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Análise: A lógica viragem de Obama

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Mensagem por Vitor mango Qui Fev 03, 2011 10:01 am

Análise: A lógica viragem de Obama

03.02.2011 - 13:05 Por Jorge Almeida Fernandes


Os confrontos de ontem no Cairo foram uma desagradável surpresa para a Administração Obama, que vê em risco o início do processo de transição no Egipto e poderá ficar numa situação insustentável. Na terça-feira à noite, após a exuberante manifestação do Cairo, Obama falou com Mubarak e fez uma declaração categórica: "Creio que uma transição ordenada deve ser consequente, deve ser pacífica e deve começar agora."

(Foto: Suhaib Salem/Reuters)

Mubarak tinha anunciado que não se recandidataria mas permaneceria no cargo até ao fim do mandato, em Setembro. Neste contexto, a palavra "agora" - que poderia ser traduzida por "já" - é o fulcro da mensagem. Obama exprimiu ainda um apoio inequívoco ao movimento democrático egípcio, em particular aos jovens. O que mais teme é a "perda de tempo", que pode levar a perder tudo.

Ontem, o clima era outro. De manhã, havia indícios de que o discurso de Mubarak poderia ter aberto divisões entre os manifestantes - manter a exigência "demissão já" ou esperar até Setembro? À tarde, após os confrontos, Mohamed ElBaradei, que age como porta-voz da oposição, declarou que não negociaria com "assassinos". Veremos o que os próximos dias reservam. Os confrontos podem, surpreendentemente, forçar a abertura de negociações. Não se sabe.

A diplomacia americana fez durante anos advertências a Mubarak sobre os riscos do seu regime e a necessidade de reformas políticas. Quando a Tunísia "contagiou" o Egipto, Obama e Hillary Clinton fizeram declarações ambivalentes: o "Governo egípcio é estável", mas deve começar reformas profundas e dar "resposta aos interesses legítimos do povo egípcio". Após o discurso em que Mubarak anunciou a demissão do Governo, subiram o tom: exigiram-lhe que honrasse "as promessas com actos concretos". Na terça-feira, chegou a vez do "agora".

O fim do dilema

Washington estava perante um dilema. O analista Martin Indyk, da Brookings Institution, equacionou-o assim: "Se os EUA se distanciam de Mubarak, arriscam-se a derrubar um aliado importantíssimo, podendo gerar um tsunamide instabilidade que abale as fundações de todos os Estados autocráticos árabes aliados da América em toda a região. Mas se não se distanciam do "faraó", arriscam-se a alienar o povo egípcio, abrindo caminho a um regime teocrático que seria fundamentalmente antiamericano."

O Egipto é um aliado insubstituível para os EUA. No primeiro momento, não estava em causa afastar Mubarak mas pressioná-lo a agir - e depressa. Se o "faraó" tivesse dito no primeiro discurso - em que anunciou a remodelação do Governo - o que disse na terça-feira, garantindo que não se recandidataria e faria reformas, talvez tivesse limitado o protesto. Nas crises, os tempos são um elemento fulcral.

A evolução dos factos colocou Obama perante a necessidade de uma opção clara: deixar cair Mubarak, apoiar o movimento de protesto e pressionar uma transição rápida. Esta poderia começar pela constituição de um Governo provisório de unidade nacional, a que se seguiriam eleições.

Washington apostaria num processo pilotado pelo vice-presidente Omar Suleiman e apoiado pelo chefe do Estado-Maior, general Sami Annan, que o Departamento de Estado e o Pentágono conhecem bem.

Tanto o bloco de partidos democráticos como a Irmandade Muçulmana prefeririam preparar a transição numa espécie de "mesa-redonda" inspirada na Polónia de 1989. Estariam em igualdade com o poder.

A ideia dos militares será outra: uma transição por eles conduzida e no quadro do regime - revisão constitucional e eleições que, por sua vez, seriam condicionadas, de modo a prevenir um grande sucesso dos fundamentalistas. Se não é o modelo mais democrático, seria o mais realista e o que mais garantias daria aos aliados.

A óptica americana é hoje clara: Mubarak perdeu toda a legitimidade e, mesmo que o quisesse, não teria a mínima credibilidade para liderar uma transição. Entretanto, a situação deteriora-se. A "perda de tempo" pode levar a "rua" a passar da contestação a Mubarak para a contestação do regime, o que levaria a uma lógica de confronto violento.

Para Obama, o dilema já não se coloca: os "princípios" coincidem agora com os "interesses vitais de segurança" dos Estados Unidos.

Mas a decisão do "dia seguinte" não lhe pertence: continua nas mãos dos militares e dos manifestantes egípcios.

[b]

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