Guerra entre farmacêuticas pode estar por trás do caso dos doentes em risco de ficarem cegos
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Guerra entre farmacêuticas pode estar por trás do caso dos doentes em risco de ficarem cegos
Guerra entre farmacêuticas pode estar por trás do caso dos doentes em risco de ficarem cegos
23.07.2009 - 13h44 Ana Machado
Há um só medicamento para o tratamento da degeneração macular da idade, patologia de que sofria um dos doentes que cegou depois de um tratamento feito no Hospital de Santa Maria. Chama-se Lucentis e também pode ser usado no tratamento da retinopatia diabética, apesar de não ter indicação específica para tal. Mas custa 900 euros e é da Novartis.
A alternativa mais barata pertence à rival Roche. Não é usado em oftalmologia. É dedicado ao tratamento do cancro da mama e colorectal. Mas é o mais frequentemente usado para as patologias às quais foram tratados os seis doentes de Santa Maria. Uma guerra entre farmacêuticas e os custos com o tratamento podem explicar o que se passou em Santa Maria.
A controvérsia em torno do uso do Avastin (bevacizumab) para o tratamento da degeneração macular da idade, ou DMI, como é conhecida a patologia entre os clínicos e especialistas, arrasta-se há vários anos.
Em Outubro de 2007, a Genentech, a empresa de biotecnologia que desenvolveu o Avastin desaconselhou o tratamento da DMI com Avastin, invocando razões de segurança. Isto mesmo antes de em Dezembro de 2008 terem sido registados os tais mais de 300 casos de doentes, de seis unidades de saúde canadianas, em que foram registados efeitos adversos após tratamento.
Um mês depois desta advertência feita pela Genentech, a Associação Americana de Oftalmologia reclamava e, num congresso alertava para o facto de a advertência da Genentech poder reduzir a presença do Avastin nas farmácias hospitalares e colocar em risco o tratamento dos doentes.
Mas a Genentech tinha já uma alternativa para o tratamento da DMI, aliás, a única desenvolvida especificamente para esta patologia, que tinha sido aprovada em Junho de 2006 pela FDA, a Autoridade para o Medicamento dos Estados Unidos. Chamava-se Lucentis (ranibizumab) e era um anticorpo monoclonal, à semelhança do Avastin.
Trata-se de uma categoria de medicamentos de última geração para o tratamento do cancro que usam clones, criados em laboratório de linfócitos b, anticorpos do nosso sistema imunitário, para destruir identificar proteínas específicas que identificam as células causadoras da patologia e promovendo uma estratégia de ataque que se tem provado muito eficaz. Mas, ao contrário do Avastin, o Lucentis é formado por moléculas mais pequenas, actuando melhor nas patologias oftalmológicas.
Há contudo um argumento de peso que fundamentava os receios dos clínicos. É que o preço do Lucentis é muito superior, custando este medicamento cerca de 900 euros, confirmou a Novartis Portugal ao PÚBLICO. “É um medicamento dirigido a um grupo muito restrito de pacientes e com custos de desenvolvimento muito elevados”, disse Luís Rocha, assessor da Novartis. Este facto levou os clínicos norte-americanos, na altura, a acusar a Genentech de colocar o lucro à frente do interesse dos doentes.
Mas não há aqui só uma guerra em torno dos atributos clínicos dos dois medicamentos. Ainda em Junho de 2003, quando o Lucentis estava em fase III de ensaios clínicos, já a Genentech tinha vendido os direitos exclusivos de venda do Lucentis à Novartis Ophthalmics para fora dos Estados Unidos. E em Março deste ano a Roche acabaria por comprar a Genentech, numa das maiores fusões entre farmacêuticas do ano, por 46,8 mil milhões de dólares. Estas movimentações fazem da guerra entre o Lucentis e o Avastin não só uma questão clínica mas também da indústria farmacêutica.
