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Europeus à rasca, uni-vos. Descubra as diferenças entre um jovem alemão e um grego

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Mensagem por Vitor mango Dom Mar 27, 2011 11:25 am

Europeus à rasca, uni-vos. Descubra as diferenças entre um jovem alemão e um grego
Publicado em 26 de Março de 2011 | Actualizado há 6 minutos


A geração à rasca é um fenómeno português ou estende-se ao resto da Europa? O i tentou descobrir através de histórias de jovens de cada um dos estados-membros da União Europeia. O raio-X não deixa de ser curioso. A ideia de uma adesão em massa a uma manifestação é vista com desconfiança na Irlanda e na Suécia. Na Alemanha, a vida é tranquila e contam-nos como um recém-licenciado encontra trabalho em apenas três meses. Da Grécia deixam-nos conselhos sobre o que fazer se o FMI entrar em Portugal. Em Chipre a coisa está tão complicada que, entre as dezenas de jovens com quem falámos, nenhum pôde parar de trabalhar um segundo para contar o que por lá se passa.



Bélgica: Adeline Van Hoof, 26 anos



“Licenciei-me em Jornalismo e tirei um mestrado, mas nunca procurei trabalho na minha área. Como só queria ganhar dinheiro, estive a trabalhar na Câmara do Comércio. Fazia trabalho administrativo e ganhava cerca de 1300 euros por mês. No meu caso, saber flamengo e outras línguas ajuda muito a arranjar emprego, mas cá também há aquele conceito de seres demasiado formado para te empregarem. Ainda assim, uma pessoa acabada de sair da faculdade leva poucos meses a encontrar um trabalho e não ganha menos de mil euros. A minha universidade, por exemplo, envia ofertas de emprego aos ex-alunos semanalmente por email. E os jovens não saem por não arranjarem trabalho, saem para conhecer outras culturas ou por ambição, por quererem mais na sua área de trabalho.”

Salário Mínimo. 1415.24 euros
N.º licenciados 139 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 20,4% Jan.11



Alemanha: Anne-Kathrin Blos, 25 anos

“Vou começar um estágio de três meses na área dos seguros, enquanto acabo o mestrado em Matemática Aplicada às Ciências Empresariais. Se estudas na área de Economia ou Ciências Naturais não tens problemas em encontrar um estágio remunerado: pagam-te entre 500 e 1500 euros/mês. Para primeiro emprego diria que 40 mil a 50 mil euros/ano, sem impostos, é o mais realista. E isto permite-te ser independente. A maioria dos meus amigos arranjou um bom emprego em menos de três meses depois do fim do curso. Acho que a situação é melhor agora que nos últimos anos. Continua a ser mais difícil para quem tem menos qualificações. A crise aumentou também o número de “mini-empregos” para estas pessoas: ganham 400 euros, sem pagar impostos, mas não têm direito a qualquer benefício social. As hipóteses para pessoas pouco qualificadas são muito poucas. Só por elas é que me juntaria a uma manifestação.”

Salário Mínimo. não define
N.º licenciados 961 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 8,3% Jan.11



Holanda: Jesper Boer, 23 anos

“Estudei Econometria e Gestão na Universidade de Roterdão. Em 2009 mudei-me para Barcelona onde fiz um mestrado em Ciências Políticas na Universidade Pompeu Fabra. Quando acabei fiquei seis meses a dar aulas de Matemática, como professor associado. Dentro de meses vou tentar a minha sorte em Londres, onde espero encontrar um bom estágio e um emprego desafiante. Como econometrista, gostava de trabalhar numa grande instituição financeira. Todos os meus amigos na Holanda encontraram um bom trabalho logo após terem acabado o curso. A crise que todos vivemos afecta claramente mais os que estão a começar agora uma carreira, mas não se pode fazer grande coisa para mudar isso. Desproteger as gerações já empregadas ia abrir mais o mercado de trabalho, mas é um grande dilema social. Por agora, os jovens só têm estas soluções: destacar-se de maneira criativa, aceitar trabalhos abaixo daquele que seria o emprego ideal, ou então continuar a estudar e esperar por tempos melhores.”

