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O príncipe, o leão e a leoa

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O príncipe, o leão e a leoa Empty O príncipe, o leão e a leoa

Mensagem por Admin Dom Ago 30, 2009 12:45 am

O príncipe, o leão e a leoa









Lucas Mendes

De Nova York para a BBC Brasil












O príncipe, o leão e a leoa 090123lucas226





Dos
quatro irmãos Kennedy, Ted , o príncipe da dinastia e o leão do Senado,
foi campeão em política, alcoolismo e promiscuidade. Incorruptível na
vida pública, tresloucado na privada.




Por
causa de uma mulher, Mary Jo Kopechne, ele nao chegou a Presidência.
Levou Joan, mãe dos seus filhos, ao alcoolismo, mas, aos 60 anos, foi
salvo e domado pela leoa Vicky.




As
loucuras do caçula do mais famoso clã político dos Estados Unidos
apareceram cedo. Ele passou por dez escolas primárias americanas e
inglesas antes dos 11 anos. A família vivia em trânsito. Quando, gracas
ao nome, entrou em Harvard, durou pouco.

Pediu a um colega para fazer a prova dele de espanhol. Foi pego e expulso da universidade.


Era
tempo de guerra na Coreia e o serviço militar americano, obrigatório.
Ted se alistou no Exército. Graças à influência do pai, foi servir e
rosetar em Paris, no QG da OTAN. Dois anos de farda, vinho, mulheres e
música.




Na volta deu uma guinada. Se rematriculou em Harvard, fez Direito na universidade de Virgínia, bom aluno, brilhou em debates.

Impossível
dizer o que teria feito Ted Kennedy se os três irmãos mais velhos não
tivessem morrido. O mais velho, Joe, favorito do pai, morreu num
bombardeio na Segunda Guerra. As vidas políticas de John e Bob foram
curtas e só podem ser medidas em possibilidades, mas a de Ted Kennedy
tem um currículo de 46 anos.




Quando
John Kennedy foi candidato à Presidência deram a Ted um papel menor,
mas ele se entregou de corpo e alma, viciou e só dois políticos
serviram mais tempo do que ele no Senado americano. Passou por dez
presidentes e nenhum deles deixou mais impressões digitais nas mudanças
do país do que o senador Ted Kennedy. Todas as leis sociais desde o fim
da década de 60 tem as marcas dele. São mais de 2.500.




No senado rugia , na vida pessoal prevaricava.

Joan,
a primeira mulher, não conseguiu conter os impulsos etílicos e
mulherengos do marido nem se enquadrar no estilo dos Kennedys: queriam
que vivesse em constante atividade esportiva, social e com uma gravidez
em cima da outra, como Ethel, mulher de Bob Kennedy.


Joan teve vários abortos, mas o alcoolismo só tomou conta dela depois
da tragédia de Chappaquiddick, quando o carro dirigido pelo marido caiu
de uma ponte. Ted Kennedy sobreviveu e desapareceu por dez horas. A
companheira, Mary Jo, ex-assessora do irmão Bob, morreu afogada, e, com
ela, as possibilidades presidenciais de Ted Kennedy.


Durante
anos de cobertura política vi o senador em ação várias vezes nas
convenções do partido e outros eventos, mas meu primeiro contato foi no
escritório dele no Senado, em 69, pouco antes da tragédia, quando
recebeu nosso pequeno grupo de bolsistas .

O
mais bonito dos irmãos, um touro de forte, com vozeirão de locutor,
sorriso frouxo e debochado. Política externa não era o forte dele.
Sabia pouco sobre o Brasil, mas descobriria alguns dos nossos encantos
em farras na Flórida com gente das melhores famílias brasileiras.

Foi
ativo contra a ditadura no Chile, o Apartheid na África do Sul e a
guerra do Vietnã, mas seu principal cenário de ação era o doméstico.





Prevaricador
na vida pessoal, modelo de legislador no Senado. Noventa e nove dos cem
senadores disseram que ele era o mais eficiente dos legisladores. Sabia
o que falava, tinha o melhor staff, transitava entre
republicanos e democratas, mas quase destruiu sua carreira noutro porre
em Palm Beach, com o filho e o sobrinho William Kennedy Smith. Os
jornais descreveram o senador correndo bêbado de cuecas pela praia. O
sobrinho foi acusado de estupro e absolvido no julgamento, coberto ao
vivo pelas redes de TV. A carreira do senador encolheu, mas resistiu.


No
ano seguinte, reencontrou Vicky, mas não se lembrava dela quando
trabalhou como estagiária dele, ainda universitária, no escritório no
Senado. Era filha de velhos amigos da Louisiana. Aos 60 anos, o senador
se apaixonou. Ligava duas vezes por dia , levava Vicky para concertos
no Centro Kennedy de Artes, pintou quadros à óleo para ela e finalmente
propôs casamento depois da ópera La Boheme.


Vicky
entrou na jaula do leão e botou a maioria indesejável para fora. Os
filhos mal educados do senador receberam lições de boas maneiras,
amigos que davam bebida para o marido foram afastados. O senador parou
de beber.




Advogada
de prestígio, fundadora e presidente de ONGs nas áreas de criança,
educação e armas, Vicky hoje é sondada para assumir o lugar de Ted
Kennedy no Senado, mas há impedimentos legais, ironicamente criados
pelo próprio partido democrata de Massachussets. Ela diz que não está
interessada.





Ted
Kennedy dizia que seu melhor voto no senado foi contra a invasão do
Iraque, mas a principal causa política dele foi a reforma na Saúde.
Queria um sistema público, no estilo europeu, semelhante ao proposto
por Obama e furiosamente combatido pela direita, seguradoras, médicos e
hospitais.




Pelas
conjuminâncias que rolam no Senado, é possível que a causa seja
decidida por um voto, e o senador - nem a mulher - estará lá para
decidir a parada.
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O príncipe, o leão e a leoa Empty Re: O príncipe, o leão e a leoa

Mensagem por Admin Dom Ago 30, 2009 12:49 am

Ted
Kennedy dizia que seu melhor voto no senado foi contra a invasão do
Iraque, mas a principal causa política dele foi a reforma na Saúde.
Queria um sistema público, no estilo europeu, semelhante ao proposto
por Obama e furiosamente combatido pela direita, seguradoras, médicos e
hospitais.
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