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Seminário no Rio de Janeiro discute impasse da questão israelo-palestina

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Seminário no Rio de Janeiro discute impasse da questão israelo-palestina Empty Seminário no Rio de Janeiro discute impasse da questão israelo-palestina

Mensagem por Admin Seg Ago 03, 2009 1:07 am

Seminário no Rio de Janeiro discute impasse da questão israelo-palestina




Pablo Pires Fernandes - Estado de Minas













Seminário no Rio de Janeiro discute impasse da questão israelo-palestina Barra_texto






AHMAD GHARABLI/afp
Seminário no Rio de Janeiro discute impasse da questão israelo-palestina 20090802124330587
Seminário no Rio de Janeiro discute impasse da questão israelo-palestina Ico_foto
Casas de beduínos se contrapõem a assentamento judaico de Adam, na
Cisjordânia: colônias são consideradas um dos grandes problemas





Israelenses
e palestinos querem a paz. Apesar de alguns interesses escusos, é um
consenso em ambos os lados desse conflito que já dura décadas sem
solução. Os meios para alcançá-la, no entanto, são controversos e
impõem questões que há décadas pairam sobre os dois povos. Mesmo dentro
da sociedade israelense ou palestina, as propostas para um avanço nas
negociações de paz tropeçam em problemas e divergências tão arraigadas
que deixam desconfiados até os mais otimistas. As dificuldades de
abordar o conflito ficaram explícitas no Seminário Internacional de
Mídia sobre o Processo de Paz no Oriente Médio, patrocinado pela
Organização das Nações Unidas (ONU) com o apoio do Ministério das
Relações Exteriores do Brasil, que ocupou o Palácio do Itamaraty por
dois dias no início da semana passada.

Embaixadores,
autoridades, jornalistas e representantes da sociedade civil de vários
países se debruçaram sobre a questão para debater temas referentes ao
conflito que mobiliza opiniões, muitas vezes, apaixonadas, em todo o
mundo. A discussão sobre o papel da mídia, foco do evento, já deixou
clara a dificuldade de se avançar sobre o problema. Jornalistas
palestinos e israelenses fazendo acusações mútuas de parcialidade na
cobertura dos fatos e das questões políticas, as censuras internas – de
Israel, do Hamas, da Autoridade Nacional Palestina (ANP) – só
evidenciam que outros consensos são árduos de se obter e descreditam as
tentativas de diálogo.

Mas, além das críticas, algumas ásperas,
houve uma relativa concordância da importância da mídia no processo e
da necessidade de buscar formas de se evitar estereótipos, demonizações
do lado oposto, de usar terminologia adequada ao se referir aos fatos.
Um exemplo é a forma com a qual israelenses e palestinos se referem à
ofensiva de Israel contra o movimento radical Hamas, em janeiro, na
Faixa de Gaza. De um lado, guerra e massacre, de outro, operação
militar. Também foi ressaltada a falta de espaço dada às muitas
histórias de parceria, solidariedade e coexistência pacífica. Não há
solução fácil, mas todos apostam e pedem uma mudança de atitude.

CONTRIBUIÇÃO
O
assessor especial da Presidência da República para Assuntos
Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirma que o Brasil pode ser um
bom interlocutor para as negociações de paz, já que o país tem boas
relações com os dois lados. Ele lista as razões pelas quais a
diplomacia brasileira não só pode contribuir, como tem importância
estratégica para o país. Para Garcia, a persistência do impasse não só
penaliza as populações envolvidas, mas alimenta outros focos de
conflito. Embora não tenha citado, é comum ao discurso de extremistas
islâmicos atribuir suas ações à “injustiça” ou à “opressão” do povo
palestino.

Garcia também defende que a perpetuação do problema
no Oriente Médio fortalece mecanismos antidemocráticos e que uma
resolução pacífica desse conflito, por outro lado, impulsionaria as
ideias de paz e democracia. Um acordo definitivo na questão, de acordo
com o assessor, pode contribuir para o florescimento livre das ideias
das culturas árabe e judaica.

Embora posturas radicais em Israel
e na Palestina ainda tenham força, sobretudo entre os fundamentalistas
religiosos muçulmanos e judeus, a maioria da população dos dois lados
está convencida de que a solução de dois Estados é necessária para se
alcançar a paz. Os pontos de discórdia que travam o processo são bem
conhecidos: os assentamentos judaicos na Cisjordânia; o direito ao
retorno dos refugiados palestinos expulsos em 1948, ano de fundação do
Estado de Israel; a partilha de Jerusalém, dividida em duas, mas
ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967;
reconhecimento mútuo de soberania e direito de existir; limites das
fronteiras entre os dois Estados.

Apesar de todos esses pontos
serem fundamentais para a resolução do impasse, atualmente, a questão
dos assentamentos é a que está em maior evidência. Boa parte dessa
exposição se deve à postura da administração de Barack Obama de exigir
o congelamento das colônias judaicas nos territórios ocupados que são,
segundo resoluções da ONU, de direito dos palestinos. O governo
israelense, eleito em fevereiro, se apoia em uma coalizão de partidos
de direita ou extrema direita, com integrantes que apresentam postura
bastante aversa à qualquer cessão à causa palestina, a que se referem
como concessões.

DILEMA


O atual
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, vive um sério dilema
entre a pressão dos Estados Unidos, maior e fundamental aliado de
Israel, e as promessas de campanha, baseadas em posturas radicais de
expansão das colônias e de negociar com os palestinos depois de uma
evolução econômica nos territórios ocupados, dependentes de ajuda
externa.

“O novo governo está manobrando entre duas pressões
opostas, mas vai ter que lidar com a questão dos assentamentos”,
declara Nahum Barnea, colunista político do jornal israelense Yediot
Ahenorot. Para ele, a pressão norte-americana deve falar mais alto.
“Houve momentos na história em que tivemos diferenças reais com a
administração americana, mas, toda vez que isso ocorreu, Israel não
conseguiu abrir mão dos EUA como aliado.”

Danny Nishlis, diretor
da Rádio Haifa, considera as colônias o maior obstáculo para a paz e
também acredita ser imprescindível seu desmantelamento para que haja
avanços no processo de paz. “O governo, finalmente, não pode se postar
diante de Barack Obama, que pode dizer que apoia Israel, com dinheiro,
equipamento. Sem o apoio norte-americano, talvez Israel não existisse.”
Ele diz que pode levar alguns anos, mas Israel vai ter que fazer o que
os EUA demandam, “incluindo congelar e remover os assentamentos”.
Nishlis acredita ser possível o desmantelamento, como ocorreu na Faixa
de Gaza, em 2005 e diz que esse fato vai dar confiança aos palestinos
para um maior engajamento nas negociações.

Um dos maiores
críticos à política de assentamentos de Israel, o colunista do jornal
israelense Haaretz Gideon Levy faz uma metáfora sobre a necessidade de
se chegar a uma solução: “O Brasil é o país do futebol e não sou
especialista em futebol, mas sei que, depois de 90 minutos de jogo, os
árbitros dão alguns minutos a mais. Acho que estamos nesses acréscimos
para a solução dos dois Estados. Os 90 minutos acabaram e a chance de
evacuar 300 mil colonos é quase impossível e, sem isso, não há solução
possível. Estamos nos últimos momentos da solução de dois Estados. Se
iso não ocorrer, os assentamentos vão ficar lá e Israel vai se tornar
para sempre um Estado de apartheid, um Estado para dois povos, que não
vai ser um Estado justo. Não é tempo para pequenos passos, mas para
grandes passos.”
.
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