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‘Ajuda humanitária converteu-se em projeto de poder’

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Mensagem por ricardonunes Seg Jan 18, 2010 12:38 pm

Entrevista com o professor da PUC-SP Reginaldo Nasser publicada no Estadão hoje.

Auxílio internacional como o que está em ação no Haiti é cada vez mais ‘militarizado’ e estratégico, diz professor

Roberto Simon

Por trás do sincero discurso de ajuda às vítimas da tragédia haitiana, há um jogo de interesses nacionais cada vez mais explícito, afirma ao Estado o professor de relações internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser. Foi assim na ajuda aos países afetados pelo tsunami de 2004 ou pelo furacão Mitch, de 1998. “Com a ajuda humanitária, vem o direcionamento político”, argumenta.

A tragédia no Haiti desencadeou uma avalanche de ajuda humanitária de vários países. Certamente há uma preocupação real com o povo haitiano. Mas quais são suas implicações geopolíticas?

Tem crescido muito o número de estudos sobre a relação entre ajuda humanitária e interesse nacional. Em casos como o Haiti existe um sentimento solidário, do qual as pessoas são tomadas – e Estados dão vazão a ele. Trata-se de um fenômeno antigo. A novidade é que, com o fim da Guerra Fria, o volume de ajuda cresceu exponencialmente. O Banco Mundial, por exemplo, aumentou em 800% o envio de recursos sob a rubrica “ajuda humanitária” desde o início dos anos 90. Hoje, o mesmo tema é responsável por 30% do orçamento do Pentágono. A ajuda humanitária transformou-se em um projeto político.

Há exemplos concretos sobre essa projeção de poder?

Um exemplo é o tsunami de 2004. Logo depois da tragédia, os EUA enviaram tropas de ajuda ao leste da Ásia, sabendo que o Congresso americano vetava a cooperação militar com a Indonésia por causa da herança da ditadura de Suharto. Sob o argumento da ação humanitária, houve uma reaproximação militar e, ao final, a Casa Branca reverteu o bloqueio do Legislativo. Também com esse tsunami, houve uma aproximação de Washington com o Sri Lanka, que tentava exterminar a guerrilha tâmil. Enfim, por causa do tsunami, os EUA fizeram um grande investimento militar na região.

Imagino que essa reaproximação não se limite à dimensão militar.

Há um aspecto econômico fundamental. Quando houve o furacão Mitch na América Central, em 1998, o Banco Mundial e o FMI ofereceram uma ajuda significativa, mas condicionaram o envio a reformas econômicas. Honduras foi pressionada a privatizar seus portos, aeroportos e sistemas de comunicação. Na ajuda configurou-se um direcionamento do rumo de política econômica que o país devia tomar.

Os EUA parecem ter visto na tragédia do Haiti uma chance de reforçar sua imagem de “potência benevolente”.

Sem dúvida, mas isso sempre existiu. Os EUA têm um sentido missionário, o velho discurso de estender a mão aos povos independentemente de fronteiras. Mas isso ocorria também na Guerra Fria. Na tragédia, americanos são os primeiros a se manifestar.

Por quê?

Por duas razões: além da ideológica, os EUA são a única potência com meios para agir de imediato. Washington tem bases, soldados, navios e aviões no mundo todo. É interessante também notar que a preparação para a guerra tornou-se a mesma que para a ajuda humanitária. Há uma militarização da ajuda humanitária.
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Mensagem por Viriato Seg Jan 18, 2010 3:10 pm

Não me vai querer dizer, caro Ricardo, que seria preferível deixá-los a matarem-se uns aos outros. Creio mesmo que o principal problema no Haiti, nesse momento, é estabelecer a ordem. É ridículo haver um aeroporto cheio de comida, água, medicamentos, médicos, etc, etc, e não se conseguir entregar nada.

Além disso (e sabe que a minha simpatia pelos projectos imperiais americanos não é grande) creio que o Haiti, qualquer que seja o alinhamento que vier a ter, será melhor do que teve na sua história. Duvaliers (papa e Doc), macouttes, Aristides e outros que tais, como alternativa, não é grande coisa.
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Mensagem por ricardonunes Qua Jan 20, 2010 12:52 pm

EUA entram no Haiti e dão início às operações de limpeza

'Marines' chegam a Port-au-Prince para coordenar segurança, uma semana após o sismo que terá matado 200 mil pessoas.

