ADOP SOB O SIGNO DE YEZHOV
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: "Revolta em marcha" :: Caixote para esmolas politicas :: Vomitorio para almas empenadas o :: Bancada central - o desporto visto de fora
Página 1 de 1
ADOP SOB O SIGNO DE YEZHOV
ADOP SOB O SIGNO DE YEZHOV
O Francisco disse o essencial:
«[...] Havia aqui um problema: os objectivos definidos num hipotético contrato entre Queiroz e a FPF tinham sido cumpridos — ultrapassando a fase de grupos, lá está. Podia a FPF despedir Queiroz se “os objectivos” tinham sido cumpridos? Não. [...] Se a selecção tivesse chegado um nadinha mais longe, quem não teria ido (a pé, em pagamento de promessas, arrastando-se pelo calor) à Covilhã para insultar a autoridade anti-doping? Se a selecção tivesse chegado às meias-finais, então — fuzilar-se-iam os cavalheiros do anti-doping, esses antipatriotas que tinham ousado visitar a nossa querida selecção no seu remanso de estágio e sestas com playstation. Se a selecção tivesse chegado à final, não só se fuzilariam os técnicos do anti-doping como, além disso, o seu presidente todo-protegido seria arrastado pela lama e entregue aos espanhóis para ser esquartejado, além de serem distribuídas vitaminas proibidas a todos os jogadores e às suas famílias — e Queiroz seria, mais uma vez, condecorado. Acontece que era preciso despedir Queiroz — provavelmente com a única justa causa que o futebol conhece: o futebol da selecção foi uma merda. Mas, tolhidas legalmente, as autoridades da bola alinharam no inquérito às caralhadas do seleccionador. Não se despedia por causa do futebol, mas despedia-se por causa do dicionário, dando uma lição de cavalheirismo e boa gramática (olha quem) ao país. Portanto, avisavam-se as famílias de que Queiroz, por detrás daquele discurso habitualmente com ditirambos, mas reunido à volta de sujeito, predicado & complemente directo, era (além de vilão) um perigo para a moral, para a etiqueta e para os seus filhos e filhas. Salvo erro, isto é uma canalhice das grandes. [...] as brigadas de anti-doping, pelo poder discricionário que detêm, pela ameaça invisível que constituem e, sobretudo, pela protecção de que dispõem, são tudo menos apreciadas (basta ver como detêm um poder que ultrapassa todas as leis comuns). Além do mais, está já praticamente esclarecido que a brigada anti-doping agiu com arrogância, desrespeito pela condição dos atletas e pelo papel do seleccionador. [...] Em vez disso, medricas, com os cofres controlados e a vontade de fazer asneira como é seu apanágio, cairam na cilada e contribuíram para armar uma sequência de processos, inquéritos, investigações, inquirições e trapalhadas sobre uns “nefandos acontecimentos” de Maio passado (tornados públicos através de uma “fuga de informação” desastradamente ensaiada por um membro do governo), que dão uma bela ideia desta gente que aprecia despudoradamente o poder. Além disso, ensaiam um castigo por delito de opinião, uma vergonha num país civilizado. Mesmo prejudicando (e grandemente) a selecção, ou lá o que é. Transformaram Queiroz no vilão que apetece defender para lá do razoável.»
A partir daqui, tudo o que possa acrescentar é supérfluo.
Mas convém dizer que vamos de surpresa em surpresa. Em 2002, o país descobriu estupefacto que milhares de cidadãos andavam a ser escutados, Presidente da República incluído. (Estão com certeza lembrados do famoso Envelope 9, contendo suporte informático com informações detalhadas do tráfego telefónico de titulares dos principais órgãos de soberania.) Agora, uma denominada Autoridade Antidopagem de Portugal deliberou avocar o processo contra Queiroz. Frustrados com a decisão (um ano de suspensão e mil euros de multa), os membros da ADoP tomaram conta do caso, propondo nova sentença. A partir daqui tudo é possível. Não faltam candidatos ao lugar de Nikolái Yezhov.
