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Ainda sobre o Haiti

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Mensagem por Viriato Sáb Jan 23, 2010 8:18 am

Não sou um incondicional de MST. Tem dias. Os seus detractores dizem que depende do whisky que acabou de beber. Talvez. Mas algumas vezes põe o dedo na ferida, resume a história de uma forma brilhante. Se é do whisky bebido, que nunca o beba marado. Mas enquanto Chavez atribui o sismo a causas fabricadas pelo imperialismo americano, a França, antiga potência colonial, tem dor de corno por não conseguir fazer melhor, o Ricardo tem dúvidas sobre a eficácia da intervenção americana, eu vejo, dia a dia, a América no seu melhor. E, por enquanto, vou esquecendo o extermínio dos índios, o Vietnam, o Iraque, o conflito Palestiniano. Voltarei sempre que as situações o justificarem. Hoje apetece-me estar com os haitianos e quem lhes garante mínimos de sobrevivência...



A nacção insdespensável

Madeleine Albright, que foi secretária de Estado do ex-Presidente americano Bill Clinton, disse um dia que os Estados Unidos eram "a nação indispensável". Na altura, logo após a implosão da URSS, a frase tinha uma conotação arrogante: os Estados Unidos anunciavam a emergência de uma era unipolar, em que eles ditariam as regras a que todos acabariam, de uma forma ou de outra, por ter de se submeter (a "Time" chegou a fazer uma capa onde comparava o Império Romano ao novo Império Americano). Depois, o mundo complicou-se, a China rebentou fronteiras, o extremismo islâmico pôs a América e o Ocidente em sentido, Bill Clinton compreendeu que o mundo era afinal interdependente e que os Estados Unidos o aceitavam assim, mas o seu sucessor, o inultrapassável idiota do Bush-filho, conseguiu criar tantos anticorpos contra a nação americana, que a frase de Albright perdeu-se no depósito das verdades provisórias.
Mas, por estes dias, olhando para o cenário apocalíptico dessa nação falhada e agora destruída, que é o Haiti, a frase regressa, como costumam regressar as verdades antigas: nos grandes momentos da história da humanidade, de há quase cem anos para cá, os Estados Unidos são, de facto, a nação indispensável. Algumas vezes para o mal, outras, como no Haiti, para o bem. Churchill, por exemplo, sabia-o bem: quando tomou posse do governo inglês para enfrentar Hitler, ao mesmo tempo que tentava sobreviver à guerra aérea que, nos céus ingleses, antecipava a invasão da ilha, ele concentrava todos os seus esforços a tentar convencer Roosevelt a entrar na guerra. Em 39-45, como antes, em 14-18, e depois, em 1991, na primeira Guerra do Golfo, a Europa e o Ocidente ficaram a dever a vida ao esforço de guerra da grande nação americana. É ]isso que explica o infalível apoio dos ingleses aos primos americanos, mesmo quando estes confundem as guerras necessárias e justas com as desnecessárias e injustificáveis - como Blair, não hesitando em mentir e falsificar informações, para seguir o imbecil do Texas na desastrosa aventura militar e política da segunda Guerra do Iraque.
O que tudo confunde é essa extraordinária capacidade para os contrastes que é uma imagem de marca dos Estados Unidos. Eles tanto são capazes de produzir um Roosevelt - que impõe ao povo americano a obrigação histórica de salvar a Europa do nazismo - como são capazes de produzir um George W. Bush, que impõe ao país uma guerra sem sentido, apenas destinada a servir a sua vaidade de se proclamar "um Presidente de guerra". Tanto são capazes de produzir um Bill Clinton, que restabeleceu a economia e a imagem externa dos EUA, como uma Sarah Palin, talvez futura presidente, cuja absoluta ignorância, estupidez natural e incompetência são mais perigosas do que dez Bin Ladens à solta.