"É uma ocupação. O palácio representa o nosso poder, a nossa identidade, o nosso orgulho", lança um haitiano, que desde o devastador sismo de há uma semana fez da praça junto ao antigo centro do poder a sua nova casa. À sua frente, um a um, os militares norte-americanos da 82.ª Brigada Aerotransportada saem dos helicópteros e tomam posição no relvado do Palácio Presidencial, em ruínas. Noutra zona da capital, desembarcam os primeiros marines.
No total, o número de militares dos EUA presentes no Haiti deverá ultrapassar os dez mil - mais que as forças da ONU, que serão reforçadas em breve com mais 3500 homens. Metade dos militares estarão destacados para operações de distribuição de água e alimentos ao milhão de desalojados. Os restantes têm como objectivo garantir a segurança. Ontem, alguns soldados da 82.ª Brigada empunharam as armas e andaram escassas centenas de metros até ao Hospital Central - a abarrotar. Ninguém entra agora sem a sua autorização.
Além dos refugiados que criticam a "invasão", houve também preocupação da parte da comunidade internacional. A França, depois de num primeiro momento ter posto em causa a presença norte-americana, defendeu ontem o "papel essencial dos EUA no terreno". A Venezuela, contudo, continua a falar de uma "ocupação".
Mas a presença norte-americana foi também aplaudida por muitos refugiados, que esperam ver agilizada a distribuição de água e alimentos. Hoje, os EUA devem retomar o lançamento em pára-quedas de bens essenciais à sobrevivência dos haitianos, que ontem foram suspensas depois das operações de segunda-feira. Os lançamentos serão feitos em áreas que já estejam sob controlo de segurança, de forma a evitar motins.
Para facilitar a chegada da ajuda humanitária, que se tem concentrado nos países em redor por falta de capacidade do aeroporto de Port-au-Prince, as autoridades preparam-se para pôr em funcionamento mais duas pistas. Uma na localidade haitiana de Jacmel, que servirá o Sul do país, e outra na vizinha República Dominicana. Os militares irão também garantir que as equipas que distribuem a ajuda terão segurança para o fazer, face aos relatos de pilhagens. A sua presença irá ainda dar confiança aos comerciantes que mantêm as lojas fechadas por receio.
Com 75 mil mortos confirmados - de um total estimado de 200 mil, além dos 250 mil feridos - os EUA preparam-se para dar por terminadas as operações de salvamento. Numa semana, as equipas de socorro resgataram 90 pessoas com vida. O responsável adjunto pela operação dos EUA no Haiti, o general Daniel Allyn, disse esperar "passar em breve da fase de procura de sobreviventes para recuperação de corpos". A operação de limpeza permitirá depois passar à fase de reconstrução do país.
Também para ajudar nesses esforços, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou ontem o reforço da missão no Haiti, que tinha sido pedido na véspera pelo secretário-geral, Ban Ki-moon. Assim, aos 9100 capacetes--azuis actualmente no terreno (além de dois mil civis) irão juntar-se em breve mais dois mil militares e 1500 polícias. O Brasil, que é o país com maior presença militar no Haiti, já se mostrou disponível para duplicar o seu contingente (hoje com cerca de 1600 pessoas).
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, conversou ao telefone com o seu homólogo norte-americano, Barack Obama, tendo proposto uma coordenação conjunta das equipas no Haiti. EUA e Brasil, com o Canadá e a França, devem reunir-se a 25 de Janeiro, em Montreal, de forma a coordenar a ajuda e evitar possíveis casos de corrupção e a ineficiência.

DN
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Mensagem por ricardonunes Qua Jan 20, 2010 11:19 pm

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Exército dos Estados Unidos expulsa jornalistas do aeroporto do Haiti

Soldados dos Estados Unidos convidaram na noite desta quarta-feira (20) aos jornalistas estrangeiros a abandonar o aeroporto da capital haitiana antes das oito da manhã desta quinta-feira(21), segundo informaram à Efe repórteres espanhóis instalados no acampamento do aeródromo de Porto Príncipe, onde têm suas bases as agências humanitárias internacionais que chegaram a Porto Príncipe após o terremoto.

Sem explicar os motivos, os militares comunicaram que se trata de uma disposição que afeta toda a imprensa internacional.

C/ El País
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