Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES

3 participantes

Ir para baixo

NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES Empty NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES

Mensagem por BUFFA General Aladeen Dom Set 27, 2009 8:58 am

NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES Document+%2846%29
Benny Morris, 1948. A History of the First Arab Israeli War, New Haven e Londres,Yale University Press, 2008.



NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES



A criação do estado de Israel é um dos resultados quase únicos no século XX de uma pura vontade política e de um movimento político, o sionismo, assente nessa vontade. Não haveria Israel se dependesse apenas da geopolítica, dos interesses das grandes potências, da realpolitik. Pelo contrário, embora os EUA fossem simpáticos para o novo estado, e a URSS permitisse algum apoio militar chegado na 25ª hora, a criação de Israel num processo duplo de guerra civil (que opunha judeus e palestinianos) seguido de um confronto militar com as potências árabes, em particular o Egipto, a Jordânia, o Líbano, o Iraque e voluntários e apoio saudita e iemenita, dependeu sempre dos judeus e da sua organização para-nacional, o Yishuv, e das suas organizações militares, como o Haganah. Contra tudo e contra todos, em particular contra os britânicos, aliados dos jordanos (a Legião Árabe na Transjordânia era a única força militar capaz que combateu contra o Haganah, dirigida por oficiais britânicos) e dos egípcios, e depois contra a ONU que sempre permitiu aos invasores militares de um estado que nascera sobre a sua égide aquilo que negava aos seus defensores e que várias vezes impediu Israel de obter vitórias significativas sob ameaça de intervenção militar... britânica.

O livro de Benny Morris é um excelente balanço desta guerra fundadora que permitiu a Israel existir, e apresenta o estado da arte na documentação sobre os aspectos do conflito que ainda hoje são controversos como a questão dos refugiados. Morris mostra como a "limpeza" das aldeias árabes dentro do território de Israel não foi deliberada no início e só se tornou inevitável devido a considerações militares, tornando-se depois numa política seguida sempre de forma hesitante, ao contrário do "expulsionismo" árabe que queria deitar os judeus ao mar. Igualmente se analisa o modo como os inimigos de Israel usaram a questão dos refugiados como arma política, recusando qualquer esforço de integração e condenando essas populações a uma situação de miséria em guetos suburbanos nos países limítrofes.

Mostra igualmente que os israelitas e palestinianos (menos os exércitos regulares árabes) cometeram vários massacres, mais os israelitas do que os palestinianos, mas como consequência do facto de as oportunidades serem maiores do lado judaico, devido ao facto de as ocupações de colonatos judeus pelos irregulares palestinianos terem sido escassas. Mostra igualmente como é que se evoluiu de uma guerra sem prisioneiros, (durante os dias finais do mandato britânico não podia haver campos de prisioneiros e as execuções eram comuns) conduzida por milícias, para uma guerra mais convencional em que a Convenção de Genebra passou a ser respeitada.

Morris acentua e bem a parte de jihad no conflito, a total e completa incapacidade do mundo islâmico em aceitar a existência de Israel, assente em considerações religiosas e históricas, que explica as enormes dificuldades que, mesmo os dirigentes árabes mais moderados (como o rei hashemita Abdullah, que acabou por ser assassinado o destino de todos os conciliadores como Sadat), tinham em lidar com a intransigência absoluta face à existência de Israel. A sua análise das duas culturas distintas, a do sionismo, pró-ocidental, com elementos de laicidade, um discurso próximo do socialismo europeu, e a pura incapacidade árabe de aceitar sequer uma negociação (o que comprometeu a posição árabe no plano diplomático face a um estado cuja existência era legal e reconhecida pela ONU), é fundamental para se perceber os dados actuais do conflito que, em muitos aspectos, continuam os de 1948.


José Pacheco Pereira
in Abrupto
BUFFA General Aladeen
BUFFA General Aladeen

Pontos : 4887

Ir para o topo Ir para baixo

NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES Empty Re: NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES

Mensagem por Vitor mango Dom Set 27, 2009 9:06 am

and
Vitor mango
Vitor mango

Pontos : 117533

Ir para o topo Ir para baixo

NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES Empty Re: NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES

Mensagem por BUFFA General Aladeen Dom Set 27, 2009 9:14 am

Vitor mango escreveu:and

... porque ... porque .... porque ...
BUFFA General Aladeen
BUFFA General Aladeen

Pontos : 4887

Ir para o topo Ir para baixo

NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES Empty Re: NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES

Mensagem por LJSMN Dom Set 27, 2009 9:15 am

BUFFA escreveu:
NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES Document+%2846%29
Benny Morris, 1948. A History of the First Arab Israeli War, New Haven e Londres,Yale University Press, 2008.



NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES



...
O livro de Benny Morris é um excelente balanço desta guerra fundadora que permitiu a Israel existir, e apresenta o estado da arte na documentação sobre os aspectos do conflito que ainda hoje são controversos como a questão dos refugiados. Morris mostra como a "limpeza" das aldeias árabes dentro do território de Israel não foi deliberada no início e só se tornou inevitável devido a considerações militares, tornando-se depois numa política seguida sempre de forma hesitante, ao contrário do "expulsionismo" árabe que queria deitar os judeus ao mar. Igualmente se analisa o modo como os inimigos de Israel usaram a questão dos refugiados como arma política, recusando qualquer esforço de integração e condenando essas populações a uma situação de miséria em guetos suburbanos nos países limítrofes.


...

José Pacheco Pereira
in Abrupto



Pacheco Pereira só se esquece de referir um facto: Benny Morris tem dedicado toda a sua vida a estudar este assunto e pelas minhas contas (que podem muito bem estar erradas) já mudou de veredicto a este respeito 4 vezes, a última (antes desta) foi aí por volta de 2003-2004. Para mim, isto só demonstra como a resposta à questão deportação versus fuga dos refugiados palestinianos está longe de estar encerrada.

A última frase é talvez a mais importante e poderia ser resumida numa pergunta: porque é que pouco mais de 400 000 refugiados palestinianos constituíram (e constituem!) um problema tão grande e quase 17 milhões de refugiados alemães, vítimas da maior limpeza étnica de todo o século vinte não foram e não são problema.

No dia em que o Mundo arranjar vontade e meios para fazer o que os alemães (!) fizeram no fim da segunda guerra - disseminar os refugiados por todo o território, em vez de os amontoar em campos de desespero - se calhar o conflito do médio oriente estará em vias de solução. Até lá... o terreno pertence aos incendiários de todos os quadrantes.

Rolling Eyes


LJSMN

Pontos : 1769

Ir para o topo Ir para baixo

NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES Empty Re: NUNCA É TARDE PARA APRENDER: 650.000 CONTRA 40 MILHÕES

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos