A UM MÊS E TAL DAS ELEIÇÕES
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A UM MÊS E TAL DAS ELEIÇÕES
A UM MÊS E TAL DAS ELEIÇÕES
Mário Soares
1 . A diplomacia agressiva dos Estados Unidos, no final do mandato Bush, está a desestabilizar o mundo e a criar conflitos em diferentes regiões. Na semana passada escrevi, nesta mesma coluna, sobre o Cáucaso, o conflito entre a Geórgia e a Rússia (estimulado pela NATO, braço armado dos Estados Unidos) aplacado in extremis pela União Europeia, que percebeu o perigo em que incorria se concretizasse as ameaças feitas. Invocar o regresso à "guerra fria" é um disparate, num mundo de novo multilateral e com diversos centros de poder...
Mais recentemente, Bush permitiu que as forças especiais americanas fizessem incursões no Paquistão, intervindo a partir do Afeganistão, sem sequer avisar o Governo "aliado" do Paquistão. O objectivo era capturar os terroristas da Al-Qaeda e os talibãs nos seus santuários. O que, claro, não aconteceu. A NATO declarou - vá lá! - que as suas tropas não atravessariam a fronteira do Afeganistão, tanto mais que o chefe do Estado-Maior paquistanês, avisou, entretanto, que "o Exército defenderá toda a área da sua soberania"...
Noutra região do mundo - a América Latina -, os conflitos com os Estados Unidos também têm vindo a agudizar-se. Desde, pelo menos, o princípio do séc. XX que a América do Norte considera os seus vizinhos do Sul, incluindo os mexicanos, como seus tutelados, para não dizer "economicamente colonizados". Por isso, após a Segunda Guerra Mundial, a América do Norte interveio militarmente - e sem complexos - em inúmeros países das Caraíbas, da América Central e do Sul. Para tanto, instigada pelos teóricos da "escola de Chicago", promoveu por toda a região ditaduras militares, derrubando, directa ou indirectamente, as democracias existentes. Os casos da República Dominicana, da Guatemala, do Chile, da Argentina, da Nicarágua, pós-Somoza, do Brasil, para não falar da invasão da baía dos Porcos, em Cuba, e do bloqueio ao regime de Fidel Castro, ficaram tristemente célebres.
Na década de oitenta do passado século, com o sucesso da Revolução dos Cravos e da transição democrática espanhola, que constituíram uma lição para os Estados Unidos, voltaram as democracias à América Latina, com o beneplácito americano, embora as ambições de tutela económica do grande vizinho do Norte continuassem.
Contudo, com os atentados de 11 de Setembro de 2001, no início do primeiro mandato de Bush - fez agora sete anos -, as preocupações prioritárias da América do Norte passaram a ser a "guerra ao terrorismo", com as invasões do Afeganistão e do Iraque e a consequente desestabilização de toda a região do Médio Oriente, incluindo Israel e o agravamento do conflito com a Palestina. Assim, a América Latina passou a um segundo plano e as suas recentes democracias puderam, de algum modo, respirar e consolidar-se.
Curiosamente, verificou-se, por via democrática e pacífica, o aprofundamento democrático em toda a região, autonomista, em relação à América do Norte e mais ou menos populista. Do Brasil ao Chile e à Argentina, da Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia ao Paraguai, para só citar os exemplos mais expressivos.
Bush parece ter acordado - ou sido alertado pela sineta dos interesses das grandes multinacionais - relativamente a países que procuram gerir os seus interesses, com independência, apoiados pelas populações indígenas, como a Bolívia, mesclados e ricos em petróleo, como a Venezuela. Em tempo de crise, isso gera apetites e invejas. O Brasil de Lula, país emergente, tem sido solidário com os seus vizinhos mais próximos. Daí a infeliz "guerra" de ameaças retóricas - e não só - que levou à expulsão recíproca dos embaixadores. Este facto torna a situação da região bastante explosiva. Quando compreenderá Bush que a sua era terminou e que o melhor para ele - e para a América - seria retirar-se, discretamente, e deixar que a poeira do esquecimento seja benéfica para ele...
