Brasil: Mulheres retratam em "Luto como Mãe" chacinas policiais no Rio de Janeiro
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Brasil: Mulheres retratam em "Luto como Mãe" chacinas policiais no Rio de Janeiro
Brasil: Mulheres retratam em "Luto como Mãe" chacinas policiais no Rio de Janeiro
by Fabíola Ortiz, da Agência Lusa
Com uma câmara na mão, 11 mulheres retratam a dor de ter perdido entes queridos, vítimas da violência policial no Rio de Janeiro, mas também revelam a sua luta pela justiça no documentário “Luto como Mãe”, com estreia hoje no Brasil.
Durante 70 minutos, o filme reproduz o rosto feminino da violência armada em crimes cometidos pela polícia que chocaram a opinião pública, como “chacina de Acari”, “chacina da Candelária”, “chacina da Baixada” e outras que caíram no esquecimento.
“O filme fala de mães que perderam os seus filhos. É a luta para não deixar os casos caírem em esquecimento ou passarem impunes na justiça”, disse à Lusa o jovem cineasta luso-descendente, Luís Carlos Nascimento, que acompanhou de perto durante quatro anos o drama dessas mulheres.
“É um retrato emocional de mulheres que foram jogadas de forma muito abrupta e não por opção pessoal. Mas que, de uma maneira curiosa, elas saem de um lugar da invisibilidade e passam a ser visíveis e se movimentam fazendo a diferença”, destacou.
“A luta traz coisas boas, você pode ajudar outras pessoas. Antes eu não era ativista e comecei a ser em 1995 porque o meu irmão sobreviveu à chacina da Candelária”, disse à Lusa Patrícia de Oliveira da Silva, da Rede de Comunidades e Movimento contra a Violência.
A chacina da Candelária ocorreu na madrugada do dia 23 de julho de 1993, perto da igreja com o mesmo nome no centro do Rio: seis adolescentes menores e outros dois homens foram assassinados por polícias.
Patrícia, que ajudou na criação do filme e também na investigação histórica, contou à Lusa como foi filmar pela primeira vez. “Foi uma experiência muito rica saber que estava a ajudar a construir uma coisa que poderia trazer o debate para todo mundo.” O documentário traz ainda a possibilidade de discutir “a polícia e política nós queremos”.
O realizador explica que as mulheres “passaram a documentar momentos em que a câmara principal não estava”. É um olhar “totalmente delas nos factos”, ressaltou, “de uma pessoa que atingiu um ponto de maturidade a ponto de minimizar a dor, sabendo que está a contribuir para que novas mulheres não sintam o mesmo”.
Nas cenas do documentário, as mulheres dão os seus relatos: “Fui inspetora, perita, delegada, tudo aquilo que a justiça não quis ser para mim. Eu fui uma mãe”, diz uma das mães vítimas.
Outra mãe afirma numa cena comovente: “Não sei se vou conseguir vê-los (os criminosos) atrás das grades. Mas talvez se eu tivesse uma classe social boa, fosse branca e não morasse na favela, já teriam resposta para mim”.
Entre 1998 e 2008, mais de cinco mil pessoas perderam a vida em resultado de ações da polícia no Rio de Janeiro. Essas vítimas eram, na maioria, negros, jovens e pobres.
Feito em parceria com o Observatório sobre Género e Violência Armada da Universidade de Coimbra e o Centro de Estudos em Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, no Rio, “Luto como Mãe” foi exibido em antestreia no ano passado em Lisboa.
O documentário foi produzido por Cinema Nosso, Jabuti Filmes e TVZero, e também exibido em 2009 no Festival Internacional do Rio, além de ter participado no 1º Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa – FESTin (Portugal/2010).
by Fabíola Ortiz, da Agência Lusa
Com uma câmara na mão, 11 mulheres retratam a dor de ter perdido entes queridos, vítimas da violência policial no Rio de Janeiro, mas também revelam a sua luta pela justiça no documentário “Luto como Mãe”, com estreia hoje no Brasil.
Durante 70 minutos, o filme reproduz o rosto feminino da violência armada em crimes cometidos pela polícia que chocaram a opinião pública, como “chacina de Acari”, “chacina da Candelária”, “chacina da Baixada” e outras que caíram no esquecimento.
“O filme fala de mães que perderam os seus filhos. É a luta para não deixar os casos caírem em esquecimento ou passarem impunes na justiça”, disse à Lusa o jovem cineasta luso-descendente, Luís Carlos Nascimento, que acompanhou de perto durante quatro anos o drama dessas mulheres.
“É um retrato emocional de mulheres que foram jogadas de forma muito abrupta e não por opção pessoal. Mas que, de uma maneira curiosa, elas saem de um lugar da invisibilidade e passam a ser visíveis e se movimentam fazendo a diferença”, destacou.
“A luta traz coisas boas, você pode ajudar outras pessoas. Antes eu não era ativista e comecei a ser em 1995 porque o meu irmão sobreviveu à chacina da Candelária”, disse à Lusa Patrícia de Oliveira da Silva, da Rede de Comunidades e Movimento contra a Violência.
A chacina da Candelária ocorreu na madrugada do dia 23 de julho de 1993, perto da igreja com o mesmo nome no centro do Rio: seis adolescentes menores e outros dois homens foram assassinados por polícias.
Patrícia, que ajudou na criação do filme e também na investigação histórica, contou à Lusa como foi filmar pela primeira vez. “Foi uma experiência muito rica saber que estava a ajudar a construir uma coisa que poderia trazer o debate para todo mundo.” O documentário traz ainda a possibilidade de discutir “a polícia e política nós queremos”.
O realizador explica que as mulheres “passaram a documentar momentos em que a câmara principal não estava”. É um olhar “totalmente delas nos factos”, ressaltou, “de uma pessoa que atingiu um ponto de maturidade a ponto de minimizar a dor, sabendo que está a contribuir para que novas mulheres não sintam o mesmo”.
Nas cenas do documentário, as mulheres dão os seus relatos: “Fui inspetora, perita, delegada, tudo aquilo que a justiça não quis ser para mim. Eu fui uma mãe”, diz uma das mães vítimas.
Outra mãe afirma numa cena comovente: “Não sei se vou conseguir vê-los (os criminosos) atrás das grades. Mas talvez se eu tivesse uma classe social boa, fosse branca e não morasse na favela, já teriam resposta para mim”.
Entre 1998 e 2008, mais de cinco mil pessoas perderam a vida em resultado de ações da polícia no Rio de Janeiro. Essas vítimas eram, na maioria, negros, jovens e pobres.
Feito em parceria com o Observatório sobre Género e Violência Armada da Universidade de Coimbra e o Centro de Estudos em Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, no Rio, “Luto como Mãe” foi exibido em antestreia no ano passado em Lisboa.
O documentário foi produzido por Cinema Nosso, Jabuti Filmes e TVZero, e também exibido em 2009 no Festival Internacional do Rio, além de ter participado no 1º Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa – FESTin (Portugal/2010).
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