De acordo com um artigo divulgado em Maio de 2007 pelo British Journal of Ophthalmology, o custo do Lucentis é 50 vezes superior ao do Avastin. Por isso, o Lucentis teria de ser 2,5 vezes mais eficaz para justificar o investiment - o que não acontecia, segundo esta análise.
E o American Journal of Ophthalmology acrescentava: “Parece haver consenso sobre o facto de o tratamento com Avastin ter um risco mínimo e ter uma relação custo/eficácia óbvia pelo que o seu uso não deve ser desaconselhado.”
Estão a decorrer ensaios clínicos sobre a análise custo-benefício destes dois medicamentos para uso oftalmológico pelo National Eye Institute dos Institutos Nacionais de Saúde norte-americanos, que devem estar terminados em 2010.
Notícia corrigida às 14h55
23.07.2009 - 13h44 Ana Machado
Há um só medicamento para o tratamento da degeneração macular da idade, patologia de que sofria um dos doentes que cegou depois de um tratamento feito no Hospital de Santa Maria. Chama-se Lucentis e também pode ser usado no tratamento da retinopatia diabética, apesar de não ter indicação específica para tal. Mas custa 900 euros e é da Novartis.
A alternativa mais barata pertence à rival Roche. Não é usado em oftalmologia. É dedicado ao tratamento do cancro da mama e colorectal. Mas é o mais frequentemente usado para as patologias às quais foram tratados os seis doentes de Santa Maria. Uma guerra entre farmacêuticas e os custos com o tratamento podem explicar o que se passou em Santa Maria.
A controvérsia em torno do uso do Avastin (bevacizumab) para o tratamento da degeneração macular da idade, ou DMI, como é conhecida a patologia entre os clínicos e especialistas, arrasta-se há vários anos.
Em Outubro de 2007, a Genentech, a empresa de biotecnologia que desenvolveu o Avastin desaconselhou o tratamento da DMI com Avastin, invocando razões de segurança. Isto mesmo antes de em Dezembro de 2008 terem sido registados os tais mais de 300 casos de doentes, de seis unidades de saúde canadianas, em que foram registados efeitos adversos após tratamento.
Um mês depois desta advertência feita pela Genentech, a Associação Americana de Oftalmologia reclamava e, num congresso alertava para o facto de a advertência da Genentech poder reduzir a presença do Avastin nas farmácias hospitalares e colocar em risco o tratamento dos doentes.
Mas a Genentech tinha já uma alternativa para o tratamento da DMI, aliás, a única desenvolvida especificamente para esta patologia, que tinha sido aprovada em Junho de 2006 pela FDA, a Autoridade para o Medicamento dos Estados Unidos. Chamava-se Lucentis (ranibizumab) e era um anticorpo monoclonal, à semelhança do Avastin.
Trata-se de uma categoria de medicamentos de última geração para o tratamento do cancro que usam clones, criados em laboratório de linfócitos b, anticorpos do nosso sistema imunitário, para destruir identificar proteínas específicas que identificam as células causadoras da patologia e promovendo uma estratégia de ataque que se tem provado muito eficaz. Mas, ao contrário do Avastin, o Lucentis é formado por moléculas mais pequenas, actuando melhor nas patologias oftalmológicas.
Há contudo um argumento de peso que fundamentava os receios dos clínicos. É que o preço do Lucentis é muito superior, custando este medicamento cerca de 900 euros, confirmou a Novartis Portugal ao PÚBLICO. “É um medicamento dirigido a um grupo muito restrito de pacientes e com custos de desenvolvimento muito elevados”, disse Luís Rocha, assessor da Novartis. Este facto levou os clínicos norte-americanos, na altura, a acusar a Genentech de colocar o lucro à frente do interesse dos doentes.
Mas não há aqui só uma guerra em torno dos atributos clínicos dos dois medicamentos. Ainda em Junho de 2003, quando o Lucentis estava em fase III de ensaios clínicos, já a Genentech tinha vendido os direitos exclusivos de venda do Lucentis à Novartis Ophthalmics para fora dos Estados Unidos. E em Março deste ano a Roche acabaria por comprar a Genentech, numa das maiores fusões entre farmacêuticas do ano, por 46,8 mil milhões de dólares. Estas movimentações fazem da guerra entre o Lucentis e o Avastin não só uma questão clínica mas também da indústria farmacêutica.
De acordo com um artigo divulgado em Maio de 2007 pelo British Journal of Ophthalmology, o custo do Lucentis é 50 vezes superior ao do Avastin. Por isso, o Lucentis teria de ser 2,5 vezes mais eficaz para justificar o investiment - o que não acontecia, segundo esta análise.
E o American Journal of Ophthalmology acrescentava: “Parece haver consenso sobre o facto de o tratamento com Avastin ter um risco mínimo e ter uma relação custo/eficácia óbvia pelo que o seu uso não deve ser desaconselhado.”
Estão a decorrer ensaios clínicos sobre a análise custo-benefício destes dois medicamentos para uso oftalmológico pelo National Eye Institute dos Institutos Nacionais de Saúde norte-americanos, que devem estar terminados em 2010.
Notícia corrigida às 14h55
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Guerra entre farmacêuticas pode estar por trás do caso dos doentes em risco de ficarem cegos
Estão a decorrer ensaios clínicos sobre a análise custo-benefício destes dois medicamentos para uso oftalmológico pelo National Eye Institute dos Institutos Nacionais de Saúde norte-americanos, que devem estar terminados em 2010.
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Guerra entre farmacêuticas pode estar por trás do caso dos doentes em risco de ficarem cegos
O Avastin, embora tenha sido prodizido para outros efeitos (tumor no colon), há vários anos que é usado em problemas complexos de oftalmologia porque se verificou grande percentagem de sucesso (á volta de 80%). O ano passado foram aplicadas cerca de 20.000 injecções em Portugal e muitos milhões no mundo, sobretudo nos USA onde é produzido. Porque a embalagem se destina a outros tipos de uso e logo é maior, cada uma dá para 6 injecções. E foi na preparação das mesmas que houve, ou pouco cuidado ou qualquer outro acidente. Os hospitais são dos locais mais propícios a todo o tipo de infecções. Se o caso fosse isolado poder-se-ia admitir alguma reacção inesperada. Mas foram precisamente os doentes dessa embalagem as vítimas. A Roche, que está em vias de perder o exclusivo da vacina da gripe A aparece agora armada em santinha. Resta acrescentar que todos os doentes que levam a injecção de Avastin são avisados que o medicamento não foi produzido para esse fim, que pode não resultar tendo de assinar uma autorização.
Viriato- Pontos : 16657
Re: Guerra entre farmacêuticas pode estar por trás do caso dos doentes em risco de ficarem cegos
Viriato escreveu:O Avastin, embora tenha sido prodizido para outros efeitos (tumor no colon), há vários anos que é usado em problemas complexos de oftalmologia porque se verificou grande percentagem de sucesso (á volta de 80%). O ano passado foram aplicadas cerca de 20.000 injecções em Portugal e muitos milhões no mundo, sobretudo nos USA onde é produzido. Porque a embalagem se destina a outros tipos de uso e logo é maior, cada uma dá para 6 injecções. E foi na preparação das mesmas que houve, ou pouco cuidado ou qualquer outro acidente. Os hospitais são dos locais mais propícios a todo o tipo de infecções. Se o caso fosse isolado poder-se-ia admitir alguma reacção inesperada. Mas foram precisamente os doentes dessa embalagem as vítimas. A Roche, que está em vias de perder o exclusivo da vacina da gripe A aparece agora armada em santinha. Resta acrescentar que todos os doentes que levam a injecção de Avastin são avisados que o medicamento não foi produzido para esse fim, que pode não resultar tendo de assinar uma autorização.
Tenho 2 iirmaos surdos-mudos PORQUE TOMARAM estreptomicina QUANDO CRIANCAS POR CAUSA DE UMA INFECCAO que contrairam por tomar agua do poco!! A OPCAO era , ficar mudo ou cego. OU MORRER.
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
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