Os Estados Unidos são a nação que é capaz de, num instante, mobilizar os meios e a determinação para acorrer a uma tragédia com a dimensão do Haiti e fazê-lo de forma eficaz, profissional e humana - enquanto a 'Europa', a tal entidade que nem número de telefone tem, ainda está a agendar reuniões para saber o que fazer, e a França (grande responsável histórica pela vergonha de país que é o Haiti), se queixa da ofensa à grandeur de la France, porque o exército americano, no aeroporto de Port-au-Prince, não deu prioridade de aterragem a um avião seu. Mas, enquanto Obama mobiliza Exército, Força Aérea, Marinha, reservistas e até os seus dois antecessores na Casa Branca para acorrer de imediato a salvar vidas no Haiti, o seu plano de saúde, destinado a evitar o escândalo de milhões de americanos morrerem por falta de assistência médica reservada a quem tenha seguros de saúde, está ameaçado de morte com a traição póstuma dos eleitores de Ted Kennedy, no Massachusetts, elegendo para o seu lugar vago um republicano, representante da mais obscura direita, que acha que um americano que não tem dinheiro para um seguro de saúde merece morrer na rua.
A direita americana, que se reclama dos valores morais dosfoundingfathers, tem, de facto, valores que repelem qualquer ser humano minimamente civilizado e que, quando no poder, tornam os Estados Unidos um ódio de estimação do planeta todo, desde as montanhas do Afeganistão, onde se esconde Bin Laden, até às mesas de café de qualquer cidade europeia. Eles acham que a "liberdade de informação" justifica que os servidores americanos da Internet não tenham de revelar o nome dos utilizadores que, a coberto do anonimato, se dedicam a difamar outros, em qualquer lugar do mundo e sem poderem ser responsabilizados; mas também acham que a Quinta Emenda lhes dá o dever moral de colocar na net, para os voyeurs do mundo inteiro, as confissões da menina Lewinsky sobre as suas actividades sexuais com o Presidente, já que este não cumpriu o seu "dever moral" de expor voluntariamente toda a sua vida íntima. Eles sabem, aliás, que todos os wasps da política republicana têm uma vida íntima secreta, enquanto se exibem ternurentos de mãos dadas com as mulheres, mas não perdoam que um negro seja o maior golfista de todos os tempos, milionário, casado com uma branca bonita e ainda tenha aventuras extraconjugais, e, por isso, depois de devassaram e exporem todos os seus pecados publicamente, estão à beira de internar Tiger Woods numa clínica de "recuperação do vício sexual" (onde, não sei por que misteriosas artes, o 'tratamento' passa por conseguir que ele viva dezoito semanas sem contactos nem "excitação sexual"). Eles sabem que a ganância dos seus banqueiros e gestores conduziu o país e o mundo à beira da falência e condenou centenas de milhões de pessoas ao desemprego e à miséria, mas, assim como antes achavam que o mercado era soberano e o governo não devia de forma alguma intervir, também agora acham que tentar reguIar o apetite dos tubarões seria cometer o sacrossanto crime de limitar a iniciativa privada. Eles sabem que essa gente sem escrúpulos está de volta ao business as usual e que de novo se distribuem entre eles ordenados e bónus milionários pelos resultados dos seus negócios que o dinheiro injectado pelos contribuintes permitiu salvar, mas recusam as tentativas de Obama para lhes taxar esses bónus indecorosos e assim recuperar parte do dinheiro que lhes foi emprestado pelos americanos. Eles sabem que alguns dos seus filhos têm às vezes o mau hábito de, quando estão mal-dispostos, sair para a escola com a arma do pai e matar os colegas a tiro, mas recusam-se a aceitar mudar a Constituição - que lhes garante, dizem, o ancestral direito de circularem no Farwest armados para se defenderem dos bandidos.
Mas, apesar de tudo isso, apesar de todos os seus contrastes, a América guarda ainda dentro de si uma grande dose de generosidade e de ingenuidade no que é essencial. Em muitas coisas, os Estados Unidos não são ainda uma nação gasta e por isso é que, quando o dever moral é evidente, eles não hesitam nem elaboram: "nos momentos de tragédia, os Estados Unidos avançam e ajudam é o que somos, é o que fazemos", como disse Obama sobre o Haiti. E, enquanto Chávez e o ministro dos Estrangeiros da França se vão queixando já da "ocupação americana" do Haiti, os que estão no terreno e os que vêm de fora sabem bem que a única esperança para o Haiti é a presença americana. Não são os únicos que lá estão, mas são os únicos que o podem salvar, porque têm os meios, a vontade e a capacidade de organização para tal. A nação indispensável.
Viriato
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Mensagem por Vitor mango Sáb Jan 23, 2010 9:13 am