Salário Mínimo 1424,40 euros
N.º licenciados 213 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 7,8% Jan.11



Reino Unido: Sophie briquetti , 22 anos

“Sou francesa, mas vivo em Londres desde os 16 anos. Vou começar um mestrado de um ano em Políticas Governativas na União Europeia na London School of Economics. Quando acabar espero mudar-me para Bruxelas, onde estão a maioria das instituições europeias. É bastante fácil encontrar um emprego na Grã-Bretanha. É um mercado laboral bastante único, muito flexível, encontras rapidamente um trabalho, mas ao mesmo tempo também te despedem com facilidade. Na minha área é normal que se façam estágio não remunerados, mas no sector da banca os estagiários podem ser muito muito bem remunerados, com 1500 ou 2 mil libras por mês. Acho que a crise afecta mais os jovens: pedem-te experiência, mas como é que a podes conseguir se todos dizem o mesmo?”

Salário Mínimo 1170, 40 euros
N.º licenciados 728 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 20% Nov.10



Finlândia: Riikka Seppälä, 26 anos

“Estou a acabar a minha tese de mestrado em Antropologia e ensino Finlandês a estudantes estrangeiros uma vez por semana. Também já trabalhei na Amnistia Internacional. A situação para recém-licenciados na Finlândia não é brilhante, mas através de estágios vamos conseguindo arranjar trabalho. Existem alguns não remunerados, mas muitas empresas requerem que a universidade financie o estagiário. Nesses casos, a bolsa costuma ser à volta dos mil euros por mês, durante os primeiros dois meses de estágio. Penso que nas áreas tecnológicas ou económicas é fácil encontrar um emprego. Para os cientistas sociais há menos postos de trabalho e mais competição. Se existisse uma manifestação do género da que houve em Portugal, juntar-me-ia. Acho que, a partir do momento em que a maioria dos empregadores exige experiência prévia, as universidades deviam esforçar--se mais nos programas de cooperação com empresas.”

Salário Mínimo Não define
N.º licenciados 89 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 20,6% Jan.11



Eslováquia: Rudolf Dong, 22 anos

“Sou técnico de qualidade de produção há cinco anos. Cheguei a frequentar um curso superior nesta área durante um ano e meio, mas tornava-se difícil de conciliar e acabei por desistir. O meu primeiro trabalho, logo a seguir ao secundário, foi a desmontar geradores, ganhava o equivalente a 350 euros por mês. Achei justo porque tinha pouca experiência. Não me chegava para ser independente mas podia comprar as minhas coisas. Não estou muito a par do que se passa relativamente aos estágios, mas é comum trabalhar de maneira precária, com contratos que não te protegem e que permitem ao empregador não pagar à segurança social. Eu diria que na Eslováquia, a crise não afecta os jovens de maneira desproporcional, porque está a afectar toda a população. Há problemas em encontrar emprego em todas as àreas, menos quando se tem qualificações mais técnicas. O Governo devia dar mais benefícios, mas não me juntaria a uma manifestação.”

Salário Mínimo 317 euros
N.º licenciados 73 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 37,7% Jan.11



Malta: Michelle Grech, 19 anos

“Tenho 19 anos mas para além de estudar, sou escritora e faço projectos de negócios. Para além disso, faço parte de uma organização governamental e ainda estou a procura de um trabalho em part-time. A situação em Malta é similar à dos restantes países: difícil. Muita procura e poucos postos de trabalho. Por isso também é normal fazer estágios não remunerados. Penso que, no entanto, a situação em termos de qualidade dos contratos de trabalho melhorou muito desde que entrámos na União Europeia. Acho que a solução passa por mais mobilidade no mercado de trabalho. Gostava de fazer alguma coisa, não sei se me manifestava, talvez algo menos radical.”

Salário Mínimo 664,95
N.º licenciados 4 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 24,9% Jan.11



Itália: Gabriela Cerisola, 21 anos

“Estou a acabar Ciências Internacionais e Diplomacia, mas vou continuar a estudar, porque em Itália três anos não valem nada. Vou fazer dois anos de especialização e mais dois para um mestrado: ao todo são sete anos na universidade. Sem isso, é muito difícil encontrar um bom emprego. A única maneira de isso acontecer é tendo um conhecido numa empresa, nesses casos até podes ser arquitecto sem estudar! Para além de disso, trabalho com uma organização de voluntariado onde ajudo a colocar jovens de todas as partes do mundo em estágios aqui em Génova. Gostava de continuar a trabalhar nesta área de recursos humanos,e acho que é fácil de encontrar um lugar. Em Itália quase sempre tens direito a um subsídio de alimentação durante o estágio. Quando passas para o primeiro emprego, o mais provável é ganhares entre 800 a mil euros/mês. É difícil sobreviver com isto em cidades como Milão, mas não é impossível, se viveres apenas entre a casa e o trabalho.”

