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Mensagem por Viriato Seg Mar 01, 2010 6:03 pm

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Diverte-me analisar a construção dos títulos na imprensa. Os livros sobre jornalismo estão cheios de conselhos sobre a matéria, mas a realidade é que é a imaginação e a qualidade do tratamento do assunto que contam.

Alguma imprensa francesa, especialmente a menos convencional, procura explorar jogos de palavras e, muitas vezes, surpreende pelo brilhantismo. Outra, à revelia de belos tempos do passado, tem a "graça" de uma primeira página do "Novidades", de "A Voz", do "Diário da Manhã" ou do "Diário de Notícias" do tempo do (também) meu antecessor neste posto, Augusto de Castro (para quem saiba o que esses jornais significavam).

Um bom título é um chamariz importante e já tenho visto crónicas, antecedidas de uma frase apelativa, na qual o autor começa por confessar que usou o título apenas para atrair o leitor, não tendo o texto nada a ver com ele...


Dizia-se que alguns jornalistas do semanário "O Independente", que marcou uma época na imprensa em Portugal, inventavam belos títulos e, depois, iam à procura de um assunto para encher a notícia.


Sendo que o rigor jornalístico parece hoje algo minoritário ou arqueológico, assistimos cada vez mais a verdadeiros atentados à deontologia. Um dos truques correntes consiste em transformar uma resposta de sim ou não, dada a uma pergunta inesperada e às vezes tonta e decontextualizada, num título, com uma frase que não foi, de facto, dita.

Querem um exemplo? Pergunte-se, por exemplo, ao presidente da TAP, se já voou numa companhia "low cost". Com toda a certeza, o engº Fernando Pinto irá responder "não". Conheço pelo menos um certo jornal português que, sem a menor dúvida, iria puxar para título "Nunca viajei numa 'low cost'", com tudo o que isso tem de subliminarmente negativo. É isto sério? Não é, claro.


Mas há muitos outros "golpes". Um dia, em outras funções, dei uma longa entrevista a um jornal cuja seriedade era para muitos duvidosa. Apenas fui convencido por conhecer o jornalista, em cujo profissionalismo confiava. A entrevista correu bem e, se bem me lembro, o texto ficou irrepreensível. Mas nem tudo iria correr bem com essa entrevista. A certo passo, o jornalista perguntou-me se Portugal não pagava demasiado para o orçamento da União Europeia. Esclareci, num tom académico, que os países contribuíam de acordo com o seu PNB (produto nacional bruto), isto é, de acordo com a sua riqueza. Foi então que cometi um erro, ao ousar acrescentar uma ironia: até gostaríamos de pagar bem mais, porque isso significaria que éramos um país mais rico. O inevitável aconteceu: tive "direito" a primeira página, com grande fotografia, e a "citação": "Queremos pagar bem mais para a Europa!". Imagino a cara dos leitores...

Diverte-me analisar a construção dos títulos na imprensa. Os livros sobre jornalismo estão cheios de conselhos sobre a matéria, mas a realidade é que é a imaginação e a qualidade do tratamento do assunto que contam.

Alguma imprensa francesa, especialmente a menos convencional, procura explorar jogos de palavras e, muitas vezes, surpreende pelo brilhantismo. Outra, à revelia de belos tempos do passado, tem a "graça" de uma primeira página do "Novidades", de "A Voz", do "Diário da Manhã" ou do "Diário de Notícias" do tempo do (também) meu antecessor neste posto, Augusto de Castro (para quem saiba o que esses jornais significavam).

Um bom título é um chamariz importante e já tenho visto crónicas, antecedidas de uma frase apelativa, na qual o autor começa por confessar que usou o título apenas para atrair o leitor, não tendo o texto nada a ver com ele...


Dizia-se que alguns jornalistas do semanário "O Independente", que marcou uma época na imprensa em Portugal, inventavam belos títulos e, depois, iam à procura de um assunto para encher a notícia.


Sendo que o rigor jornalístico parece hoje algo minoritário ou arqueológico, assistimos cada vez mais a verdadeiros atentados à deontologia. Um dos truques correntes consiste em transformar uma resposta de sim ou não, dada a uma pergunta inesperada e às vezes tonta e decontextualizada, num título, com uma frase que não foi, de facto, dita.

Querem um exemplo? Pergunte-se, por exemplo, ao presidente da TAP, se já voou numa companhia "low cost". Com toda a certeza, o engº Fernando Pinto irá responder "não". Conheço pelo menos um certo jornal português que, sem a menor dúvida, iria puxar para título "Nunca viajei numa 'low cost'", com tudo o que isso tem de subliminarmente negativo. É isto sério? Não é, claro.


Mas há muitos outros "golpes". Um dia, em outras funções, dei uma longa entrevista a um jornal cuja seriedade era para muitos duvidosa. Apenas fui convencido por conhecer o jornalista, em cujo profissionalismo confiava. A entrevista correu bem e, se bem me lembro, o texto ficou irrepreensível. Mas nem tudo iria correr bem com essa entrevista. A certo passo, o jornalista perguntou-me se Portugal não pagava demasiado para o orçamento da União Europeia. Esclareci, num tom académico, que os países contribuíam de acordo com o seu PNB (produto nacional bruto), isto é, de acordo com a sua riqueza. Foi então que cometi um erro, ao ousar acrescentar uma ironia: até gostaríamos de pagar bem mais, porque isso significaria que éramos um país mais rico. O inevitável aconteceu: tive "direito" a primeira página, com grande fotografia, e a "citação": "Queremos pagar bem mais para a Europa!". Imagino a cara dos leitores...

Postado por Francisco Seixas da Costa


Tenho muita vez protestado contra a má fé na informação portuguesa. Nomeadamente a dos títulos não corresponderem á verdade e muitas vezes aos textos, sabendo-se que a grande maioria dos portugueses leim nas bancadas só os títulos. E depois indignam-se quando lhes chamam desonestos...
Viriato
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Títulos Empty Re: Títulos

Mensagem por Vitor mango Ter Mar 02, 2010 1:09 am

inda comprava o SOl mas com a prostituiçao monetaria do Saraiva
bye bye
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Títulos Empty Re: Títulos

Mensagem por Joao Ruiz Ter Mar 02, 2010 3:15 am

Resumindo e concluindo - O jornalismo em Portugal não vale um cêntimo furado, embora haja alguns jornalistas -que ainda os há- que honram a profissão.

O grande mal é o chamado "vício do jornal", que não deixa que se faça uma greve total, não comprando os jornais durante um ou dois dias e logo se veria o resultado.

Para grandes males, grandes remédios e "greva-sa" tanto para aí, sem tom nem som...


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