2. O Papa em visita à França, republicana e laica, onde há apenas cerca de 10% de praticantes católicos foi um acontecimento. Foi recebido pelo mediático casal presidencial Carla Bruni e Sarkozy - muito fotografado e filmado com os seus anfitriões - falou a umas centenas de intelectuais, políticos e empresários, reunidos no Colégio dos Bernardinos, em pleno Bairro Latino e rezou perante 250 mil pessoas. Disse, entre outras, duas coisas importantes: "É preciso uma nova laicidade" (Porquê? Não basta a definida no Concílio Vaticano II?); e a Igreja "pode ajudar a dotar de moralidade o capitalismo financeiro globalizado" (Como? Não explicou). De qualquer modo, teve mais sucesso do que quando esteve na sua terra, a Alemanha.
Por seu lado, Sarkozy, falando ao gosto do seu interlocutor, adjectivou a laicidade, chamando-lhe positiva (porquê?) e disse que "prescindir das religiões (no plural) é uma loucura e um ataque à cultura". Esqueceu-se que muito mais de 10% da população francesa é agnóstica ou mesmo ateia e, entre ela, seguramente, está a maioria dos segmentos sociais mais cultos e intelectualizados...
Mário Soares
1 . A diplomacia agressiva dos Estados Unidos, no final do mandato Bush, está a desestabilizar o mundo e a criar conflitos em diferentes regiões. Na semana passada escrevi, nesta mesma coluna, sobre o Cáucaso, o conflito entre a Geórgia e a Rússia (estimulado pela NATO, braço armado dos Estados Unidos) aplacado in extremis pela União Europeia, que percebeu o perigo em que incorria se concretizasse as ameaças feitas. Invocar o regresso à "guerra fria" é um disparate, num mundo de novo multilateral e com diversos centros de poder...
Mais recentemente, Bush permitiu que as forças especiais americanas fizessem incursões no Paquistão, intervindo a partir do Afeganistão, sem sequer avisar o Governo "aliado" do Paquistão. O objectivo era capturar os terroristas da Al-Qaeda e os talibãs nos seus santuários. O que, claro, não aconteceu. A NATO declarou - vá lá! - que as suas tropas não atravessariam a fronteira do Afeganistão, tanto mais que o chefe do Estado-Maior paquistanês, avisou, entretanto, que "o Exército defenderá toda a área da sua soberania"...
Noutra região do mundo - a América Latina -, os conflitos com os Estados Unidos também têm vindo a agudizar-se. Desde, pelo menos, o princípio do séc. XX que a América do Norte considera os seus vizinhos do Sul, incluindo os mexicanos, como seus tutelados, para não dizer "economicamente colonizados". Por isso, após a Segunda Guerra Mundial, a América do Norte interveio militarmente - e sem complexos - em inúmeros países das Caraíbas, da América Central e do Sul. Para tanto, instigada pelos teóricos da "escola de Chicago", promoveu por toda a região ditaduras militares, derrubando, directa ou indirectamente, as democracias existentes. Os casos da República Dominicana, da Guatemala, do Chile, da Argentina, da Nicarágua, pós-Somoza, do Brasil, para não falar da invasão da baía dos Porcos, em Cuba, e do bloqueio ao regime de Fidel Castro, ficaram tristemente célebres.
Na década de oitenta do passado século, com o sucesso da Revolução dos Cravos e da transição democrática espanhola, que constituíram uma lição para os Estados Unidos, voltaram as democracias à América Latina, com o beneplácito americano, embora as ambições de tutela económica do grande vizinho do Norte continuassem.