Salário Mínimo Cerca de 1000 euros
N.º licenciados 590 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 29,4% Jan.11



Estónia: Annely Aasalaid, 22 anos

“Ainda não terminei o curso mas consegui o meu emprego assim que terminei o ensino secundário. O meu trabalho em part-time, num centro de informação para jovens, dava-me 400 euros por mês. Não é facil encontrar um emprego na Estónia, se não tens experiência. A maioria dos jovens acaba por trabalhar para uma loja ou um bar, nada que ver com o que estudaram. No início da crise, os jovens começaram também a mudar as opções de carreira. Muitos rapazes escolheram a via militar e muitos entraram nas escolas que chamamos “free vocational schools” para ter mais apoios governamentais. Muitos deixaram a universidade por uns tempos, porque não conseguiam pagar propinas. A crise fez-nos ver que o dinheiro não é garantido, e o que o que vem facilmente, vai facilmente. Não é normal ter empregos sem segurança social, mesmo os jovens sabem os seus direitos. E aqui o Estado não tem incentivado as empresas a contratar pessoas novas e isso é mau.”

Salário Mínimo 278,02 euros
N.º licenciados 16 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 25,9% Jan.11



Hungria: Túri Bálint Márk, 25 anos

“Acabei há pouco tempo o curso de Realização de Cinema e Televisão em Paris. Estive lá três anos. O meu plano era trabalhar agora durante uns tempos para ganhar experiência, antes de fazer mestrado, mas parece que não há muitas oportunidades. Há três anos, a indústria cinematográfica na Hungria estava a florescer e agora os apoios financeiros estão congelados e ninguém sabe se vai haver ajuda para a produção de filmes nos próximos tempos. É uma má altura para ser um jovem realizador na Hungria, por isso acho que vou continuar a estudar por mais dois anos. A situação financeira aqui está muito má. Um dos grandes problemas é não haver emprego no campo. Criar postos de trabalho nas zonas rurais podia ajudar a descentralizar a economia da capital, Budapeste. Ir trabalhar para outro país também é uma solução, mas um realizador no estrangeiro, sem apoios do seu país de origem, não tem os mesmos privilégios dos realizadores locais.”

Salário Mínimo. 292,441 euros
N.º licenciados 102 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 30,5%



França: Charlotte Tenoudji, 23 anos

“Estou no primeiro ano de mestrado em Literatura, na Sorbonne, em Paris. Agora não, mas durante os primeiros anos de estudante universitária trabalhei numa loja e fui hospedeira de eventos. Este ano vou acabar os meus estudos nos Estados Unidos, onde também vou ser professora de Francês na universidade. Em França a média do primeiro salário como licenciado é de 2400 euros por mês, mas é difícil encontrar empresas que cumpram este quadro de remunerações. A maioria dos jovens acaba por começar em empregos que não coincidem com o seu nível de estudos. Os estágios, se não estão integrados no plano de estudo, por lei, têm de ser remunerados, mas o subsídio mínimo é de 417 euros por mês, o que não te permite viver de maneira decente numa cidade como Paris. É muito difícil arranjar trabalho depois de ter estudado Humanidades, no entanto há empresas que começam a contratar com base nos perfis e não na formação, e valorizam mais pessoas com experiências no estrangeiro e o domínio de outras línguas. Se houvesse uma manifestação, claro que ia, há muita coisa a ser melhorada.”

