Amigos de Peniche
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Amigos de Peniche
Origem da expressão Amigos de Peniche:
A expressão regist[r]ada no Dicionário das Origens das Frases Feitas, de
Orlando Neves, vem no plural, embora o uso tenha consagrado o singular,
também, como vem abonado no Dicionário Contemporâneo da Língua
Portuguesa (que dá amigo de Peniche = amigo da onça, «falso amigo, amigo
interesseiro, hipócrita, interesseiro»).
Quanto à origem da expressão, transcreve-se de seguida o que refere
Orlando Neves:
«A "amigos" traiçoeiros, falsos ou hipócritas se costuma chamar
“amigos de Peniche". Afinal, nem Peniche nem os seus naturais têm que
ver com essa ideia de falsidade.
Mariano Calado, no livro Peniche na História e na Lenda, esclarece
completamente o caso:
"Tendo D. Henrique morrido sem deixar descendência, surgiram,
naturalmente, como pretendentes ao trono de Portugal, três netos de D.
Manuel: Filipe II, rei de Espanha, D. Catarina de Bragança e D. António,
Prior do Crato. Era ao primeiro aquele a quem a força dava mais
direitos, demais coadjuvado pela perfídia que, ao tempo, grassava na
corte portuguesa; e um exército espanhol, comandado pelo Duque de Alba,
invadiu o Alentejo, tendo Filipe sido proclamado rei de Portugal.
Não o reconheceu, todavia, D. António que, mercê de mil e uma
habilidades diplomáticas, conseguiu que Isabel Tudor, rainha de
Inglaterra, pusesse à sua disposição uma armada de cerca de 20 000
homens e 'cento e setenta navios grandes e pequenos' para, com ela,
reivindicar os seus direitos; e, a 26 de Maio de 1589, os penichenses
viram desembarcar, na sua praia do sul, parte dos soldados desse
exército, comandados pelo general John Norris.
Depois de uma leve escaramuça com a guarnição da Fortaleza – a que
não faltaria, sem dúvida, a indiferença dos poucos portugueses às ordens
do oficial castelhano D. Pedro de Gusmão, e que suporiam, talvez, que
com a chegada dos bretões seria possível a expulsão do invasor filipino
–, a praça foi tomada e o exército inglês caminhou sobre a capital, ao
mesmo tempo que, sob o comando do almirante Francis Drake, a esquadra
que o desembarcara em Peniche rumava a caminho de Cascais.
Entretanto, entre o receio de uns e a alegria de outros, chegava a
Lisboa a nova do desembarque de D. António, passando entre os seus
partidários, a segredar-se, num anseio de esperança: 'Vêm aí os nossos
amigos… Vêm aí os nossos amigos que desembarcaram em Peniche…'
Mas o exército invasor, e sem que o Prior do Crato tivesse a força
suficiente para o evitar, avançava na maior das indisciplinas,
devastando e roubando as terras por onde passava – Atouguia, Lourinhã,
Torres Vedras, Loures… –, até que, tendo chegado às portas da cidade,
acampou nos altos do Monte Olivete onde, pouco depois, os canhões do
castelo de S. Jorge, por ordem de D. Gabriel Niño, começaram a despejar
metralha. Grande foi a surpresa de John Norris em face desse
bombardeamento, pois D. António, para conseguir o indispensável auxílio
do exército inglês, teria provavelmente garantido não haver necessidade
de combater, visto que seria festivamente recebido em Portugal. E o
acampamento foi mudado para a Boa Vista e Bairro Alto, de onde, após um
breve recontro com os castelhanos, retirou de novo, desta vez para
Esperança.
Dentro das muralhas e durante todas estas manobras, a ansiedade
patriótica dos 'antonistas' continuava, segredando a ocultas: 'Será hoje
que chegam os nosso amigos?… Virão os nossos amigos de Peniche?…'
D. António bem deve ter insistido e procurado dar novas garantias,
mas aquele exército composto de mercenários não poderia sentir o
patriotismo e a dor do infeliz e desorientado pretendente; e assim, dias
depois e em face do desespero do Prior do Crato, refugiava-se
ingloriamente em Cascais, na mesma esquadra que o trouxera de Inglaterra
e desembarcara em Peniche.
'– Porque não entram os nossos amigos?… Porque nos abandonam os
nossos amigos de Peniche?…'
E foram baldadas todas as ingénuas esperanças dos partidários de D.
António, pois o auxílio que a este tinha sido oferecido teria, por
certo, menos o interesse de participar generosamente na reconquista da
independência de Portugal que humilhar o orgulho e poderio de Espanha
através de um golpe de surpresa, aliás coadjuvado pela suposta fácil
sublevação do povo português, cansado de extorsões e ignomínias.
