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Pedro Boucherie Mendes: Custa-me acreditar que vivemos em crise

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Pedro Boucherie Mendes: Custa-me acreditar que vivemos em crise Empty Pedro Boucherie Mendes: Custa-me acreditar que vivemos em crise

Mensagem por Vitor mango Dom Mar 13, 2011 12:40 am

Pedro Boucherie Mendes: Custa-me acreditar que vivemos em crise
12 de Março, 2011por José Fialho Gouveia

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Para
o director dos canais temáticos da SIC, crise existe em África. Sem
papas na língua, diz que não compreende um país em que os jovens não
andam de scooter mas andam de Smart. Entrevista de José Fialho Gouveia.Consegue posicionar-se politicamente? Sou
um libertário no sentido americano do termo. Entendo que as pessoas não
devem chatear-se umas às outras. Se eu não quero que o vizinho me vá
bater à porta não posso pôr a música muito alta. Acho que tenho um lado
conservador, sou completamente pró-capitalismo e, para irritar os
outros, sou anti-esquerda. Também é libertário nos costumes? Não me importo que as pessoas fumem haxixe desde que não me chateiem. Por mim até podiam andar nuas.Então, de certa forma, encaixa-se em algumas posições da esquerda. A
grande diferença entre mim e a esquerda é que a esquerda tem um
objectivo e eu não. Eu não quero nem deixo de querer que os homossexuais
se casem. Se quiserem, podem casar à vontade, desde que não encham a
entrada da minha casa de grãos de arroz para eu não tropeçar e cair. Não
tenho como objectivo de vida o desejo que as outras pessoas sejam
felizes. Tenho como objectivo não fazer nada que o impeça. Sendo anti-esquerda é de direita? Pois,
inevitavelmente um gajo anti-esquerda é de direita, por isso sou
obrigado a dizer que sim, embora não pense em mim dessa forma. Penso em
mim sendo anti-esquerda e não como sendo de direita. Mas claro que me
identifico mais com as posições da chamada direita. O que odeia na esquerda? A
infantilidade de acharem que tudo no mundo - desde a Amazónia até ao
casamento dos homossexuais, passando pela programação das televisões -
devia ser . Para a esquerda tudo no mundo devia ser . Esta noção que a
esquerda tem de que pode controlar a existência através de legislação e
de manifestações é uma infantilidade que me irrita. E depois acho a
esquerda muito barulhenta e pouco inteligente na forma como se expressa.
E a falta de inteligência perturba-me. Já votou à esquerda? Já votei no PS. É esquerda? Este PS é de esquerda? Vou
tentar responder no fim. Só pode haver democracias com partidos.
Irrita-me muito a má fama que a política tem em Portugal e acho que isso
é muito culpa da esquerda - tanto que nem há partidos de direita em
Portugal e não, o CDS não é de direita. Já votei PS, mas não me lembro
bem quando. Tenho uma noção útil do voto, embora ache que não seria
capaz de votar no BE - mas isso é uma mania minha. Sei que os partidos
não são associações de malfeitores. É óbvio que há pessoas que
aproveitam o facto de estarem na política para melhorarem a vida de
formas menos ortodoxas, mas isso acontece em todo o lado, até nas
filarmónicas. Se este PS é de esquerda? Acho que é do centrão. Diz que é pró-capitalismo. Como vê esta crise alegadamente originada pelas más práticas do liberalismo? Em
primeiro lugar, não tenho a certeza de que vivemos em crise. Tenho
mesmo muita dificuldade em acreditar nisso - refiro-me a Portugal e à
Europa. Crise vive-se em África, onde as pessoas são pobres de facto.
Crise é as pessoas meterem-se em barcos na Somália para chegarem até
Itália. Para mim, um gajo não poder ir a Nova Iorque tantas vezes
quantas gostaria não é crise. O problema do desempregado que estiver a ler esta entrevista não deve ser reduzir o número de viagens a Nova Iorque. Obviamente
que depende do desempregado de que estamos a falar. Sem querer ser