Adorei
Alias OVO sempre o MST
e sobre o Churchill ele tinha uma frase bemn tipica dele about americanos
Acertam sempre com o caminho depois de andarem perdidos por todos os outros
Vitor mango
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Mensagem por ricardonunes Sáb Jan 23, 2010 9:31 am

Só uma curiosidade Arrow

E tenham atenção ás datas Arrow

Qui, 14 Jan, 08h27
Washington, 14 jan (EFE).- O Governo do Haiti suspendeu hoje a entrada de mais aviões americanos no país, já que não há pistas disponíveis para novas aterrissagens, disse a porta-voz da agência de aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês), Laura Brown.

Em declarações à imprensa, Brown afirmou que outro motivo que levou o Governo haitiano a impedir a entrada de voos americanos em Porto Príncipe é a falta de combustível para o reabastecimento das aeronaves.

Por conta disso, a FAA parou de autorizar decolagens com destino ao país centro-americano. Novos voos só serão liberados quando houver pistas disponíveis.

Os primeiros voos com ajuda internacional às vítimas do terremoto de terça-feira começaram a chegar hoje no país.

O terremoto de 7 graus na escala Richter aconteceu às 19h53 (Brasília) de terça-feira e teve epicentro a 15 quilômetros de Porto Príncipe, a capital do país. A Cruz Vermelha do Haiti estima que o número de mortos ficará entre 45 mil e 50 mil.

Ontem, o primeiro-ministro do país, Jean Max Bellerive, havia falado de "centenas de milhares" de mortos.

O Exército brasileiro confirmou que pelo menos 14 militares do país que participam da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) morreram em consequência do terremoto.

A brasileira Zilda Arns, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, ligada à Igreja Católica, também morreu no tremor. EFE

EUA vão tomar conta do espaço aéreo do Haiti
15 JAN 10 às 23:37

Os Estados Unidos vão tomar conta do espaço aéreo do Haiti até que o governo haitiano esteja preparado para retomar o controlo. Entretanto, o ministro do Interior disse que o sismo pode ter feito 200 mil mortos.
«Nunca saberemos o número exacto», desabafou do ministro do Interior do Haiti à agência Reuters. Paul Antoine Bien-Aime disse que já foram recolhidos 50 mil cadáveres e estima existirem entre 100 a 200 mil mortos no total.
O anterior balanço, feito horas antes pelo ministro haitiano da Saúde, Alex Larsen, apontava para 50 mil mortos, cerca de 250 mil feridos e 1,5 milhão de desalojados.

Entretanto, o aeroporto da capital ficou esta noite sob o controlo temporário dos Estados Unidos, depois de assinado um acordo entre as forças norte-americanas e o primeiro-ministro do Haiti.
Um porta-voz do Departamento de Estado sublinhou que os Estados Unidos vão assumir esta responsabilidade enquanto for necessário e até que o governo do Haiti esteja preparado para retomar o controlo.
O aeroporto tem sido uma das portas de entrada da ajuda humanitária, mas a sobrecarga de voos levou as autoridades haitianas a limitarem o espaço aéreo nos últimos dois dias.
Numa altura em que, três dias após o sismo, a população haitiana continua à espera de ajuda, os Estados Unidos avaliaram em 90 o número máximo de movimentos de aviões em cada 24 horas no aeroporto de Port-au-Prince, que só tem uma pista.
Um dos problemas no local é a logística, uma vez que as estradas estão intransitáveis e as comunicações quase inexistentes.
Esta tarde, o chefe do Estado-maior norte-americano disse esperar pelo menos nove mil militares estejam no Haiti ou ao largo da costa haitiana até segunda-feira para acompanharem a distribuição da ajuda e garantirem a segurança.
Está também prevista a chegada de um porta-aviões que trás consigo 600 mil doses individuais de alimentos e 100 mil litros de água. Esta porta-aviões tem também a capacidade de transformar água do mar em água potável, nomeadamente mais de um milhão de litros por dia.
Este sábado chega ao país a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para se reunir com o presidente haitiano, René Préval, e para observar no terreno como está a ser organizada a ajuda.

Cláudia Arsénio

Continuo a não perceber a presença militar (em tão grande quantidade) no Haiti.
Os americanos, e desde a 1ª Guerra do Golfo, foram bastantes hábeis a propagandear os seus actos externos, quer com fins belicistas quer humanitários.

Neste caso, é o contrário, até escorraçaram os jornalistas.

Para quem tenha dúvidas, procurem nos habituais sites que disponibilizam as fotos dos americanos em actuação a ver se encontram matéria de relevo sobre a missão no Haiti.
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Mensagem por Viriato Sáb Jan 23, 2010 12:25 pm

Creio, mas o Ricardo corrigirá, que no dia do sismo deixou de haver controlo da tráfico aéreo. Acha que seria possível manter o aeroporto em funcionamento nessas condições?? Creio também que quem instalou um sistema de comunicações para permitir o dito tráfico foram os americanos. Deverá concordar que ese restabelicimento era urgente e não podia ficar dependente de uma dúzia de reuniões para decidir quem.

Creio também, mas o Ricardo deverá estar mais perto da realidade, que o aeroporto se tornou vital uma vez que o porto de mar ficou incapacitado e a chegada aérea era mais rápida. Não penso que seja mentira a escassez ou esgotamento de combustível. E que o aeroporto, superlotado, se tornaria inoperacional.

Sabe, nessas ocasiões é que é preciso alguém tomar decisões. E eu sei como o mundo demora a tomá-las. Não houvesse uma iniciativa americana e, talvez, ainda hoje se estivesse a discutir quem tomaria o controlo das operações.

Por fim, a proximidade geográfica aconselhava a que os americanos podiam e deviam tomar a primazia.

Tudo isso que eu disse será inútil se me provar que o sismo foi provocado pelos USA com segundas intenções. Mas para essas histórias já não comentarei...
Viriato
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