Salário Mínimo. 1365 euros
N.º licenciados 934 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 9,6% Jan.11



Grécia: Marilena Pateraki, 23 anos

“Estudo Arquitectura e sou completamente sustentada pelos meus pais. Tenho a sensação de que a situação na Grécia está a ficar mais e mais difícil, devido ao facto de todas as políticas económicas estarem sob as restrições do Memorandum. Isto está a afectar os licenciados de todas as áreas, de um lado os que tentam sobreviver no mercado, do outro lado quase aboliu o sector público, que empregava a maioria da população. Mais, desde que assinámos o resgate com o FMI, a precariedade no trabalho tem sido cada vez mais evidente e institucionalizada por leis, em nome da competitividade. Dizem-te que não há outra maneira, e transformaram toda a política numa questão técnica: serão as medidas suficientes?Precisamos desta austeridade durante os próximos sete ou oito anos? Há muitos protestos aqui, tanto dos jovens como do resto da população grega. Todos estão contra isto. Tenho visto muitas notícias sobre Portugal na televisão, não sei ao certo o que se passa, mas de qualquer das maneiras tenho a dizer-vos que evitar o FMI não é a panaceia, mas é uma das coisas que deves querer evitar na tua vida!”

Salário Mínimo. 739.56 euros
N.º licenciados 107 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 35,6% Nov.10



Bulgária: Katya Gogova, 26 anos

“Apesar de a taxa de desemprego entre jovens ser das mais elevadas na Bulgária, não acredito que os mais novos estejam em desvantagem. Pelo contrário, como falamos outras línguas e ainda não temos filhos nem contas para pagar, adaptamo-nos facilmente e podemos ir trabalhar para outros países da UE. É mais difícil se tiveres 40 anos e perderes o emprego. Há dois anos que estou a trabalhar numa ONG, a ISIC Bulgária. Ajudo jovens e estudantes. Quando comecei, ofereceram-me logo o salário médio em Sófia, a capital, e não tinha experiência nenhuma. Aqui há muita oferta de trabalhos temporários, especialmente em resorts turísticos. Mas são quase sempre precários, para que as empresas não paguem impostos. Acho que os jovens deviam perceber que está nas suas mãos mudar o mundo. Não devemos sentar-nos e esperar que alguém nos arranje um emprego. Devemos ser pró-activos e tomar iniciativa, até mesmo para criar o nosso próprio negócio.”

Salário Mínimo. 122.692 euros
N.º licenciados 75 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 25,2% Jan.11



Lituânia: Egle Mažeikaite, 25 anos

“Enquanto estudava Sociologia em Vilnius trabalhei durante três meses numa loja de roupa, só para ganhar algum dinheiro para mim. Actualmente é difícil encontrar emprego na Lituânia, mesmo para quem tem curso, porque te pedem experiência. No início da carreira os jovens ganham em média umas 1000 litas (290 euros) pouco mais que o salário mínimo (800 litas). Além disso, muitas pessoas sentem-se inseguras no trabalho porque podem ser despedidas sem justa causa. Há tanto desemprego que os patrões sentem que podem substituir qualquer um facilmente. Agora, depois de ter feito voluntariado na Áustria, trabalho como coordenadora do Serviço Voluntário Europeu em Vilnius e estou a acabar o mestrado em Administração Pública. A crise levou também a que cada vez mais jovens apostassem em projectos próprios, para fazer alguma coisa, não podes ficar à espera... Também há muitos que estão a sair para outros países, para tentar encontrar emprego lá.”

Salário Médio. 231.696 euros
N.º licenciados 43 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 34,4% Dec.10



Espanha: Toni Del Rey Quilez, 22 anos

“Tirei o curso de Filologia Inglesa na Universidade de Barcelona e fiz Erasmus durante um ano em Cork, na Irlanda. Agora estou a fazer um estágio de seis meses como tradutor numa empresa, e à tarde dou aulas de Inglês num centro privado. Juntando os dois trabalhos fico com 1100 euros/mês. Graças a isto posso ser independente, pago os meus gastos e posso viajar, mas vivo com os meus pais. Em Espanha é difícil para qualquer licenciado encontrar emprego, e os que há são bastante precários. Ainda assim, há muitas oportunidades de estágios remunerados, embora com subsídios baixos. Estamos a deixar escapar muitos dos melhores jovens porque lá fora o seu trabalho é reconhecido economicamente. Não acredito que uma manifestação em Espanha mudasse alguma coisa. O melhor é mesmo sair para um sítio onde te valorizem. Aqui não há expectativas melhores para o futuro. Vou em Agosto para os EUA, para um estágio de dez meses, remunerado, claro.”

Salário Mínimo. 641.50 euros
N.º licenciados 377 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 43,1% Jan,22



Portugal: Nadine Silva, 23 anos

“Estudei Serviço Social no ISCSP e acabei o curso em Março do ano passado. Mandei currículos para instituições na minha área mas a resposta é sempre a mesma: não estão a contratar ninguém. No Verão estive a trabalhar para um campo de férias. Entretanto, como não conseguia nada na minha área, estou agora a trabalhar numa empresa de venda de produtos culturais e musicais. O meu irmão já lá trabalhava e foi mais fácil. Estou em regime de trabalho temporário, o que é muito incerto porque posso ser despedida de um momento para o outro sem indemnização. Além disso, sem subsídios, o ordenado não chega ao ordenado mínimo. Na minha turma inteira sei que ninguém encontrou nada na área, os professores já nos tinham avisado que ninguém estava a contratar. É por isso que decidi ir para Londres. Devo ir em Setembro, que é quando consigo ter o mínimo de dinheiro, porque até lá estou a pagar um empréstimo de estudante que fiz para pagar as propinas. Cá está mesmo difícil e em Londres, além de ser um sonho de criança, parece estar melhor. Qualquer coisa é melhor do que isto.”

Salário Mínimo. 475 euros
N.º licenciados 77 mil
Taxa desemprego jovem 21,2% Jan.11



Suécia: Göran Sivertsson, 35 anos

“Trabalho numa agência de viagens, onde faço tudo, do marketing às reservas e administração. Já fui analista de business intelligence de uma grande empresa, com mais de 60 mil empregados. Também sou surfista profissional. Gostava de continuar a trabalhar aqui, porque me dá liberdade de horários e viajo muito: vou a Portugal no final de Abril. O meu primeiro salário foi como engenheiro de laboratório. Ganhava cerca de 1500 euros por mês. É um mau salário para quem vive na Suécia, principalmente sendo licenciado, mas passado dois anos já estava a ganhar muito mais. Acho que continua a ser mais fácil encontrar um emprego aqui que no Sul da Europa. É normal fazer estágios não remunerados, mas só durante o curso. Aqui, muitos jovens estão a trabalhar a receber à hora, não têm a segurança de um salário, mas acho que é a única solução tendo em conta que a maioria das empresas tem medo de contratar. Acho que aqui não aconteceria um protesto, mas nós também protestamos pouco.”

Salário Mínimo. não define
N.º licenciados 93 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 22,6% Jan.11



Irlanda: Ronan Hennessy, 26 anos

“Os últimos tempos foram extremamente difíceis para a Irlanda. Estudei Jornalismo e já trabalhava há dois anos numa editora, como jornalista e depois como coordenador. Agora sou um recém-desempregado que recebe um subsídio do governo. Ficava feliz se pudesse trabalhar na minha área, em troca deste dinheiro. Há muito desemprego. Estou de partida para o estrangeiro para ensinar Inglês, e tenho esperança de que a economia cresça entretanto. O salário mínimo é de 18 mil euros [anuais]. Esse foi o meu primeiro ordenado, e era justo porque não tinha experiência. Devia ter sido aumentado depois, mas a recessão trouxe salários baixos. A construção foi a mais atingida. Mesmo sendo talentosos, os jovens têm menos experiência e sentem mais a debilidade do mercado, seja em que área for. O problema económico da Irlanda é tão grave, que não participava num protesto como o de Portugal. Julgo que a minha situação actual está na cauda de uma fila muito longa.”

Salário Mínimo. 1326 euros
N.º licenciados 76 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 29% Jan.11



Luxemburgo: Annick Feipel, 27 anos

“Neste momento faço a comunicação de uma casa de cultura (a Kulturhaus). Estudei Artes Visuais em França, onde tirei o meu mestrado integrado e tenho planos para mudar de emprego a cada cinco a sete anos, porque quero ver e aprender coisas novas todos os anos, acho que é importante para o meu trabalho e para a minha carreira, que só agora começou. Este é o meu primeiro emprego e antes disto trabalhava como freelancer em museus. Mas o meu salário não é suficiente para ser independente, sou mal paga e aqui é muito difícil ganhar a independência, porque o custo de vida é muito alto. A situação está difícil e há muita gente a atravessar as fronteiras para vir trabalhar para cá, porque os empregos costumam ser muito bem pagos. Ficam a viver nos seus países (como França, Bélgica e Alemanha) a receber salários mais altos do que nos seus países. E as empresas daqui tendem a contratar essas pessoas porque têm de lhes pagar menos do que a nós. Ainda assim, não há trabalho precário no Luxemburgo, apenas casos pontuais de empregadas domésticas, e os estágios são sempre remunerados.”

Salário Mínimo 1757,56 euros
N.º licenciados 4 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 17,4% Jan.11



Letónia: Haralds Breikšs, 21 anos

“Sou estudante e para ser sincero não faço a mínima ideia sobre o que quero fazer quando acabar o curso, neste Verão. Gostava de trabalhar numa instituição europeia ou numa organização não governamental. Tenho tido alguns trabalhos em part-time que dão o suficiente para poder sair à noite e divertir-me, mas não para poder sobreviver sozinho. Não sei bem quanto poderei ganhar quando acabar o curso que estou a tirar na Holanda. Penso que na Letónia não dão muita importância aos teus estudos, o principal factor para empregar é a experiência e as tuas skills. Há muitos especialistas em tecnologias que ganham bons salários sem nunca terem estudado, tendo aprendido tudo sozinhos. E também temos o problema do emprego ilegal. Penso que metade dos empregados são ilegais e não pagam impostos. A outra metade é semilegal, parte do salário é pago por baixo da mesa. Acho que devia ser introduzido um sistema de salário mínimo com base na idade, isso levaria os empregadores a escolher pessoas mais novas, para pagarem menos. Se estivesse desesperado também ia protestar para a rua."

Salário Mínimo 282 144 euros
N.º licenciados 28 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 33,3% Nov.10



Polónia: Olga Podsiadlo, 26 anos

“Terminei a licenciatura em Sociologia e agora estou a fazer uma pós-graduação em Musicoterapia. Entretanto, arranjei um emprego de seis horas por dia num jardim-de-infância e ainda trabalho uma vez por semana com crianças autistas, de forma voluntária. Para ganhar uns trocos faço um part-time num hostel, sem contrato. Tenho três empregos, mas não chega para viver sozinha, ainda vivo com os meus pais – é ridículo, não é? Não sei bem o que quero fazer, talvez criar um negócio meu. As coisas pioraram muito na Polónia no último ano. Muitos dos meus amigos não têm emprego, está a tornar-se moda trabalhar sem receber. A crise está a chegar. O ensino é péssimo, acaba-se o curso sem saber o que é preciso. Não temos estágios durante as licenciaturas e saímos sem experiência, mas as empresas não empregam pessoas sem experiência. Devia haver mais apoios aos projectos inovadores dos jovens e menos burocracia para criar uma empresa. Se houvesse uma manifestação como a de Portugal, iria aderir ao protesto.”

Salário Mínimo 344.972 euros
N.º licenciados 514 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 24,9% Jan.11



República Checa: Martin Veselka, 23 anos

“De momento ainda estou a acabar a universidade: estudo Filologia Checa e estive em Erasmus a estudar Filologia Polaca e Alemã. Pretendo continuar a estudar até ao doutoramento e por isso ainda não pensei em procurar emprego. Quando começar a trabalhar espero ganhar 20 mil coroas checas (815 euros). Para quem não é preguiçoso e tem uma boa educação penso que é fácil conseguir um emprego bom. Mas claro que é difícil encontrar o chamado emprego de sonho, isso não é para todos. Em relação às condições de trabalho, são boas para quem é bom no que faz, aí há possibilidade de se ficar por tempo indeterminado, caso contrário fazem-se contratos de um ano e há mais insegurança sobre se depois disso se consegue ficar. Não me parece que o Estado possa ser responsável pelos jovens encontrarem trabalho. Cada um deve ajudar-se a si próprio e procurar emprego por si. Além disso, quando se procura um emprego fixo já não se é assim tão jovem.”

