugueses vão continuar a celebrar - mesmo que na aparente banalidade de mais um feriado - daqui por vários séculos e que vão seguramente restaurar dentro de muito poucos anos.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/o-erro-logico-de-henrique-monteiro=f844551#ixzz2makh9MGf
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117438
Re: O erro lógico de Henrique Monteiro
Não há uma única razão séria que coloque uma data "artificial" como o 10 de Junho em vantagem sobre o Primeiro de Dezembro. Há, é certo, duas razões práticas inultrapassáveis: por um lado dá bastante mais jeito ir à praia em Junho do que em Dezembro, por outro o nosso protocolo de Estado está bem treinado a fazer comendadores no verão.
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