Por muito tempo ficou aberta no coração dos 'antonistas', como ferida
dolorosa, a desilusão dos amigos desembarcados em Peniche, daqueles
amigos que esperavam receber como libertadores e que afinal os tinham
abandonado. Mas os homens desembarcados em Peniche, e que traíram as
esperanças dos bons portugueses de então, não eram de cá e partiram como
vieram, não ficaram em Portugal…"»
Mais informação:
Parte I
Parte II
PARTE III
PARTE IV
A expressão regist[r]ada no Dicionário das Origens das Frases Feitas, de
Orlando Neves, vem no plural, embora o uso tenha consagrado o singular,
também, como vem abonado no Dicionário Contemporâneo da Língua
Portuguesa (que dá amigo de Peniche = amigo da onça, «falso amigo, amigo
interesseiro, hipócrita, interesseiro»).
Quanto à origem da expressão, transcreve-se de seguida o que refere
Orlando Neves:
«A "amigos" traiçoeiros, falsos ou hipócritas se costuma chamar
“amigos de Peniche". Afinal, nem Peniche nem os seus naturais têm que
ver com essa ideia de falsidade.
Mariano Calado, no livro Peniche na História e na Lenda, esclarece
completamente o caso:
"Tendo D. Henrique morrido sem deixar descendência, surgiram,
naturalmente, como pretendentes ao trono de Portugal, três netos de D.
Manuel: Filipe II, rei de Espanha, D. Catarina de Bragança e D. António,
Prior do Crato. Era ao primeiro aquele a quem a força dava mais
direitos, demais coadjuvado pela perfídia que, ao tempo, grassava na
corte portuguesa; e um exército espanhol, comandado pelo Duque de Alba,
invadiu o Alentejo, tendo Filipe sido proclamado rei de Portugal.
Não o reconheceu, todavia, D. António que, mercê de mil e uma
habilidades diplomáticas, conseguiu que Isabel Tudor, rainha de
Inglaterra, pusesse à sua disposição uma armada de cerca de 20 000
homens e 'cento e setenta navios grandes e pequenos' para, com ela,
reivindicar os seus direitos; e, a 26 de Maio de 1589, os penichenses
viram desembarcar, na sua praia do sul, parte dos soldados desse
exército, comandados pelo general John Norris.
Depois de uma leve escaramuça com a guarnição da Fortaleza – a que
não faltaria, sem dúvida, a indiferença dos poucos portugueses às ordens
do oficial castelhano D. Pedro de Gusmão, e que suporiam, talvez, que
com a chegada dos bretões seria possível a expulsão do invasor filipino
–, a praça foi tomada e o exército inglês caminhou sobre a capital, ao
mesmo tempo que, sob o comando do almirante Francis Drake, a esquadra
que o desembarcara em Peniche rumava a caminho de Cascais.
Entretanto, entre o receio de uns e a alegria de outros, chegava a
Lisboa a nova do desembarque de D. António, passando entre os seus
partidários, a segredar-se, num anseio de esperança: 'Vêm aí os nossos
amigos… Vêm aí os nossos amigos que desembarcaram em Peniche…'
Mas o exército invasor, e sem que o Prior do Crato tivesse a força
suficiente para o evitar, avançava na maior das indisciplinas,
devastando e roubando as terras por onde passava – Atouguia, Lourinhã,
Torres Vedras, Loures… –, até que, tendo chegado às portas da cidade,
acampou nos altos do Monte Olivete onde, pouco depois, os canhões do
castelo de S. Jorge, por ordem de D. Gabriel Niño, começaram a despejar
metralha. Grande foi a surpresa de John Norris em face desse
bombardeamento, pois D. António, para conseguir o indispensável auxílio
do exército inglês, teria provavelmente garantido não haver necessidade
de combater, visto que seria festivamente recebido em Portugal. E o
acampamento foi mudado para a Boa Vista e Bairro Alto, de onde, após um
breve recontro com os castelhanos, retirou de novo, desta vez para
Esperança.
Dentro das muralhas e durante todas estas manobras, a ansiedade
patriótica dos 'antonistas' continuava, segredando a ocultas: 'Será hoje
que chegam os nosso amigos?… Virão os nossos amigos de Peniche?…'
D. António bem deve ter insistido e procurado dar novas garantias,
mas aquele exército composto de mercenários não poderia sentir o
patriotismo e a dor do infeliz e desorientado pretendente; e assim, dias
depois e em face do desespero do Prior do Crato, refugiava-se
ingloriamente em Cascais, na mesma esquadra que o trouxera de Inglaterra
e desembarcara em Peniche.
'– Porque não entram os nossos amigos?… Porque nos abandonam os
nossos amigos de Peniche?…'
E foram baldadas todas as ingénuas esperanças dos partidários de D.
António, pois o auxílio que a este tinha sido oferecido teria, por
certo, menos o interesse de participar generosamente na reconquista da
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através de um golpe de surpresa, aliás coadjuvado pela suposta fácil
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Por muito tempo ficou aberta no coração dos 'antonistas', como ferida
dolorosa, a desilusão dos amigos desembarcados em Peniche, daqueles
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vieram, não ficaram em Portugal…"»
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117472
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