chocante - embora me esteja a apagar -, estou preparado para estar
desempregado. Isto quer dizer que tenho dinheiro de parte; quer dizer
que tenho uma casa boa, mas abaixo das minhas posses; quer dizer que o
meu filho anda numa escola pública, quando poderia andar no Saint Julian
s, porque tenho dinheiro para isso. Estou preparado para estar
desempregado. Se o desempregado que estiver a ler esta entrevista
estiver irritado porque o problema dele não é poder ir a Nova Iorque, na
minha opinião ele quer ter um emprego para poder ir a Nova Iorque e
comprar um iPad. Não consigo conceber um país onde as pessoas não andam
de scooter e andam todas de Smart. Qualquer parque de estacionamento de
uma universidade está cheio de carros de estudantes. Este país está em
crise? É demagógico o que estou a dizer? Pode ser considerado
demagógico, mas não acho que seja. Por que é que em Portugal não há
scooters? Por que é que os putos não vão de scooter para o Bairro Alto
beber copos e vão de Smart? Já as pessoas que vivem na Covilhã e foram
para o desemprego porque a fábrica fechou - isto para caricaturar outro
tipo de desempregado - têm mecanismos do Estado à sua disposição, como o
subsídio de desemprego e o rendimento mínimo. Embora este não seja um
discurso politicamente correcto, estou a tentar pôr as coisas em
perspectiva. É evidente que em todas as sociedades há situações
dramáticas. Mesmo que Portugal estivesse a crescer 18% ao ano haveria
pessoas no desemprego. Mas creio que as pessoas vivem melhor do que
aquilo que julgam, porque em Portugal vigora a política do não conta . O que é isso da política do não conta ?
um gajo que diz: Eh pá, estou desempregado, isto está péssimo . Mas
tu tens uma casa no Algarve e vais para lá todos os fins-de-semana no
Verão . Eh pá, mas isso não conta, um gajo tem de espairecer . Portugal
é o país da Europa com maior taxa de segunda habitação. Portugal é o
país da Europa onde os estudantes têm mais computadores portáteis. Mas
isso não conta. Os festivais de música estão sempre cheios, mas isso
também não conta. E depois vemos reportagens - e isso dá-me vontade de
rir - sobre pessoas que estão em situação dramática, mas têm empregada
doméstica. Se eu ficasse desempregado, uma das primeiras coisas que
faria seria despedir a minha e passava eu a lavar a roupa. Não deve ser
muito difícil. E os telemóveis também não contam. Como vê a geração à rasca dos Deolinda? Não
acredito em Deus, mas acho uma ironia do caraças terem nome de
empregada doméstica. Todas as gerações tiveram os seus desafios, mas
antes não havia Facebook nem computadores. Os jovens agora podem ir a
Nova Iorque à vontade porque se tiverem uma oferta de emprego toca-lhes o
telemóvel. Eu estive desempregado com 23 anos e passava as tardes em
casa à espera que o telefone tocasse porque só havia telefone fixo. Se
calhar é melhor estar desempregado agora. E não estou a ser irónico.
Hoje o mundo é muito mais pequeno. Os jovens podem ir trabalhar para o
estrangeiro ou trabalhar em casa. Na minha altura não. E muitos destes
jovens são filhos de pais que ganham bem e vão herdar uma casa. É
preciso ver as coisas em perspectiva, mas reconheço que não gostava de
ser jovem hoje porque sei que é quase impossível arranjar emprego. Não estando certo de que há crise, como vê as políticas de austeridade? Sei
que a democracia representativa é um dos maiores achievements da
humanidade e um gajo tem de acreditar que os gajos sabem o que estão a
fazer. Simpatiza com Sócrates e com Cavaco? Se ia jantar fora com eles? Se acha que estão bem nos seus papéis. Acho que Portugal tem exactamente o que merece. jose.fialho@sol.ptTags: Crise, Entrevistas Imprevistas, Media, Sociedade

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Mensagem por Joao Ruiz Dom Mar 13, 2011 5:19 am

.
Mango, este texto já está publicado aqui, pelo menos desde ontem, mas não por mim.

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