Mário Soares: Depois das eleições "tudo vai ser diferente e muito pior"

Mário Soares: Depois das eleições "tudo vai ser diferente e muito pior"
31 Maio 2011 | 10:56
Jornal de Negócios Online - negocios@negocios.pt





Antigo Presidente
da República arrasa campanha eleitoral, que está a ser marcada pelas
"intrigas políticas mesquinhas habituais". Mas também Angela Merkel,
aquela que pode vir a ser a "coveira da Comunidade Europeia", não escapa
às críticas.

Mário
Soares lança hoje um ataque duro aos políticos por não estarem a
discutir os temas relevantes para Portugal na campanha eleitoral.

No
artigo de opinião semanal no “Diário de Notícias”, o antigo Presidente
da República adianta que Portugal “parece deliciar-se com as próximas
eleições legislativas”, pois “não se fala de outra coisa”, numa campanha
eleitoral marcada pelas “intrigas políticas mesquinhas habituais” e em
que se atiram “responsabilidades pela crise” entre os líderes.

“Será
que alguém já pensou ou falou em como iremos acordar no dia 6 de Junho e
como nos confrontaremos com os problemas e com os compromissos que nos
esperam?” Esta é a questão que Mário Soares
coloca, dizendo que a resposta tem sido um “assunto tabu de todos os
partidos”. E nem a forma de concretização das medidas de austeridade
está a ser discutida, garante. “Vá-se lá saber porquê...”, sugere.

“Acreditem
os leitores que tudo vai ser diferente, no pós-eleições, e muito pior”,
defende o político. Por isso, acredita que ainda ninguém parece ter
pensado que “talvez que quem ganhe perca, pelo menos a curto e a médio
prazo”.

E enquanto Portugal se “delicia” com as próximas eleições, a União Europeia
vive uma época de “decadência e irresponsabilidade”, com a incapacidade
de “ter a coragem de definir um plano concentrado para defender o
euro”. E, além disso, com a falta de capacidade para “meter na ordem os
mercados especuladores, as empresas de ‘rating’, destrutivas dos valores
éticos essenciais e, em parte, responsáveis pela crise global”.

E o maior alvo da crítica do antigo Chefe de Estado português, além dos políticos portugueses em acção eleitoral, é Angela Merkel,
que contribuiu para a inactividade do espaço comunitário. “A chanceler
Merkel, dado o seu pragmatismo, sem valores nem ideologia, tem grandes
responsabilidades na situação de descrédito que a União Europeia está a
viver”, escreve no “Diário de Notícias”.

Mário Soares acaba
mesmo por dizer que o espaço comunitário tem de mudar, caso contrário,
Angela Merkel ficará na História como a “coveira da Comunidade
Europeia”.

No seu texto, Soares vem ainda em defesa do
primeiro-ministro grego, George Papandreou, que merece que a União
Europeia o ajude, por ser um “político corajoso e impoluto” e por
resistir “com muita coragem e dignidade” à oposição interna e à força
dos mercados. E resume: “[Papandreou] não merecia esta humilhação,
criada pelos erros e os gastos, não incluídos nos Orçamentos do passado,
pelos Governos de Direita”.

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E também diz, que os governos de direita são responsáveis pelos erros e gastos do passado.

Claro que ele fala da Grécia, mas nós sabemos bem onde MS pretende chegar. Afinal, quando é que se decidem a uma auditoria às contas dos Governos de Cavaco Silva?! Já é tempo de se saber, sem qualquer dúvida, que fim levaram os dinheiros comunitários da época, para compreendermos se a sua péssima gestão não estará na base da situação incómoda actual...