Por que é que NÃO VOU participar no protesto da "geração à rasca"?

Por que é que NÃO VOU participar no protesto da "geração à rasca"?

Vasco Mendonça - 29 anos

Eu não vou participar no protesto do próximo dia 12 porque tenho mais que fazer. Mas, porque o mês ainda não chegou a meio e já não tenho dinheiro para mandar cantar um cego, tenciono passar a tarde a desencantar formas de aumentar o meu saldo bancário, das mais ambiciosas às mais desenrascadas. Talvez vá até à Avenida vender castanhas, guarda-chuvas, ou propostas reais para o país (é que, nesta matéria, até os muito vilipendiados partidos políticos dão quinze a zero à minha geração). Isto é válido para mim.

Ou talvez faça uns tostões a vender megafones. Numa manifestação com tantas sensibilidades diferentes, e por sensibilidades leia-se formas de aproveitamento, receio que vá acabar cada um com o seu megafone. Deixa lá ver se é amanhã que enriqueço. Adenda: o leitor Bill G. informa que já há remédio para isso: chama-se ter um blog. Isto é válido para alguns, não para todos.

Ou talvez mande o meu destino às urtigas durante umas horas e vá até à praia, qual vencido da vida blasé, onde me distrairei do extenuante combate que é viver em Portugal. Por viver em Portugal, entenda-se, no caso particular de ser um gajo de 29 anos que votou no Partido Socialista e voltaria a votar nos mesmíssimos pulhas (menos num ou noutro, vá), ter que lidar com a minha geração. Uma geração espontânea, linda, cheia dos valores certos, impoluta e audaciosa, que agora se lança num combate mais ou menos inane a tentar disfarçar ser, na verdade, o equivalente ideológico de um ó-abreu-dá-cá-o-meu – sem uma proposta construtiva que lhe valha. Isto é válido para alguns, mas claro que há boa gente neste país. Tenham calma, pelo amor de Deus.

De repente, parece que toda a gente sofre muito em Portugal porque, veja-se bem, isto já não é uma democracia, o Estado-Providência já não assiste nem subsidia, o pão subiu uns cêntimos, o cozido à portuguesa já não leva morcela de sangue, e o Sócrates não se licenciou.

Ao contrário do José Gomes Ferreira, esta geração não vive cheia de comícios por dentro e de impossibilidades por fora. Tenho para mim que se chegou ao ponto em que é necessário dizer, com alguma sinceridade, que esta geração se farta de fazer comícios, mas faz menos do que devia. Ainda ontem na esplanada eu me revoltei com uma coisa qualquer que envolvia recibos verdes e a segurança social. Foi complicado alguém me convencer do contrário, porque estávamos todos a falar de boca cheia. Isto é válido para mim e para mais uns quantos, mas felizmente não para todos.

Perdoem-me os ofendidos. Quem sabe não sou amigo de vocês todos. Estou solidário com todos os desempregados que têm feito pela vida e continuam a ver a sua vida bater na trave. A todos eles, e a todos nós, desejo melhores dias. Desde que cada um faça por isso e não se queixe tanto do Estado-mamã. A minha geração tem o mais amplo leque de possibilidades da história. Só tem que se convencer disso e agir em conformidade, mesmo que às vezes custe (e vai custar). Quanto a isto, acho que era porreiro ser válido para todos.

P.S. – Não levem a mal este texto. Continuo a acreditar que é difícil sofrer em Portugal, com tanta coisa boa que temos por cá. Animem-se. Melhores dias virão, mas de certeza que não é com uma revolução.

Comentários

João , Leiria. 11.03.2011 17:47

Gosto

Queixinhas, queixinhas e mais queixinhas é tudo o que esta (minha) geração sabe fazer. É a escola BE no seu esplendor, contestação, demagogia e suminho (diga-se ideias construtivas).... zero. Protestam contra o estado-papão, o neo-liberalismo que muitos nem sabem o que significa mas que agora veio à moda dizer-se que é mau. E atenção, não estou a defender a classe política, mas acho que a revolta mostra-se nas urnas, e acredito que metade dos manifestantes de amanhã nem se deu ao trabalho de votar nas últimas ocasiões. Depois quando alguém lhes diz umas quantas verdades, escudam-se em comentários esquivos e lugares-comuns como o do Manuel Adonis. Eles, na verdade, é que pensavam que iam ter os bolsos cheios só porque sim, porque somos todos doutores e engenheiros num país onde não cabem mais doutores e engenheiros e o que é preciso são trabalhadores. Por isso vão lá para a vossa manif, tirem muitas fotos com os vossos Blackberries e Iphones que os vossos papás ofereceram, que eu, como muitos outros, vou fazer pela vidinha.

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Que pensarão ou como votarão os 9.000.000 de portugueses restantes?? Fico aguardando...

Tem graça, que eu já aludi a isso, noutro tópico, sobre o mesmo tema...

Transmissão de pensamento...

raramente falo de politica nacional mas neste assunto tenho um pensamento sui generis

Acho que toda esta gente esta farta de politicos

Eu explico

Lembra-se das maquina de escrever MESSA ?

Messa Pah maquinas de escrever mecânicas
Estavamos em 1974 e toda a gente aconselhava a fechar a fabrica
PCP E CGTP e anexos berraram que nao que havia o direito ao trabalho
E pasme-me o Vasco Gonçalvesw investe (SEO ) milhares de contos ... numa acçao suicida ...
Contos que deram para mais alguns meses ou semanas
Depois veio a descrença

E eu pergunto
Porque nao foi responsabilizado ma CGTP ?????????????????????????

Manos a minha empresa multi quando viu que o negocio ia fraquejar falou comigo e disse
mango acabou-se vamos fechar o tasco
Eu fui para o Brasil e os 400 trabucas agarraram nos fatos de trabalho e escolheram outra vida
Perghunto e gostaria de responde a estes jovgens á rasca

Meus caros o mal é do sistema
Politicos

Um politico reage com o Kuzinho e quando ha medo foge e aqui aponto ao XOUSILVA que sabe que temos 100.000 empregados do estado a mais
falou ele em os despedir
Olha olha
mandou uma bocas e foi a corrar ao Face BOOK para largar umas poias

eisa o torpedo