Ignoro se o tamanho do sorriso
Página 1 de 1
Ignoro se o tamanho do sorriso
Lurdes Feio
51 min ·
Ignoro se o tamanho do sorriso que se abriu hoje na cara de Ana Dias, ao saber que a solidariedade popular aquém e além-fronteiras lhe salvará a casa de uma penhora do Fisco, será maior ou menor do que o sorriso que este desfecho terá aberto na cara do chefe da repartição de Finanças que lhe marcou a penhora por uma dívida de IUC de 1.900€. A única coisa que sei é que há mais 60.000 penhoras de imóveis por dívidas à Autoridade Tributária, de gente anónima, possivelmente desempregada e sem acesso a contas off-shore ou bons advogados, e como tal, impotente para se defender de responsáveis que justificam estas medidas com um argumento de peso: "a marcação de vendas é o mais eficaz instrumento de coerção do ponto de vista da cobrança das dívidas em execução fiscal" (sic). No caso desta viúva de 52 anos, que trabalha numa fábrica pelo salário mínimo e partilha a sua modesta casa com três filhos e duas netas, o método da AT foi sem dúvida eficaz: outros contribuintes se condoeram e pagaram a dívida do seu bolso. E é só isso que importa ao Fisco: cobrar. Se não houver salário de onde tirar, vai à poupança, e se esta não existir vai ao carro, e depois à mobília, e se nada disto funcionar, vai ao tecto onde o "caloteiro" se abrigar. Graças à caridade alheia, a viúva Ana Dias vai dormir hoje um dos mais felizes sonos da sua vida. Viu-se livre de ficar na rua com a família, por não ter pago IUC de dois automóveis que já tinha vendido há anos. E que interessa ao Fisco que ela não soubesse que não lhe bastava vender de boa fé, tinha de policiar a boa fé de quem lhe comprou as viaturas? Que interessa ao Fisco que ela hoje trabalhe dias inteiros a troco de um salário de miséria e tenha de alimentar tantas bocas? O que importa é que a ameaça deu frutos e alguém pagou. E quanto aos outros 60.000, alguém há-de pagar também, nem que esse ou outro alguém passe a dormir na rua. Até porque o Governo prometeu-nos devolver parte da taxa extraordinária de IRS, se nós colaborarmos na cobrança... Talvez assim nos devolvam 0,5% da taxa em 2016... Ou talvez não...
51 min ·
Ignoro se o tamanho do sorriso que se abriu hoje na cara de Ana Dias, ao saber que a solidariedade popular aquém e além-fronteiras lhe salvará a casa de uma penhora do Fisco, será maior ou menor do que o sorriso que este desfecho terá aberto na cara do chefe da repartição de Finanças que lhe marcou a penhora por uma dívida de IUC de 1.900€. A única coisa que sei é que há mais 60.000 penhoras de imóveis por dívidas à Autoridade Tributária, de gente anónima, possivelmente desempregada e sem acesso a contas off-shore ou bons advogados, e como tal, impotente para se defender de responsáveis que justificam estas medidas com um argumento de peso: "a marcação de vendas é o mais eficaz instrumento de coerção do ponto de vista da cobrança das dívidas em execução fiscal" (sic). No caso desta viúva de 52 anos, que trabalha numa fábrica pelo salário mínimo e partilha a sua modesta casa com três filhos e duas netas, o método da AT foi sem dúvida eficaz: outros contribuintes se condoeram e pagaram a dívida do seu bolso. E é só isso que importa ao Fisco: cobrar. Se não houver salário de onde tirar, vai à poupança, e se esta não existir vai ao carro, e depois à mobília, e se nada disto funcionar, vai ao tecto onde o "caloteiro" se abrigar. Graças à caridade alheia, a viúva Ana Dias vai dormir hoje um dos mais felizes sonos da sua vida. Viu-se livre de ficar na rua com a família, por não ter pago IUC de dois automóveis que já tinha vendido há anos. E que interessa ao Fisco que ela não soubesse que não lhe bastava vender de boa fé, tinha de policiar a boa fé de quem lhe comprou as viaturas? Que interessa ao Fisco que ela hoje trabalhe dias inteiros a troco de um salário de miséria e tenha de alimentar tantas bocas? O que importa é que a ameaça deu frutos e alguém pagou. E quanto aos outros 60.000, alguém há-de pagar também, nem que esse ou outro alguém passe a dormir na rua. Até porque o Governo prometeu-nos devolver parte da taxa extraordinária de IRS, se nós colaborarmos na cobrança... Talvez assim nos devolvam 0,5% da taxa em 2016... Ou talvez não...
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117360
Tópicos semelhantes
» O cinismo das promessas de apoio internacional Pagina principal / Mundo 20.05.2010 Fonte: Pravda.ru Aumentar tamanho Diminuir tamanho Versão impressa Páginas: 1 Últimas Notícias. Uma catástrofe num cantinho esquecido do mundo, geralmente
» Tamanho Penis – Aumentar Tamanho do Penis
» O sorriso
» Mexendo nos botões do humor
» Rasgue o sorriso
» Tamanho Penis – Aumentar Tamanho do Penis
» O sorriso
» Mexendo nos botões do humor
» Rasgue o sorriso
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos