Cavaco Silva

Cavaco Silva


Cavaco sonhava ficar na história como o não político que foi político, como o governante impoluto e como o grande presidente que o país teve, mas a história trocou-lhe as voltas, o seu modelo conduziu o país à ruína, o primeiro mandato foi tão miserável quanto o seu adjunto das escutas e conspirações políticas e como se tudo isto fosse pouco a campanha eleitoral estilhaçou a imagem do político impoluto deixando a nu um candidato incapaz de esclarecer as muitas dúvidas em torno de negócios menos claros.

Cavaco tornou-se num político ferido e o seu discurso de vitória acabou por ser dos momentos mais baixos da democracia portuguesa, mas passado tanto tempo ainda não recuperou e o discurso de tomada de posse mais não foi do que o discurso da vitória depois de devidamente recauchutado como convinha a uma cerimónia formal. Fala de crise mas ignora a crise mundial, fala de consensos mas ataca despudoradamente o governo e projecta-os para mais tarde, para quando ele tiver todos os poderes, o presidencial e o deum parlamento submisso e quase apela aos jovens para se manifestarem no sábado ao lado de Louçã e de Jerónimo de Sousa.

O discurso de Cavaco não promete nada de bom para o país, cheira a ódio, ambição e raiva, tresanda a ambição de mais poder pessoal, ignora o estatuto de todos os portugueses e mais interessado em resolver os problemas dos jovens tenta cavalgar na sua decisão.

Mas temos que admitir que o segundo mandato de Cavaco Silva vai ter um aspecto muito positivo, depois de concluído o país livrar-se-á desta figura que apareceu no meio da sua história e da qual sairá sem grande honra e glória. Só faltam cinco anos para que Cavaco se retire definitivamente para a Quinta da Coelha, para junto dos seus amigos dos negócios do BPN e beneficiando daquele que deverá ter sido um excelente negócio imobiliário.

O Jumento