Detenção de padre português no Brasil apanhou de surpresa paróquia da Póvoa de Varzim

Detenção de padre português no Brasil apanhou de surpresa paróquia da Póvoa de Varzim
10 | 09 | 2010 19.57H

A detenção do português Abílio Ferreira da Nova, no Brasil, causou surpresa na paróquia da Matriz, na Póvoa de Varzim, de onde o monsenhor é natural.
Destak/Lusa | destak@destak.pt

“O que aconteceu foi uma grande surpresa para mim”, disse hoje à agência Lusa o padre António Torres, pároco da Matriz e amigo de Abílio Ferreira da Nova.

Responsável pelas contas e administração dos bens da arquidiocese do Rio de Janeiro, Abílio Ferreira da Nova foi preso, no domingo, por evasão de divisas, quando embarcava para Portugal, com 53 mil euros que não tinha declarado.

O pároco luso-brasileiro, de 77 anos, já foi indiciado sob acusação de evasão de divisas, crime com pena de dois a seis anos de reclusão.

António Torres prefere “não fazer comentários” em relação a este assunto: “Não quero criar casos à volta do que aconteceu.”

O padre poveiro disse, no entanto, que conhece Abílio Ferreira da Nova há “quase três décadas” e que, “todos os anos, ele vem uma ou duas vezes à Póvoa de Varzim”, geralmente sem avisar. “Há alguns meses que não falava com ele”, concluiu.

A notícia da prisão apenas foi tornada pública após um comunicado divulgado pela arquidiocese do Rio de Janeiro.

A Polícia Federal deteve Abílio Ferreira da Nova após receber uma denúncia anónima por telefone, segundo a qual o padre estaria com uma quantia superior à permitida por lei.

Abílio da Nova foi libertado no mesmo dia, após ter conseguido liberdade provisória, através de dois advogados da arquidiocese.

Num comunicado tornado público pela arquidiocese, o sacerdote luso-brasileiro afirma que ia passar férias e visitar parentes a Portugal. “Esclareço que resolvi viajar de férias à minha cidade natal, em Portugal, onde tinha intenção de descansar, cuidar de minha saúde, visitar meus parentes e celebrar um casamento e um batizado”, relatou.

O pároco disse ainda que apenas levava parte das suas economias pessoais. “Minha intenção era ajudar os meus parentes pobres e a paróquia onde fui batizado. Reconheço e lamento o erro de não ter informado, previamente, que estava de posse de minhas economias durante a viagem", frisou.

O monsenhor assumiu em maio de 2009 o cargo de tesoureiro e, após um ano em funções, apresentou a renúncia alegando motivos de saúde e idade avançada, segundo informou a arquidiocese, que já iniciou o processo da sua substituição.