Sócrates aceita debates a dois com líderes dos partidos

O líder do PS recuou. Afinal aceita debates a dois com os líderes do PSD, CDS, PCP e BE. Quer palcos neutros. Ou seja: não irá à TVI.

Está desbloqueado o impasse na realização de debates televisivos entre os líderes dos cinco partidos parlamentares.

Tudo se encaminha para que as televisões sorteiem entre si dez debates a dois envolvendo Sócrates, Manuela Ferreira Leite, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas e Francisco Louçã. Sócrates recusava este cenário (só aceitava dois frente-a-frente com Manuela Ferreira Leite e um debate a cinco) mas acabou por recuar. "O secretário-geral do PS não tem receio de quaisquer debates", explicou Vieira da Silva, coordenador da campanha do PS, depois de uma reunião de Sócrates com os cabeças de lista socialistas à Assembleia da República. Os debates serão sorteados entre as três televisões, na sexta-feira (modelo igual ao que aconteceu nas presidenciais de 2006). O PS exigiu que os palcos sejam neutros, ou seja, fora das instalações das três televisões. O mais provável, portanto, é que ainda não seja desta que se consegue ver José Sócrates nos estúdios da sua muito odiada TVI. Diz também que agora "já não necessários" debates a cinco (que aliás Ferreira Leite também recusava).

Anteontem à noite, o líder socialista realizou mais uma acção de pré-campanha, desta vez um jantar em Almada. Bem que podia ser uma palestra inspirada em qualquer um treinador de futebol a pedir "atitude" aos seus pupilos quando o moral da equipa está baixa. Pois a um mês das eleições, Sócrates quer marcar o destino com essa tal "atitude" que, para o secretário-geral socialista, separa PS e PSD. "O que nos une é a atitude positiva de quem quer enfrentar os problemas e resolvê-los. Não de quem quer chorar sobre eles e não de quem quer acentuar o fado e desgraça."

Sócrates discursou perante uma plateia de cerca de meio milhar de apoiantes, sobretudo quadros e empresários, a quem foi dada a oportunidade para o questionarem . Por existirem professores na audiência, havia quem receasse uma pergunta mais incómoda, que azedasse a refeição. Mas não. A única alusão ao tema foi a proposta de uma docente que defendeu um "pacto de regime" para a educação, que permita rever currículos e critérios de produção. Ficou registado.

Sócrates haveria de falar durante uma hora, onde não esqueceu a principal adversária política, na véspera de Manuela Ferreira Leira apresentar o seu programa de governo (ler Actual 1). "O dever do político, quando se candidata a eleições, é incentivar as pessoas a darem o seu melhor e apresentar um rumo para o país", afirmou.

Entretanto, lá voltou à "atitude", garantindo que nas legislativas vão estar frente a frente "a atitude da descrença versus confiança, a atitude do pessimismo versus aqueles que querem agir com ambição, energia e vontade para transformar o nosso país". "Nunca vi o pessimismo criar um único posto de trabalho", sublinhou, aproveitando o facto de estar no distrito de Setúbal para dar especial ênfase a quatro investimentos públicos (aeroporto, TGV, plataforma logística da Poceirão e IP8 entre Sines e Beja) que ambicionam mudar a face da região.

"Por todo o mundo, governos de direita e de esquerda procuram projectos de investimento. É absolutamente extraordinário nós vermos no nosso país partidos cujo ponto da sua agenda polÍtica é dizer ao Estado que não deve investir e que, portanto, não deve criar mais oportunidades para as empresas e para as pessoas."