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Não confie. Acredite

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Mensagem por Viriato Seg Mar 22, 2010 3:24 am

Não confie. Acredite

Não causa espanto mas confirma o rasto de miséria humana: a pedofilia impõe-se como prática milenar na arquitectura da Igreja Católica.

Terá sido assim, sempre à sombra de cânones que protegem paladinos da virtude. Um padre é um exemplo para a comunidade em que se movimenta, numa lógica em que o sofrimento vence a tentação.

O que se sabia vê-se exposto com um realismo que também define a raça. Surgem milhares de denúncias de abuso sexual de crianças, na Irlanda, nos Estados Unidos, na Alemanha, na Holanda, na Itália, na Suíça, na Áustria e, certamente, por outros sítios de mais recato e maior temor.

Por cá, entre brandos costumes e um assinalável registo de casos, 10 terão sido cometidos por padres que, provavelmente, disseram, vezes sem conta, a ladainha: não prejudicarás, não matarás, não e não. Como é que se pode confiar sem duvidar de quem prega contra o que faz? Passa, também, por um acto de fé.

Vivem-se, de facto, tempos de fé naquilo em que já não se confia. Nos últimos anos, desde 2004, não se tem tempo para acreditar no futuro. Não há ano em que o Governo não mexa nas condições de reforma. Aquilo que hoje é vendido como verdade e remédio para a sustentabilidade de um modelo com futuro, rapidamente passa a fazer parte de uma história longínqua.

A razão para a velocidade das alterações é invariavelmente a mesma: o dinheiro não chega para as despesas, facto que facilmente pode ser comprovado. O problema está na falta de coragem política em afirmar uma terapia de choque, projectando os remédios no tempo. A verdade é que já ninguém confia na receita e vigora a auto-prescrição.

A instabilidade e consequente receio pelo futuro têm consequências: em Fevereiro, o número de pedidos de reforma triplicou em relação ao mesmo mês do ano anterior; começam a faltar médicos, vão escassear professores.

Uma crescente maioria de funcionários públicos prefere um pássaro na mão e avança para uma reforma antes do tempo. Já poucos confiam em regras que mudam em função dos resultados. Muitos começam a conformar-se, elegendo a opção como uma liberdade de escolha.

Eis-nos, então, perante a dúvida que alimenta uma notícia: iria ou não Oliveira e Costa a julgamento? Por momentos, estamos num espaço virtual, a branco e negro, sem pingo de razoabilidade. Mas haveria alguma possibilidade de o cidadão não ir a tribunal? José Oliveira e Costa é o principal responsável pela história BPN, um rol de trafulhices com a dimensão de "efeito sistémico".

O problema é que já poucos confiam na justiça. Ou melhor: acreditam que, no princípio da igualdade, há um peso e duas medidas. De resto, sobra a fé.

Apoiantes declarados de José Pedro Aguiar Branco recolheram estrategicamente. Alexandre Relvas tinha escrito o discurso que não leu no congresso. Também espelha o rasto deste tempo. É o Mourinho de Cavaco.
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Raul Vaz, Jornalista
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