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Espanha

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Mensagem por Viriato Seg Mar 22, 2010 3:38 am

Espanha

Espanha Suarez+y+el+Rey2

O período da transição da ditadura para a democracia, no final do século passado, é um dos mais interessantes na história contemporânea de um país com tanta História como é Espanha.


Muitas personalidades contribuiram, durante essa época, para ajudar a colocar um ponto final às "dos Españas", que se haviam confrontado nos anos 30 e que a violência da repressão franquista prolongou algumas por décadas mais, à sombra da absolvição prática de ditaduras na península ibérica pelo "mundo livre", no oportunismo da realpolitik da Guerra Fria .


Mas houve, claramente, dois homens a quem, nesse contexto, a Espanha ficou a dever um serviço maior: o rei Juan Carlos e Adolfo Suarez.


Desde há muito, tenho lido tudo quanto posso sobre esse período, sobre o estertor do franquismo, sobre as tensões militares que o procuraram prolongar, sobre os difíceis passos para a reconstituição de um sistema político democrático - passos difíceis, até porque dados sob o cenário de fundo das pulsões autonómicas e da ameaça do terrorismo.


Há uns meses, numa livraria espanhola, comprei um livro de que já ouvira falar, do qual haviam sido publicadas já diversas edições: "Suárez y el Rey", uma obra de Abel Hernández, que foi prémio Espasa/Ensayo em 2009. Acabei de lê-lo há dias.

Trata-se de um relato interessantíssimo da relação entre aqueles dois homens a quem a Espanha muito deve, cujo entendimento permitiu garantir a fixação de um quadro institucional de vivência democrática em Espanha. O livro não é uma hagiografia de nenhuma daquelas personagens, deixa entrever a mutação de algumas circunstâncias, que não deixou de pesar nas relações entre ambos, na talvez inevitável contradição entre quem tem por ambição representar a continuidade do Estado e quem titulou um projeto específico para a sua gestão temporal, que as urnas viriam a rejeitar. Trata-se de um trabalho de grande seriedade, no delicado domínio da história contemporânea. Como disse, li muito sobre esse período, mas as pouco mais de 200 páginas deste livro deram-me chaves de compreensão que ainda não tinha.


A fotografia deste post, de 2008, que figura na capa de algumas das edições do livro, onde se vê o rei espanhol a acompanhar um Suárez já afetado pela doença neurológica que o debilitou sem remissão, é, a meu ver, uma imagem muito comovente. No fundo, é o retrato afetivo de uma cumplicidade patriótica que salvou a Espanha de uma tragédia.

Postado por Francisco Seixas da Costa

Tenho grande simpatia por Suarez. Nunca me esquecerei, quando em 1981, o fascista Antonio Tejero irrompe pelo Congresso dos Deputados, em Madrid, aos tiros e a mandar todos os deputados deitarem-se no chão. Houve só dois deputados que se mantiveram dignamente sentados. Um deles, o chefe do governo, Suarez. Outro, faça-se a devida justiça, Santiago Carrilho. E nem as coronhadas os demoveram...
Viriato
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