Contudo, com os atentados de 11 de Setembro de 2001, no início do primeiro mandato de Bush - fez agora sete anos -, as preocupações prioritárias da América do Norte passaram a ser a "guerra ao terrorismo", com as invasões do Afeganistão e do Iraque e a consequente desestabilização de toda a região do Médio Oriente, incluindo Israel e o agravamento do conflito com a Palestina. Assim, a América Latina passou a um segundo plano e as suas recentes democracias puderam, de algum modo, respirar e consolidar-se.
Curiosamente, verificou-se, por via democrática e pacífica, o aprofundamento democrático em toda a região, autonomista, em relação à América do Norte e mais ou menos populista. Do Brasil ao Chile e à Argentina, da Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia ao Paraguai, para só citar os exemplos mais expressivos.
Bush parece ter acordado - ou sido alertado pela sineta dos interesses das grandes multinacionais - relativamente a países que procuram gerir os seus interesses, com independência, apoiados pelas populações indígenas, como a Bolívia, mesclados e ricos em petróleo, como a Venezuela. Em tempo de crise, isso gera apetites e invejas. O Brasil de Lula, país emergente, tem sido solidário com os seus vizinhos mais próximos. Daí a infeliz "guerra" de ameaças retóricas - e não só - que levou à expulsão recíproca dos embaixadores. Este facto torna a situação da região bastante explosiva. Quando compreenderá Bush que a sua era terminou e que o melhor para ele - e para a América - seria retirar-se, discretamente, e deixar que a poeira do esquecimento seja benéfica para ele...
2. O Papa em visita à França, republicana e laica, onde há apenas cerca de 10% de praticantes católicos foi um acontecimento. Foi recebido pelo mediático casal presidencial Carla Bruni e Sarkozy - muito fotografado e filmado com os seus anfitriões - falou a umas centenas de intelectuais, políticos e empresários, reunidos no Colégio dos Bernardinos, em pleno Bairro Latino e rezou perante 250 mil pessoas. Disse, entre outras, duas coisas importantes: "É preciso uma nova laicidade" (Porquê? Não basta a definida no Concílio Vaticano II?); e a Igreja "pode ajudar a dotar de moralidade o capitalismo financeiro globalizado" (Como? Não explicou). De qualquer modo, teve mais sucesso do que quando esteve na sua terra, a Alemanha.
Por seu lado, Sarkozy, falando ao gosto do seu interlocutor, adjectivou a laicidade, chamando-lhe positiva (porquê?) e disse que "prescindir das religiões (no plural) é uma loucura e um ataque à cultura". Esqueceu-se que muito mais de 10% da população francesa é agnóstica ou mesmo ateia e, entre ela, seguramente, está a maioria dos segmentos sociais mais cultos e intelectualizados...
Vitor mango- Pontos : 117520
Re: A UM MÊS E TAL DAS ELEIÇÕES
Quando compreenderá Bush que a sua era terminou e que o melhor para ele - e para a América - seria retirar-se, discretamente, e deixar que a poeira do esquecimento seja benéfica para ele...
Vitor mango- Pontos : 117520
Re: A UM MÊS E TAL DAS ELEIÇÕES
Vitor mango escreveu:A UM MÊS E TAL DAS ELEIÇÕES
Mário Soares
1 . A diplomacia agressiva dos Estados Unidos, no final do mandato Bush, está a desestabilizar o mundo e a criar conflitos em diferentes regiões. Na semana passada escrevi, nesta mesma coluna, sobre o Cáucaso, o conflito entre a Geórgia e a Rússia (estimulado pela NATO, braço armado dos Estados Unidos) aplacado in extremis pela União Europeia, que percebeu o perigo em que incorria se concretizasse as ameaças feitas. Invocar o regresso à "guerra fria" é um disparate, num mundo de novo multilateral e com diversos centros de poder...
