O DETONADOR
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O DETONADOR
O DETONADOR
Por que será que o PSD ainda consegue surpreender-nos? O episódio da renúncia de João de Deus Pinheiro, 30 minutos depois de tomar posse como deputado, não pode ser mascarado com desculpas de cansaço. Quem anda cansado não aceita ser cabeça-de-lista. Para homens como Deus Pinheiro, o Parlamento seria sempre um rito de passagem a caminho do governo que abortou de forma espontânea no passado 27 de Setembro. E quem diz Deus Pinheiro diz Pacheco Pereira, Paulo Mota Pinto e outros pesos pesados da intelligentzia do partido.
Como se não bastasse, outro nome sonante das elites credíveis, José Pedro Aguiar-Branco, avançou sem dar cavaco para a liderança da bancada parlamentar. O resultado foi o que se viu: um sururu dos antigos. Gente conspícua, fazendo tábua rasa das regras da democracia, pôs a circular a tese do golpe palaciano. Ao fim do dia, Manuela Ferreira Leite, contra a opinião de outros vices, viu-se obrigada a declarar o seu apoio, «a título pessoal», ao ministro da Justiça do governo de Santana Lopes. Naturalmente, o voluntarismo de Aguiar-Branco fornece um óptimo pretexto de renúncia aos dois ou três barões que tinham ambição mais alta que São Bento.
E ajuda a precipitar a sucessão. No momento em que homens extremamente cautelosos como Rui Machete e António Capucho apostam publicamente numa solução rápida — ou seja: substituir Manuela Ferreira Leite antes da discussão do Orçamento Geral do Estado —, o gesto de Aguiar-Branco tem a carga de um detonador.
posted by Eduardo Pitta
Por que será que o PSD ainda consegue surpreender-nos? O episódio da renúncia de João de Deus Pinheiro, 30 minutos depois de tomar posse como deputado, não pode ser mascarado com desculpas de cansaço. Quem anda cansado não aceita ser cabeça-de-lista. Para homens como Deus Pinheiro, o Parlamento seria sempre um rito de passagem a caminho do governo que abortou de forma espontânea no passado 27 de Setembro. E quem diz Deus Pinheiro diz Pacheco Pereira, Paulo Mota Pinto e outros pesos pesados da intelligentzia do partido.
Como se não bastasse, outro nome sonante das elites credíveis, José Pedro Aguiar-Branco, avançou sem dar cavaco para a liderança da bancada parlamentar. O resultado foi o que se viu: um sururu dos antigos. Gente conspícua, fazendo tábua rasa das regras da democracia, pôs a circular a tese do golpe palaciano. Ao fim do dia, Manuela Ferreira Leite, contra a opinião de outros vices, viu-se obrigada a declarar o seu apoio, «a título pessoal», ao ministro da Justiça do governo de Santana Lopes. Naturalmente, o voluntarismo de Aguiar-Branco fornece um óptimo pretexto de renúncia aos dois ou três barões que tinham ambição mais alta que São Bento.
E ajuda a precipitar a sucessão. No momento em que homens extremamente cautelosos como Rui Machete e António Capucho apostam publicamente numa solução rápida — ou seja: substituir Manuela Ferreira Leite antes da discussão do Orçamento Geral do Estado —, o gesto de Aguiar-Branco tem a carga de um detonador.
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