Ricardo Costa Um Presidente em ponto morto
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Ricardo Costa Um Presidente em ponto morto
Ricardo Costa Um Presidente em ponto morto
Um Presidente em ponto morto
O caso da vigilância tem mais de cinco semanas. E é este o problema de Cavaco Silva: o seu silêncio num caso desta gravidade é incompreensível. Se for verdade é péssimo, se for falso é trágico, se a história for outra ainda é pior.
No dia 24 de Agosto escrevi este parágrafo: "Há momentos em que a política se transforma num exercício de loucura, irresponsabilidade e estupidez. Nessas alturas há poucas coisas a fazer: rir, chorar, emigrar ou aguardar que alguém reponha a normalidade. No caso que nos entreteve esta semana, só há uma pessoa que pode fazer regressar essa normalidade: o Presidente da República. Estranhamente, ninguém o viu ou ouviu esta semana".
É bizarro, mas cinco semanas depois podia repeti-lo sem mudar uma vírgula. Sobretudo porque a pessoa que pode repor a normalidade continua sem o fazer. Cavaco Silva optou por uma estratégia errada, seja a história completamente falsa, verdadeira ou assim-assim. Não há nada que justifique o silêncio, as frases enigmáticas e a demissão inexplicada de Fernando Lima.
Um assunto destes, que mina a confiança nos mais elementares fundamentos do Estado, exige clareza. Não se compadece com calendários, sinais esotéricos e promessas de discursos. Um assunto destes resolve-se logo.
O argumento de não interferência na campanha foi de uma insensatez total. Ao optar pelo silêncio, Cavaco prejudicou o PS e ajudou o PSD a 'surfar' a onda da asfixia democrática. Ao demitir Fernando Lima retirou o tapete a Manuela Ferreira Leite, tirando-lhe a 'narrativa' na última semana de propaganda eleitoral.
Para quem queria estar longe da campanha, as coisas não podiam ter corrido pior. Neste momento, o Presidente, que fez um mandato muito equilibrado, tem os dois maiores partidos indignados com a sua actuação.
Qualquer que seja a verdade neste caso (e aposto que vamos ter várias verdades, para cada um descobrir a sua teoria, um dos desportos favoritos dos portugueses...), a relação do Presidente da República com o próximo primeiro-ministro e com o próximo Parlamento começa inquinada. E pelas piores razões.
Na altura em que o país mais precisa de um Presidente que seja a referência do sistema político, Cavaco Silva fez incidir todos os holofotes sobre si. Por sorte do calendário (em plena campanha autárquica), está dispensado de fazer o discurso do 5 de Outubro, que costuma ser o mais duro e aguardado do ano. Mas o país não o dispensa de mais nada. Não o dispensa de nos explicar este caso até ao fim, de restabelecer as relações com o primeiro-ministro (seja quem for) e de garantir o normal funcionamento das instituições. A começar por si próprio, que está em ponto morto há cinco semanas sem que ninguém perceba para onde quer ir, mas com todos a ver para onde nos está a levar.
Ricardo Costa
Expresso
Um Presidente em ponto morto
O caso da vigilância tem mais de cinco semanas. E é este o problema de Cavaco Silva: o seu silêncio num caso desta gravidade é incompreensível. Se for verdade é péssimo, se for falso é trágico, se a história for outra ainda é pior.
No dia 24 de Agosto escrevi este parágrafo: "Há momentos em que a política se transforma num exercício de loucura, irresponsabilidade e estupidez. Nessas alturas há poucas coisas a fazer: rir, chorar, emigrar ou aguardar que alguém reponha a normalidade. No caso que nos entreteve esta semana, só há uma pessoa que pode fazer regressar essa normalidade: o Presidente da República. Estranhamente, ninguém o viu ou ouviu esta semana".
É bizarro, mas cinco semanas depois podia repeti-lo sem mudar uma vírgula. Sobretudo porque a pessoa que pode repor a normalidade continua sem o fazer. Cavaco Silva optou por uma estratégia errada, seja a história completamente falsa, verdadeira ou assim-assim. Não há nada que justifique o silêncio, as frases enigmáticas e a demissão inexplicada de Fernando Lima.
Um assunto destes, que mina a confiança nos mais elementares fundamentos do Estado, exige clareza. Não se compadece com calendários, sinais esotéricos e promessas de discursos. Um assunto destes resolve-se logo.
O argumento de não interferência na campanha foi de uma insensatez total. Ao optar pelo silêncio, Cavaco prejudicou o PS e ajudou o PSD a 'surfar' a onda da asfixia democrática. Ao demitir Fernando Lima retirou o tapete a Manuela Ferreira Leite, tirando-lhe a 'narrativa' na última semana de propaganda eleitoral.
Para quem queria estar longe da campanha, as coisas não podiam ter corrido pior. Neste momento, o Presidente, que fez um mandato muito equilibrado, tem os dois maiores partidos indignados com a sua actuação.
Qualquer que seja a verdade neste caso (e aposto que vamos ter várias verdades, para cada um descobrir a sua teoria, um dos desportos favoritos dos portugueses...), a relação do Presidente da República com o próximo primeiro-ministro e com o próximo Parlamento começa inquinada. E pelas piores razões.
Na altura em que o país mais precisa de um Presidente que seja a referência do sistema político, Cavaco Silva fez incidir todos os holofotes sobre si. Por sorte do calendário (em plena campanha autárquica), está dispensado de fazer o discurso do 5 de Outubro, que costuma ser o mais duro e aguardado do ano. Mas o país não o dispensa de mais nada. Não o dispensa de nos explicar este caso até ao fim, de restabelecer as relações com o primeiro-ministro (seja quem for) e de garantir o normal funcionamento das instituições. A começar por si próprio, que está em ponto morto há cinco semanas sem que ninguém perceba para onde quer ir, mas com todos a ver para onde nos está a levar.
Ricardo Costa
Expresso
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Re: Ricardo Costa Um Presidente em ponto morto
Na altura em que o país mais precisa de um Presidente que seja a referência do sistema político, Cavaco Silva fez incidir todos os holofotes sobre si. Por sorte do calendário (em plena campanha autárquica), está dispensado de fazer o discurso do 5 de Outubro, que costuma ser o mais duro e aguardado do ano. Mas o país não o dispensa de mais nada. Não o dispensa de nos explicar este caso até ao fim, de restabelecer as relações com o primeiro-ministro (seja quem for) e de garantir o normal funcionamento das instituições. A começar por si próprio, que está em ponto morto há cinco semanas sem que ninguém perceba para onde quer ir, mas com todos a ver para onde nos está a levar.
Ricardo Costa
Expresso
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