Mais recentemente, Bush permitiu que as forças especiais americanas fizessem incursões no Paquistão, intervindo a partir do Afeganistão, sem sequer avisar o Governo "aliado" do Paquistão. O objectivo era capturar os terroristas da Al-Qaeda e os talibãs nos seus santuários. O que, claro, não aconteceu. A NATO declarou - vá lá! - que as suas tropas não atravessariam a fronteira do Afeganistão, tanto mais que o chefe do Estado-Maior paquistanês, avisou, entretanto, que "o Exército defenderá toda a área da sua soberania"...
Noutra região do mundo - a América Latina -, os conflitos com os Estados Unidos também têm vindo a agudizar-se. Desde, pelo menos, o princípio do séc. XX que a América do Norte considera os seus vizinhos do Sul, incluindo os mexicanos, como seus tutelados, para não dizer "economicamente colonizados". Por isso, após a Segunda Guerra Mundial, a América do Norte interveio militarmente - e sem complexos - em inúmeros países das Caraíbas, da América Central e do Sul. Para tanto, instigada pelos teóricos da "escola de Chicago", promoveu por toda a região ditaduras militares, derrubando, directa ou indirectamente, as democracias existentes. Os casos da República Dominicana, da Guatemala, do Chile, da Argentina, da Nicarágua, pós-Somoza, do Brasil, para não falar da invasão da baía dos Porcos, em Cuba, e do bloqueio ao regime de Fidel Castro, ficaram tristemente célebres.
Na década de oitenta do passado século, com o sucesso da Revolução dos Cravos e da transição democrática espanhola, que constituíram uma lição para os Estados Unidos, voltaram as democracias à América Latina, com o beneplácito americano, embora as ambições de tutela económica do grande vizinho do Norte continuassem.
Contudo, com os atentados de 11 de Setembro de 2001, no início do primeiro mandato de Bush - fez agora sete anos -, as preocupações prioritárias da América do Norte passaram a ser a "guerra ao terrorismo", com as invasões do Afeganistão e do Iraque e a consequente desestabilização de toda a região do Médio Oriente, incluindo Israel e o agravamento do conflito com a Palestina. Assim, a América Latina passou a um segundo plano e as suas recentes democracias puderam, de algum modo, respirar e consolidar-se.
Curiosamente, verificou-se, por via democrática e pacífica, o aprofundamento democrático em toda a região, autonomista, em relação à América do Norte e mais ou menos populista. Do Brasil ao Chile e à Argentina, da Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia ao Paraguai, para só citar os exemplos mais expressivos.
Bush parece ter acordado - ou sido alertado pela sineta dos interesses das grandes multinacionais - relativamente a países que procuram gerir os seus interesses, com independência, apoiados pelas populações indígenas, como a Bolívia, mesclados e ricos em petróleo, como a Venezuela. Em tempo de crise, isso gera apetites e invejas. O Brasil de Lula, país emergente, tem sido solidário com os seus vizinhos mais próximos. Daí a infeliz "guerra" de ameaças retóricas - e não só - que levou à expulsão recíproca dos embaixadores. Este facto torna a situação da região bastante explosiva. Quando compreenderá Bush que a sua era terminou e que o melhor para ele - e para a América - seria retirar-se, discretamente, e deixar que a poeira do esquecimento seja benéfica para ele...
2. O Papa em visita à França, republicana e laica, onde há apenas cerca de 10% de praticantes católicos foi um acontecimento. Foi recebido pelo mediático casal presidencial Carla Bruni e Sarkozy - muito fotografado e filmado com os seus anfitriões - falou a umas centenas de intelectuais, políticos e empresários, reunidos no Colégio dos Bernardinos, em pleno Bairro Latino e rezou perante 250 mil pessoas. Disse, entre outras, duas coisas importantes: "É preciso uma nova laicidade" (Porquê? Não basta a definida no Concílio Vaticano II?); e a Igreja "pode ajudar a dotar de moralidade o capitalismo financeiro globalizado" (Como? Não explicou). De qualquer modo, teve mais sucesso do que quando esteve na sua terra, a Alemanha.
Por seu lado, Sarkozy, falando ao gosto do seu interlocutor, adjectivou a laicidade, chamando-lhe positiva (porquê?) e disse que "prescindir das religiões (no plural) é uma loucura e um ataque à cultura". Esqueceu-se que muito mais de 10% da população francesa é agnóstica ou mesmo ateia e, entre ela, seguramente, está a maioria dos segmentos sociais mais cultos e intelectualizados...
Mário Soares é um artista da política.
Enquanto primeiro ministro de Portugal, e seu presidente, conviveu pacificamente com todos os defeitos que agora aponta à administração americana. Não é que ele não tenha razão. Mas a razão já deveria ter sido expressa há mais tempo porque a política internacional de Bush é a continuação da política americana desde sempre.
Quanto a Sarkozy, penso que Mário Soares, atacou por atacar. Todos sabemos que Mário Soares se manifestou como republicano, laico e agnóstico mas não deixou de considerar as entidades religiosas como muito importantes na sociedade portuguesa. Logo, não se entende a crítica que faz a Sarkozy.
Vagueante- Pontos : 1698
Re: A UM MÊS E TAL DAS ELEIÇÕES
Vagueante escreveu:Vitor mango escreveu:A UM MÊS E TAL DAS ELEIÇÕES
Mário Soares
1 . A diplomacia agressiva dos Estados Unidos, no final do mandato Bush, está a desestabilizar o mundo e a criar conflitos em diferentes regiões. Na semana passada escrevi, nesta mesma coluna, sobre o Cáucaso, o conflito entre a Geórgia e a Rússia (estimulado pela NATO, braço armado dos Estados Unidos) aplacado in extremis pela União Europeia, que percebeu o perigo em que incorria se concretizasse as ameaças feitas. Invocar o regresso à "guerra fria" é um disparate, num mundo de novo multilateral e com diversos centros de poder...
Mais recentemente, Bush permitiu que as forças especiais americanas fizessem incursões no Paquistão, intervindo a partir do Afeganistão, sem sequer avisar o Governo "aliado" do Paquistão. O objectivo era capturar os terroristas da Al-Qaeda e os talibãs nos seus santuários. O que, claro, não aconteceu. A NATO declarou - vá lá! - que as suas tropas não atravessariam a fronteira do Afeganistão, tanto mais que o chefe do Estado-Maior paquistanês, avisou, entretanto, que "o Exército defenderá toda a área da sua soberania"...
Noutra região do mundo - a América Latina -, os conflitos com os Estados Unidos também têm vindo a agudizar-se. Desde, pelo menos, o princípio do séc. XX que a América do Norte considera os seus vizinhos do Sul, incluindo os mexicanos, como seus tutelados, para não dizer "economicamente colonizados". Por isso, após a Segunda Guerra Mundial, a América do Norte interveio militarmente - e sem complexos - em inúmeros países das Caraíbas, da América Central e do Sul. Para tanto, instigada pelos teóricos da "escola de Chicago", promoveu por toda a região ditaduras militares, derrubando, directa ou indirectamente, as democracias existentes. Os casos da República Dominicana, da Guatemala, do Chile, da Argentina, da Nicarágua, pós-Somoza, do Brasil, para não falar da invasão da baía dos Porcos, em Cuba, e do bloqueio ao regime de Fidel Castro, ficaram tristemente célebres.
Na década de oitenta do passado século, com o sucesso da Revolução dos Cravos e da transição democrática espanhola, que constituíram uma lição para os Estados Unidos, voltaram as democracias à América Latina, com o beneplácito americano, embora as ambições de tutela económica do grande vizinho do Norte continuassem.
Contudo, com os atentados de 11 de Setembro de 2001, no início do primeiro mandato de Bush - fez agora sete anos -, as preocupações prioritárias da América do Norte passaram a ser a "guerra ao terrorismo", com as invasões do Afeganistão e do Iraque e a consequente desestabilização de toda a região do Médio Oriente, incluindo Israel e o agravamento do conflito com a Palestina. Assim, a América Latina passou a um segundo plano e as suas recentes democracias puderam, de algum modo, respirar e consolidar-se.
Curiosamente, verificou-se, por via democrática e pacífica, o aprofundamento democrático em toda a região, autonomista, em relação à América do Norte e mais ou menos populista. Do Brasil ao Chile e à Argentina, da Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia ao Paraguai, para só citar os exemplos mais expressivos.
Bush parece ter acordado - ou sido alertado pela sineta dos interesses das grandes multinacionais - relativamente a países que procuram gerir os seus interesses, com independência, apoiados pelas populações indígenas, como a Bolívia, mesclados e ricos em petróleo, como a Venezuela. Em tempo de crise, isso gera apetites e invejas. O Brasil de Lula, país emergente, tem sido solidário com os seus vizinhos mais próximos. Daí a infeliz "guerra" de ameaças retóricas - e não só - que levou à expulsão recíproca dos embaixadores. Este facto torna a situação da região bastante explosiva. Quando compreenderá Bush que a sua era terminou e que o melhor para ele - e para a América - seria retirar-se, discretamente, e deixar que a poeira do esquecimento seja benéfica para ele...
2. O Papa em visita à França, republicana e laica, onde há apenas cerca de 10% de praticantes católicos foi um acontecimento. Foi recebido pelo mediático casal presidencial Carla Bruni e Sarkozy - muito fotografado e filmado com os seus anfitriões - falou a umas centenas de intelectuais, políticos e empresários, reunidos no Colégio dos Bernardinos, em pleno Bairro Latino e rezou perante 250 mil pessoas. Disse, entre outras, duas coisas importantes: "É preciso uma nova laicidade" (Porquê? Não basta a definida no Concílio Vaticano II?); e a Igreja "pode ajudar a dotar de moralidade o capitalismo financeiro globalizado" (Como? Não explicou). De qualquer modo, teve mais sucesso do que quando esteve na sua terra, a Alemanha.
Por seu lado, Sarkozy, falando ao gosto do seu interlocutor, adjectivou a laicidade, chamando-lhe positiva (porquê?) e disse que "prescindir das religiões (no plural) é uma loucura e um ataque à cultura". Esqueceu-se que muito mais de 10% da população francesa é agnóstica ou mesmo ateia e, entre ela, seguramente, está a maioria dos segmentos sociais mais cultos e intelectualizados...
Mário Soares é um artista da política.
Enquanto primeiro ministro de Portugal, e seu presidente, conviveu pacificamente com todos os defeitos que agora aponta à administração americana. Não é que ele não tenha razão. Mas a razão já deveria ter sido expressa há mais tempo porque a política internacional de Bush é a continuação da política americana desde sempre.
Quanto a Sarkozy, penso que Mário Soares, atacou por atacar. Todos sabemos que Mário Soares se manifestou como republicano, laico e agnóstico mas não deixou de considerar as entidades religiosas como muito importantes na sociedade portuguesa. Logo, não se entende a crítica que faz a Sarkozy.
Mano Vagueante
Mais do que isso
FOI ele o mais acérrimo defensor da Igreja católico no PREC porque sabia que a força da igreja lhe servia que nem Ginjas
Pois
Visitei a semana passada o museu Mario Soares nas Cortes apesar de estar a 5 Km nunca la tinha estado
Visitei acompanhado por um vagueante
Gostei
Gostei pela simplicidade
Domina o Museu ...as invasões francesas
A implantação da Republica
A ditadura do Salazar
Um espaço moderno com muita luz e imaginação
E só no fim soube que o Director do Museus é meu es+ecial amigo Historiador
Admin- Admin
- Pontos : 5709
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