post de merda

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Paulo Pinto

Hoje ouvi uma informação curiosa e vagamente hilariante, para argumentistas de larachas televisivas ou sketches dos Malucos do Riso. Como é certo e seguro, a vontade de rir para quem a suporta deve ser mínimo e, temo bem, para a vizinhança, o ambiente e a saúde pública, idem aspas: a Câmara Municipal de Sintra decidiu alinhar as taxas municipais com as novas exigências da crise, lá vai disto. Já me tinham dito que, entre outros aspectos imbecis, que cortaram nos transportes escolares e que o aluguer de espaços de espectáculos municipais é caríssimo, incomportável para, por exemplo, uma escola de música ou uma entidade com uma dimensão idêntica; resultado, recorre-se ao concelho do lado (por exemplo, Mafra), onde a coisa fica bem mais em conta (sei de um caso em que a diferença é de 1/10), adequada a pequenos orçamentos de pequenas entidades para pequenos espectáculos.

Adiante. A CMS decidiu aumentar as taxas de limpeza de fossas sépticas. Quem vive na Grande Alface lisboeta ou na Grande Tripa portista talvez não saiba o que é, mas em zonas rurais, em regiões de baixa densidade, é ainda muito comum. Pois soube hoje que até 2009, a taxa era de 8 € por limpeza, e a pessoa tinha direito, salvo erro, a duas "borlas" anuais. No ano passado, a coisa aumentou exponencialmente, para cerca de 50 €. Em 2011, ano de todas as crises, a taxa é de 80 €, por limpeza, sem porra, perdão, borla nenhuma. As pessoas que conheço dizem que a limpeza é mais ou menos trimestral: portanto, dantes pagavam 16 € por ano, depois, 100 €, agora passam a pagar 320 €, ou seja, mais de 26 € por mês. É o que a gente gasta em bicas ou cigarros, é verdade. Mas vão perguntar a um velho, a pagar medicamentos e com reformas um pouco abaixo da do Mira Amaral, o que lhe custa gastar 26 € por mês nisto.

Não sei se pensa o eminente benfiquista da edilidade equilibrar as contas municipais assim, com os euritos colhidos em aldeias periféricas ou casas afastadas dos centros. Mas se o pensa, engana-se. Não estou a ver idosos com reformas miseráveis e rendimentos limitados a desbaratar o rendimento mensal desta forma. A pessoa pode poupar na electricidade, nas contas do supermercado ou noutra coisa qualquer. Mas numa fossa, não: quando enche, enche. A menos que peçam aos idosos para não tomar banho, mijarem atrás da árvore ou arrearem o calhau atrás da moita. O que já estou a ver é a abertura de "valas" e "regos" para o quintal do vizinho, para a horta, para a rua ou para o "mato", vai-te embora ó bagalhão e não voltes. Quando os lençóis de água, os poços e os ribeiros acusarem contaminação e, sobretudo, o Verão chegar, sempre quero ver a quem é que vão assacar as culpas.