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segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010 Umbigos colonialistas

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segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010 Umbigos colonialistas Empty segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010 Umbigos colonialistas

Mensagem por Vitor mango Ter Mar 23, 2010 2:17 am

.segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010









Umbigos
colonialistas






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As
comunidades ocidentais "expatriadas", como aqui se diz, reunem-se uma ou
duas vezes por ano: por altura do Ano Novo e por ocasião das festas
nacionais dos países. Há comunidades fortes e influentes, ricas,
empreendedoras - dinamarqueses, suecos, alemães, italianos, britânicos -
como as há tão discretas e invisíveis que dir-se-ia não existirem. Há
aquelas que se unem para patrocinar edições de obras sobre as relações
históricas entre o Sião e os seus países de origem, animar exposições de
artes, promover encontros e, até, abrirem restaurantes e pub's. Há,
finalmente, aquelas que se encontram para matar saudades do idioma e
para pôr em dia a má-língua. Dizia-me há tempos um grego, meu
companheiro de escola de língua thai, que evitava participar nesses
encontros, pois a miniatural confraria dos seus conterrâneos parecia
ter-se especializado em dizer mal de tudo o que à Grécia e à Tailândia
respeitava.
Os europeus possuem destas coisas. Querem sair da Europa a
todo o transe, não gostam do clima frio, das chuvas e das neves, da
água gélida das praias, da vida cinzenta, das intrigas do trabalho, das
arrelias da política. Contam ansiosamente os meses, as semanas e os dias
que precedem as férias de verão para partirem para os trópicos, mas
quando se fixam nos trópicos fecham-se nas suas referências e
encasulam-se numa blindagem de preconceitos contra a sociedade que os
acolheu, ou desgastam-se em estéreis lutas intestinas. Vivem fora, olham
de fora, criticam, desprezam, mas gostam de aqui viver. Europeus há
aqui que nestas terras vivem há décadas e não falam meia dúzia de
palavras em tailandês, não lêem uma linha, nunca entraram num museu, num
templo, não sabem o significado dos códigos morais e de etiqueta
locais, não passam do bife com batatas fritas e ovo a cavalo. Uma
vizinha canadiana teve o atrevimento de se zangar com a sua
mulher-a-dias porque esta não compreendera o significado do dia de natal
e aparecera, como sempre o faz, para limpar a casa no dia 25 de
Dezembro. Outro, suíço, gabou-se ter sobrevivido dez anos com recurso a
linguagem gestual.
Inventaram um mundo. O fenómeno não é tailandês; é
uma velha tendência colonial que já Roland Meyer, que assinava Komlach,
detectara no Camboja do Protectorado Francês dos anos Vinte do século
passado: "os brancos sem raízes que amaldiçoam e ignoram o Camboja desde
os confins do seu bairro europeu, onde preservam as pueris manias da
sua vida dita civilizada". No fundo, querem é criados, passar por
grandes senhores, exibir status. O Ocidente só perde, pois nada sabe
sobre o Oriente e o que julga saber não passa de fantasias
colonialistas.Diverte-me ouvir os colonialistas falarem aos tailandeses
de "Lord Buda", quando os thais não sabem o que Buda significa, pois
aqui é referido como Phraá. Rio-me das referências que fazem a Luís XIV,
a Platão, a Proust, a Degas, a Brecht e ao estilo barroco. Os thais
sabem tanto disso como nós de Phra Narai, Sunthorn Phu, Kukrit Pramoj,
Vajrayana, o Ramakien, o teatro likay.







Publicada por
Combustões


em
06:19






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Vitor mango
Vitor mango

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