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Felicidade sobre a Terra

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Mensagem por LJSMN Ter Out 06, 2009 2:23 am

Felicidade sobre a Terra



Saint-Just, guilhotinado em Paris aos 27 anos em 1794, que mandara ele próprio guilhotinar um ror de gente, morreu convencido de que a felicidade passara a ser possível depois da Revolução. Não é opinião geral, mesmo entre simpatizantes: quando lhe perguntaram qual era a principal consequência da Revolução Francesa de 1789, Chu En-Lai, ministro dos Estrangeiros de Mao Tsé-tung, respondeu que era cedo de mais para se poder saber. E há os que, ao contrário, consideram a Revolução Francesa uma das grandes catástrofes da Humanidade, desde o filósofo e político inglês Edmund Burke, que publicou em 1790 as primeiras reflexões alarmadas sobre a caixa de surpresas desagradáveis que ela abrira, até ao meu amigo Chico Quevedo, que quando ia de Bruxelas para Lisboa de automóvel dava uma volta larga para não passar por Paris.

Depois da Revolução Francesa de 1789 veio a Revolução Russa de 1917. Em França, passados Robespierre e Napoleão, a contra-revolução fizera regressar os exilados e a burguesia sossegou. Na Rússia, os Romanov não voltaram, a União Soviética ajudou a instalar regimes comunistas por esse mundo fora e continuou a assustar uns e outros até implodir do centro para a periferia em 1991. Durante a guerra de 1939-45, em que comunistas e capitalistas derrotaram Hitler, Churchill mandara de embaixador para Moscovo Sir Stafford Cripps, político trabalhista austero, e perguntara depois a Estaline o que achara dele. "Um homem encantador", respondera o senhor do Kremlin. "Só tinha uma coisa que me intrigava. Queria explicar-me, a mim, o que era o socialismo".

Essa conversa de surdos - entre o socialismo duro do Leste e o socialismo light das sociais-democracias ocidentais - depressa mudou de tom. Ernest Bevin, leiteiro trabalhista e ministro dos Estrangeiros britânico logo a seguir à guerra, congeminou a NATO para conter a União Soviética e convenceu dela os americanos. Na França, a tentação revolucionária ainda deu ares da sua graça: em 1870 houve a Comuna de Paris; em 1981 Mitterrand pôs comunistas no governo e nacionalizou a banca, mas perante o descalabro consequente encarrilou de novo. A União Europeia, acusada de liberalismo pela esquerda continental e de colectivismo por entusiastas de Margaret Thatcher, vai ajudando a conciliar liberdade, organização e conforto numa Europa em paz - mas não é garantia de felicidade porque sem os Estados Unidos será incapaz de se defender de quem a ataque.

Erros recentes do capitalismo não levaram a maioria dos alemães e dos franceses a virarem-se para o socialismo mas a quererem melhor capitalismo. O mesmo se passa nos Estados Unidos. Na China é menos claro. O seu mais famoso economista não está optimista: "Os maoistas querem voltar ao planeamento central e os penduras querem enriquecer mais ainda". Como há milhares de quadros maoistas e de penduras milionários, o futuro será agitado: o deles e o nosso. Talvez a felicidade sobre a Terra não passe de uma miragem.

José Cutileiro

Expresso



E viva o Alentejo!!!

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