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A hora do populismo

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Mensagem por Viriato Ter Abr 26, 2011 3:50 am

A hora do populismo

Rui Herbon

Não há um governante europeu que hoje se sinta seguro no seu posto: todos, de esquerda ou direita, se dispõem a pagar o preço da crise ou estão a pagá-lo com suma crueldade nas sondagens. Mas as últimas eleições na UE sugerem o começo de uma mudança mais profunda: a aparição e crescimento de partidos que comem o espaço e a presença institucional das duas forças que tradicionalmente se alternam no poder: conservadores e sociais-democratas. São os Verdes alemães que conquistam um estado federado; a Frente Nacional de Marine Le Pen, em França, que tira terreno a Sarkozy e condiciona o seu discurso; e os surpreendentes Verdadeiros Finlandeses, que emergem com cerca de 20% do eleitorado.

Isto significa que sabemos como é a Europa política de hoje, mas a da próxima década é uma grande incógnita. A mensagem de fundo é: vocês, conservadores, esgotaram o modelo capitalista e não sabem renová-lo, e vocês, sociais-democratas, tão-pouco sabem gerir o Estado Social; há portanto que procurar uma nova via, a terceira via, que foi o sonho de muitos, como Tony Blair, mas que está por explorar, e a extrema-direita é apenas mais um caminho. É essa a crise ideológica do momento.

Teria pouca lógica que Portugal escapasse à tendência geral. E não escapa: quando uma parte significativa da opinião pública considera a classe política o principal problema do país (e até se convocam manifestações contra ela), quer dizer o quê? Exactamente o mesmo que as sociedades europeias que tiveram a oportunidade de votar. Se os portugueses continuam a votar nos partidos de sempre, não é por entusiasmo, mas por razões específicas: pela força absorvente do bipartidarismo e porque a explosão nacionalista noutros países tropeça aqui na decadência da ideia nacional (os portugueses são um dos povos da Europa que em menos conta se tem).

E a extrema direita? De momento está esconjurada. Existe um pensamento extremo, um Tea Party português, mas sem organização como movimento político. Falta-lhe um líder; e aos cidadãos sobra-lhes memória histórica do fascismo. Em seu lugar assistimos ao florescimento do populismo. Sarkozy molda as suas iniciativas aos passos de Marine Le Pen, e os partidos portugueses movem-se em função dos impulsos populistas que captam na sociedade. É a sua forma de sobrevivência. O PCP e o BE são populistas quando fazem crer que é possível uma solução fácil para o problema da dívida. O PS é populista quando se atribui o monopólio do Estado Social. O PSD é populista quando atribui exclusivamente ao governo o desemprego e a crise. O CDS é populista quando faz determinadas afirmações sobre os subsídios sociais e a imigração. E há um populismo subjacente na sociedade perante a mesma imigração, o euro, o subsídio de desemprego, o funcionamento da justiça ou os privilégios da classe política. A dúvida de futuro é se esse populismo inoculado nas veias do país será a antecâmara de algo muito pior. Na Europa já é.
Viriato
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