posted by Eduardo Pitta
O Francisco disse o essencial:
«[...] Havia aqui um problema: os objectivos definidos num hipotético contrato entre Queiroz e a FPF tinham sido cumpridos — ultrapassando a fase de grupos, lá está. Podia a FPF despedir Queiroz se “os objectivos” tinham sido cumpridos? Não. [...] Se a selecção tivesse chegado um nadinha mais longe, quem não teria ido (a pé, em pagamento de promessas, arrastando-se pelo calor) à Covilhã para insultar a autoridade anti-doping? Se a selecção tivesse chegado às meias-finais, então — fuzilar-se-iam os cavalheiros do anti-doping, esses antipatriotas que tinham ousado visitar a nossa querida selecção no seu remanso de estágio e sestas com playstation. Se a selecção tivesse chegado à final, não só se fuzilariam os técnicos do anti-doping como, além disso, o seu presidente todo-protegido seria arrastado pela lama e entregue aos espanhóis para ser esquartejado, além de serem distribuídas vitaminas proibidas a todos os jogadores e às suas famílias — e Queiroz seria, mais uma vez, condecorado. Acontece que era preciso despedir Queiroz — provavelmente com a única justa causa que o futebol conhece: o futebol da selecção foi uma merda. Mas, tolhidas legalmente, as autoridades da bola alinharam no inquérito às caralhadas do seleccionador. Não se despedia por causa do futebol, mas despedia-se por causa do dicionário, dando uma lição de cavalheirismo e boa gramática (olha quem) ao país. Portanto, avisavam-se as famílias de que Queiroz, por detrás daquele discurso habitualmente com ditirambos, mas reunido à volta de sujeito, predicado & complemente directo, era (além de vilão) um perigo para a moral, para a etiqueta e para os seus filhos e filhas. Salvo erro, isto é uma canalhice das grandes. [...] as brigadas de anti-doping, pelo poder discricionário que detêm, pela ameaça invisível que constituem e, sobretudo, pela protecção de que dispõem, são tudo menos apreciadas (basta ver como detêm um poder que ultrapassa todas as leis comuns). Além do mais, está já praticamente esclarecido que a brigada anti-doping agiu com arrogância, desrespeito pela condição dos atletas e pelo papel do seleccionador. [...] Em vez disso, medricas, com os cofres controlados e a vontade de fazer asneira como é seu apanágio, cairam na cilada e contribuíram para armar uma sequência de processos, inquéritos, investigações, inquirições e trapalhadas sobre uns “nefandos acontecimentos” de Maio passado (tornados públicos através de uma “fuga de informação” desastradamente ensaiada por um membro do governo), que dão uma bela ideia desta gente que aprecia despudoradamente o poder. Além disso, ensaiam um castigo por delito de opinião, uma vergonha num país civilizado. Mesmo prejudicando (e grandemente) a selecção, ou lá o que é. Transformaram Queiroz no vilão que apetece defender para lá do razoável.»
A partir daqui, tudo o que possa acrescentar é supérfluo.
Mas convém dizer que vamos de surpresa em surpresa. Em 2002, o país descobriu estupefacto que milhares de cidadãos andavam a ser escutados, Presidente da República incluído. (Estão com certeza lembrados do famoso Envelope 9, contendo suporte informático com informações detalhadas do tráfego telefónico de titulares dos principais órgãos de soberania.) Agora, uma denominada Autoridade Antidopagem de Portugal deliberou avocar o processo contra Queiroz. Frustrados com a decisão (um ano de suspensão e mil euros de multa), os membros da ADoP tomaram conta do caso, propondo nova sentença. A partir daqui tudo é possível. Não faltam candidatos ao lugar de Nikolái Yezhov.
posted by Eduardo Pitta
Viriato- Pontos : 16657
Tópicos semelhantes
» Selecção Nacional 2010 - 2012
» Adop suspende Carlos Queiroz por seis meses
» Miranda do Douro
» COISAS QUE MAIS IRRITAM CADA SIGNO DO ZODÍACO A PONTO DE TIRÁ-LO DO SÉRIO:
» Adop suspende Carlos Queiroz por seis meses
» Miranda do Douro
» COISAS QUE MAIS IRRITAM CADA SIGNO DO ZODÍACO A PONTO DE TIRÁ-LO DO SÉRIO:
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: "Revolta em marcha" :: Caixote para esmolas politicas :: Vomitorio para almas empenadas o :: Bancada central - o desporto visto de fora
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos