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O australiano messiânico

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Mensagem por Vitor mango Qua Dez 08, 2010 1:03 pm

O australiano messiânico

Julian Assange, do WikiLeaks, quer simplesmente mudar o mundo. Poderia ser apenas um louco a mais, mas...

Paulo Nogueira, de Londres, da EXAME

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Dan Kitwood/Getty Images O australiano messiânico Size_590_julian-assange
Julian Assange: criador, editor e porta-voz do WikiLeaks, site que tem por objetivo divulgar documentos secretos de governos, organizações e empresas
"Os gênios são como as tempestades: vão contra o vento; aterrorizam a humanidade; purificam o ar”, escreveu o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. Julian Paul Assange, editor do WikiLeaks, o site que revolucionou o jornalismo investigativo com a divulgação de vazamentos (leaks, em inglês), preenche pelo menos dois dos três requisitos de Kierkegaard. Talvez Assange, australiano de Queensland, de 39 anos, hacker de formação e nômade por opção, não purifique o ar — mas ele com certeza vai contra o vento e aterroriza a humanidade. (Ou pelo menos a parte mais poderosa dela: governos — sobretudo o americano — e o chamado big business.) “Tenho prazer em esmagar canalhas”, diz Assange, em sua voz pausada e monocordiamente grave. Neste final de 2010, Assange tem alternado momentos de esplendor e de miséria. O esplendor veio com o vazamento, pelo WikiLeaks, de 250 000 documentos da diplomacia americana ao redor do mundo. Assange e o WikiLeaks têm estado nas primeiras páginas da mídia em virtualmente todos os países relevantes, dado o alcance planetário do material. São tele gramas confidenciais de múltiplas embaixadas americanas dirigidos ao Departamento de Estado, em Washington. Neles se fazem avaliações políticas e pessoais que mostram a opinião — frequentemente pouco elevada — que os americanos têm para além deles mesmos. A miséria de Assange, nestes dias voluptuosos para o WikiLeaks, veio de um país que ele, paradoxalmente, sempre encarou como um santuário: a liberal e permissiva Suécia. Duas mulheres suecas acusaram Assange, numa passagem pelo país há poucos meses, de violência sexual. Uma delas diz ter sido estuprada. A outra afirma que foi molestada. Assange sumiu. Nas raras vezes em que tratou do assunto, disse que era uma retaliação dos americanos. Como não prestou esclarecimentos à Justiça, a Suécia expediu uma ordem internacional de captura. Tecnicamente, Assange — de longe a maior estrela do jornalismo mundial, hoje — é um foragido. Um homem procurado. No começo de dezembro, especulava-se que ele estivesse na Inglaterra. Por Skype, de lugares secretos, ele concedeu algumas raras entrevistas. Numa delas, à revista Time, que o colocou na capa de sua mais recente edição, ele sugeriu petulantemente que a secretária de Estado Hillary Clinton renunciasse. Isso porque alguns documentos vazados sugeriam que os Estados Unidos estavam praticando espionagem na ONU. (Nada indica que Hillary irá atender a sugestão de Assange.) Os documentos diplomáticos vazados estão sendo ainda processados. Desde já, o que se pode dizer é que, no conjunto, eles constituem uma aula magna de história moderna. Lendo-os, você fica sabendo, por exemplo, que a China se cansou de fazer o papel de babá da Coreia do Norte, à qual se refere como “criança mimada”. Os chineses gostariam que as duas Coreias se unificassem, sob o comando de Seul. Você também aprende que, na visão americana, a Rússia é um país em que a administração oficial e o crime organizado se confundem. Você é inteirado, igualmente, de que os sauditas gostariam que os americanos bombardeassem o Irã. Você também conhece a opinião de Washington sobre líderes mundiais: Angela Merkel, chanceler alemã, é “avessa a riscos”. Silvio Berlusconi, premiê italiano, é “irresponsável, vaidoso e ineficiente”. (Um integrante do gabinete de Berlusconi disse que o vazamento é o “11 de Setembro da diplomacia internacional”. Assange, segundo ele, “quer destruir o mundo”.) Algumas revelações são particularmente embaraçosas. Uma mensagem mostra que o veterano presidente do Banco Central britânico, Mervyn King, considera o premiê David Cameron, de 42 anos, “inexperiente”, bem como seu braço direito, George Osborne, chanceler (o equivalente a ministro da Economia), também na faixa dos 40. Pela primeira vez, numa honraria duvidosa, o Brasil aparece no mapa dos vazamentos do WikiLeaks. Um documento da embaixada americana diz que o país trata da proteção da Amazônia com sua “tradicional paranoia”. O Itamaraty é visto — não sem alguma razão — como um reduto de antiamericanismo. Mas o ministro da Defesa, Nelson Jobim, é um “aliado”. É provável que o tema permaneça com destaque na mídia internacional por mais algum tempo, à medida que a maçaroca de 250 000 mensagens for sendo digerida. Em relação ao Brasil, serão particularmente interessantes as avaliações que eventualmente tiverem sido feitas sobre a presidente eleita, Dilma Rousseff.
Vitor mango
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