Salário Mínimo 326 576 euros
N.º licenciados 113 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 17,9% Jan.11



Eslovénia: Jan Sibincic, 28 anos

“Estudei Direito e trabalho num escritório de advogados. Felizmente tive sorte e nunca estive desempregado. Mas as coisas aqui na Eslovénia não estão fáceis para os jovens de cá e piores ainda para os estrangeiros. Por exemplo, a minha namorada já acabou o curso há algum tempo e não consegue encontrar emprego. Tem enviado currículos, vai a entrevistas e nada. O salário médio de um jovem licenciado ronda os 700/800 euros, mas o problema é que arrendar casa é caro e se a isso somarmos as despesas com o carro e alimentação o dinheiro não chega. É praticamente impossível vivermos sozinhos e sermos completamente independentes. Aqui, para sobreviver, ou ficamos em casa dos pais ou dividimos casa com outras pessoas na mesma situação. Não aconselharia a um jovem português vir para a Eslovénia à procura de emprego. Além do problema da língua, eles preferem dar emprego aos jovens de cá do que a estrangeiros, o que é compreensível. Claro que é sempre possível encontrar trabalho num café ou restaurante, mas não é isso que a maioria dos jovens licenciados procura quando emigra. Pelo menos a longo prazo.”

Salário Mínimo 221 165 euros
N.º licenciados 25 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 16,1% Dez.10



Roménia: ALINA IONESCU, 30 anos

“Estudei no estrangeiro, estive a trabalhar na empresa de engenharia do meu pai e actualmente estou numa empresa de auditoria e consultoria. As coisas correm bem, mas planeio ir à procura de um emprego melhor no estrangeiro e juntar dinheiro, para voltar à Roménia e criar a minha empresa. As coisas aqui são muito cíclicas em termos de mercado de trabalho: entre 2006 e 2008 era fácil arranjar emprego, mas actualmente a economia está lenta, as empresas não estão a expandir-se e torna-se muito difícil singrar. E as empresas mais antigas não oferecem muitas oportunidades aos jovens. Aqui o governo não está numa má posição, mas o sector privado foi bastante afectado [pela crise] – sobretudo provocado pelo sector imobiliário – e temos perdido bastante em termos de competitividade. Para já não há tradição de estágios não remunerados, mas as coisas estão a mudar. Acho que o mercado devia ser flexibilizado e a legislação facilitada, para encorajar o empreendedorismo. E também devia haver investimento na Educação, que precisa de ser melhorada.”

Salário Mínimo 16 385,86 euros
N.º licenciados 331 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 21,7% Nov.10



Áustria: Viktoria Schurmann 21 anos

"Sou fotógrafa. Estou prestes a abrir o primeiro estúdio, espero que as coisas corram bem e cresçam. Abri a minha empresa assim que acabei o curso, na Die Graphische em Viena, há dois anos. O primeiro emprego que tive foi um serviço de três horas para uma empresa que me pagava 300 euros, o que era muito bom. Mas cedo percebi que a maioria dos empregos não funciona assim. Agora os meus rendimentos não são iguais todos os meses, por isso muitas vezes tenho que trabalhar num bar ou distribuir panfletos para fazer mais algum. Penso que será mais fácil encontrar um emprego aqui do que em Portugal, até porque na área cultural conseguimos muitos apoios. O principal problema são as rendas, que são altíssimas, tens de viver com os teus pais. Em estágios é comum trabalhares 40 horas por semana e receberes 300 euros, ou seja, não podes ser estudante porque não terias tempo, mas também não podes ser independente, ninguém consegue viver com esse dinheiro, é um crime.

Salário Mínimo 1000 euros
N.º licenciados 93 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 8% Jan.11



Dinamarca: Marie Espensen, 22 anos

“Interrompi os estudos para viajar. Quando me licenciar quero trabalhar numa ONG, na Dinamarca ou fora. É possível ser independente, arrendar casa e pagar despesas. Os nossos salários são elevados, cerca de 4 mil euros/mês, e em média pagamos 37% de impostos. Mas não é a melhor fase para encontrar emprego. Muitos funcionários públicos foram despedidos, os artesãos estão a passar um mau bocado e os licenciados não conseguem um emprego imediato. A crise afecta os jovens. Vários universitários devem adiar os estudos porque não é um bom momento para os terminar. É normal trabalhar sem receber dinheiro durante a universidade e nos primeiros tempos de trabalho. E há empresas que não contratam assalariados. Mas a Segurança Social cobre todos os cidadãos, sem excepção. Devíamos investir em inovação e no sector público, torná-lo eficiente. Mesmo assim, só participava numa manifestação se o país ficasse pior do que está.”

Salário Mínimo 1326 euros
N.º licenciados 64 mil (2008)
Taxa desemprego jovem 13,5% Jan.11

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Mensagem por Vitor mango Dom Mar 27, 2011 11:30 am

muito interessante o estudo em causa

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